16- o navio

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  Quando eu acordei Cody já estava de pé e preparado para ação.

— o que foi?— perguntei com um longo bocejo.

— Peter e Jeannine encontraram alguma coisa— ele me explicou— estão nos esperando no porto.

  Eu levantei e me arrumei devidamente.
Olhei rapidamente o relógio, é 05:57h da manhã.

— Katherine Melissa Whittmore!— minha irmã gritou quando estávamos prestes a sair.

— te espero no carro— Cody sussurrou e saiu.

  Eu me virei lentamente e pude ver Catelyn segurando meu vestido manchado de sangue. Eu não faço ideia de como ela o encontrou, eu enfiei ele no cesto de roupa dentro de um saco preto e a vez dela lavar a roupa é só semana que vem.

— você pode me explicar que droga tá acontecendo?!— ela pediu brava— você agora está andando com o Peter Bullet, sai em missões secretas com o Cody e esconde roupas sujas de sangue.

— você não entende isso.

— o que eu não entendo, Katherine?— ela jogou o vestido no chão com força— eu investiguei o histórico de​ Allan Casanova e descobrir que ele não é quem diz ser.

— isso eu já sabia— eu murmurei.

— e ontem você não chegou com Cody, foi com o irmão dele.

— Catelyn, eu sei que você está chateada, mas agora não é o momento certo— eu interrompi o sermão dela— sinto muito, mas eu preciso ir.

  Eu saí de casa, mas continuei escutando Catelyn gritando o meu nome.
Entrei no carro e mandei Cody ir.

  O caminho até o porto foi silêncio total, acho que Cody não quer se meter nos meus assuntos com minha irmã.

  Quando chegamos, vimos Peter e Jeannine conversando com um homem velho de barba grisalha, ele está usando uma camisa com estampa xadrez encardida.
Descemos e fomos de encontro a eles.

— ... Isso é tudo o que eu sei— o homem falou e Peter agradeceu pela informação.

  O velho se afastou e foi ajudar outros homens que estavam descarregando um navio.

— e então?— olhei para Peter esperando uma resposta.

— Courtney veio pra cá ontem a noite. Ela falou com algumas pessoas e depois todos eles foram embora— Peter nos contou— eu perguntei para o velho se ele viu alguma coisa estranha, e ele disse que aquele navio...— Peter apontou para um navio um pouco distante do porto— está ancorado aqui tem três meses.

— e o que tem de estranho nisso?— Cody indagou.

— Nisso não tem nada, mas nos gritos que o velho alega ter ouvido— Cody estremeceu com a afirmação de Peter.

— e vamos invadir um navio no oceano Pacífico— Jeannine falou a ideia em voz alta— o que pode dar errado?

  Peter pagou um dos homens do porto para nos emprestar um barco, ele pagou uma taxa a mais para o homem ficar de boca fechada.

Depois de entrar no navio, nos separamos. Cody e Jeannine foram juntos, eu estou com Peter.

— o que tá rolando?— Peter perguntou logo atrás de mim.

  Nós estamos no andar de baixo do navio, cada um com uma laterna tentando encontrar alguma pista.

— nada— respondi evitando render conversa.

— Katherine, te conheço tem uns anos, eu sei quando tem algo errado.

  Eu me virei e mirei a laterna no rosto do Peter. Os olhos esverdeados dele ganharam um belo contraste.

— Catelyn está desconfiada— falei com um tom de preocupação— ela descobriu sobre os Parker, provavelmente pelo instituto. E agora ela também não confia mais no Cody, ela encontrou meu vestido... eu tenho medo que ela se machuque— Peter me abraçou, ele sempre foi como um irmão mais velho— meus pais ajudaram as pessoas da mansão dourada, mas Catelyn nunca acreditaria numa só palavra que Troy dissesse.

— sua irmã segue muito as regras, Kath, e isso que a impede de ver a verdade— Peter se afastou e segurou meu ombro— depois disso tudo nós dois vamos falar com ela.

  Nós continuamos procurando respostas, mas não encontramos nada além de caixas velhas.

— Katherine! Bullet! Venham ver isso— ouvimos Jeannine gritar.

  Peter e eu corremos para cima. Encontramos Jean e Cody numa sala cheia de papéis pelo chão, computadores e mapas marcados com caneta vermelha.
Pela zona que esse lugar está alguém saiu daqui às pressas.

— o que é isso?— Peter perguntou para Cody, que está com alguns papéis na mão.

— vejam isso— Cody foi até uma mesa e espalhou todos os papéis, eu não entendi o que ele estava tentando mostrar— isso aqui é uma lista de sequestros. Numero três, Andrea Sanchez...— Cody começou a citar— numero dez, June Keller.

— procura o arquivo de Ezequiel— eu pedi.

— aqui— Cody folheou as páginas— número dezessete, Ezequiel Schmidt. A cobaia lobisomem mostrou ser uma falha nos testes e foi devidamente descartado.

  Cody continuou lendo os arquivos, mas outra coisa me chamou atenção.
Uma caixa com a palavra "confidencial" escrita na lateral.

— eu acho que isso é importante— peguei a caixa e coloquei em cima da mesa.

  Eu abri a caixa e peguei duas pastas amarelas que estavam meio empoeiradas.

— número um...— os três caçadores começaram a me ouvir atentamente— Diego Jones. A cobaia humana avançou no teste, mas foi considerado uma falha pelo comportamento agressivo e a incapacidade de retornar a forma humana.

— Diego Jones, esse era o nome do gigante— Cody disse com pesar— ele foi descartado sem ajuda.

— o próximo é o número zero. Álvaro Calmon. A cobaia mostrou avanço no início dos testes, mas nas semanas seguintes, falhou.

  Ficamos em silêncio.
A primeira coisa que sabemos do número zero é que ele é um lobisomem e que é uma falha.
Não chegamos a lugar nenhum com isso. Esses papéis não ajudaram em nada.
Continuamos no ponto de partida.

— precisamos encontrar o número zero, só ele vai realmente nos dar uma informação concreta— eu falei.

— gente, olha isso— Jeannine começou a ler outros papéis— são as próximas cobaias. Pessoas que serão sequestradas.

   Eu peguei os​ arquivos na mão de Jeannine e comecei a ler.
Meu coração parou quando eu vi um nome muito familiar.

— Vanessa Parker— falei em voz alta. Cody veio para meu lado e conferiu— é a data de hoje. Vão pegar ela.

— SOCORRO!— um grito estridente ressoou pela sala— tem alguém aí? Eu preciso de ajuda!

  Peter foi até um armário que estava no canto da sala. Era de dentro dele que vinha a voz.
Jeannine tirou uma pistola da cintura e apontou para o armário.
Peter abriu a porta e vimos o dono da voz.

  Um garoto com seus vinte e dois anos, com a pele suja e sangue seco no canto da boca.
Ele provavelmente foi torturado.

— precisamos sair, agora!— ele falou desesperado— tem uma bomba.

— como assim?— Cody indagou.

— sabiam que vocês viriam— ele explicou— me tirem daqui, por favor.

  Peter e Cody ajudaram o garoto, depois saímos correndo do navio, mas não conseguimos entrar no barco a tempo.

  O navio explodiu nos jogando pelos ares.
Caímos na água antes da segunda explosão nos atingir.
Agora eles sabem da gente. Sabem quem somos e pretendem nos matar.

ANOITECER: os caçadores de lobisomens (1° Versão - Rascunho)Onde histórias criam vida. Descubra agora