25- nova América

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  Dois dias se passaram desde meu rosto aparecer na TV.
Eu não sei o que mudou em mim, mas agora eu me sinto bem e forte. Muito forte. Eu não me lembro da sensação de dias atrás, é como se minha mente tivesse descartado todas elas.

  Agora eu estou treinando com Peter, Tyler e Lorenzo estão observando. Eles acham que eu não deveria estar de pé me exercitando ainda, mas eu não penso assim, estou vencendo Peter facilmente.

— qual é, Bullet! Katherine está te fazendo de saco de pancadas— Tyler falou contendo o riso.

— eu acho que você deveria descansar— Catelyn falou quando se aproximou.

  Peter parou imediatamente.

— eu estou bem— falei.

— você pode voltar depois do café da manhã— Catelyn disse e voltou para dentro.

  Seguimos ela, afinal, é bem melhor treinar de barriga cheia.
Tem pessoas conversando e comendo na cozinha, a mesa já está com todo os lugares ocupados e o resto que não coube aqui está na sala.

  O Sr. Parker está em um canto conversando no telefone, eu não sei do que se trata mas ele parece estar preocupado.

  Eu peguei duas torradas e um copo de suco de manga e fui para a sala, sentei-me ao lado de Ezequiel no último degrau da escada.

— por que está aqui sozinho?— perguntei a ele.

— Julian está tentando convencer Samira a se juntar a nós— ele respondeu— eu quero ir busca-la, mas ela insiste que é muito perigoso.

  O Sr. Parker se aproximou com uma expressão séria, acho que não deu muito certo a ideia de convencer Samira.

— sinto muito, Ezequiel, mas sua tia não quer que você saia daqui— Julian entregou o celular para Ezequiel e saiu.

— Katherine, que tal a gente ir ver como está as ruas de Long Beach?

  Levantamos da escada discretamente e saímos para fora, Ezequiel já estava com a chave do carro no bolso.
Ele não acelerou muito para não chamar atenção, e deu certo, pelo que parece ninguém percebeu nossa saída... Ou quase.

  Quando estávamos prestes a entrar na rodovia, Ezequiel pisou no freio bruscamente, sorte que eu coloquei o sinto.
Minha irmã e o Tyler estão parados impedindo nossa passagem. Como eles chegaram aqui tão rápido?

— desse do carro agora, Katherine— Catelyn mandou.

  Eu desci do carro preparada para a maior bronca da minha vida. Sei que não é certo fugir dessa maneira, mas eu não acho seguro deixar Samira sozinha no meio dos inimigos. Ela é a única coisa que Ezequiel tem.

— você pode me levar de volta, mas deixa ele ir— pedir a minha irmã.

— eu mandei você descer porque​ eu vou na frente— olhei para Catelyn confusa com a declaração— não podemos deixar Samira... ela meio que salvou minha vida.

— e precisamos ver o que tá rolando na cidade— Tyler falou— vamos lá salvar o dia... Ou ferrar tudo um pouco mais.

  Sorri com as palavras de Tyler.
Entramos no carro, Catelyn na frente como pediu, e Ezequiel voltou a dirigir.

— eu ainda não entendi como vocês nos alcançaram tão rápido.

— somos lobisomens, Kathzinha— Tyler disse como se fosse muito óbvio— e sua irmã ta ficando realmente boa nisso.

— por que Lorenzo não veio também?— perguntei e Catelyn encarou Tyler pelo retrovisor.

— vamos deixar meu irmão fora disso, ok? Você sabe como ele é fissurado em te proteger.

— é verdade— Cate concordou— e, afinal, por que Lorenzo tem esse instinto de proteger Katherine?

— é muito estranho, mas os antigos contavam que os deuses, ou sei lá o que, designavam uma única pessoa para um lobisomem amar na vida...— Tyler contou— ele tem a necessidade de proteger essa pessoa escolhida e blá, blá, blá.

— você já amou alguém?— eu perguntei a ele.

— não tenho tempo para esses melodramas tediosos— Tyler revirou os olhos.

  Ezequiel entrou nas ruas da cidade e deixamos a conversa de lado.
Ele dirigiu evitando o centro da cidade, não demoramos para chegar até a casa de Samira.
Quando estacionou, ele pegou o celular e começou a ligar para alguém.

— o que você tá fazendo?— Tyler perguntou a Ezequiel.

— não podemos descer do carro, então eu tô ligando para minha tia— ele respondeu.

  Samira atendeu e Ezequiel contou onde estávamos. Não demorou até ela vim nos encontrar com a expressão de raiva no rosto.
Catelyn saiu do banco da frente e sentou ao meu.

— vocês tem merda na cabeça!— Samira gritou quando entrou no carro— eu disse que não era pra vim, como vamos sair agora?!

— se você parar de gritar vai ser de grande ajuda— Tyler falou colocando a cabeça entre os bancos dianteiros. Samira olhou pra ele irritada— ou pode continuar. Quem se importa de ser morto por uma flecha ou talvez facas. Katherine usa facas.

— cala a boca, Tyler— eu mandei.

  Ezequiel voltou a dirigir, mas dessa vez a rua por onde viemos estava fechada. Ele fez a volta e a única opção é ir pelo centro da cidade.

  A avenida está com vários carros estacionados nas ruas. Em cada esquina tem um blindado com caçadores armados.
Continuamos o trajeto com os vidros totalmente fechados e Ezequiel dirigindo bem devagar.
Na próxima rua há uma fila com pessoas fazendo algum tipo de teste. Nossa sorte é que os outros carros deixa o nosso bem despercebido.

— o que é que tá acontecendo?— eu indaguei.

— eles estão testando todos na cidade. Separando os sobrenaturais dos outros— Samira explicou— o acônito revela nossa verdadeira identidade.

  Perdi as pessoas de vista a medida que o carro se distanciou, mas isso não foi um problema, pois na próxima rua havia outra fila.
Dessa vez com pessoas de joelhos e mãos na cabeça.
Atrás de cada um há um caçador, eu até reconheci um deles, o Jason.
Eles sacaram as armas, engatilharam-as e apontaram para os reféns. Em poucos segundos eles atiraram e todos os corpos se chocaram no chão sem vida.

— para o carro!— eu pedi.

  Encostei a mão no vidro e fiquei observando todas aquelas pessoas inocentes sendo mortas.
Lágrimas escorreram pelo meu rosto e uma dor tomou conta do meu corpo.

— por que eles fizeram aquilo?— eu perguntei chorando.

— porque eram lobisomens— Samira respondeu.

— por que ninguém faz nada? Onde estão as autoridades?

— eles são as autoridades agora, Katherine, essa é a nova América que Courtney Pierce quer construir. Com soldados armados dizimando nossa raça e a arma surpresa pronta pro combate quando alguém se submeter— Samira esticou o braço e tocou meu ombro— o nosso dever é impedir isso.

  Ezequiel voltou a dirigir, dessa vez mais rápido que antes.
A imagem que eu visualizei minutos atrás se repete várias e várias vezes em minha mente.
A arma surpresa deles são os experimentos como eu.

— droga!— Ezequiel ralhou— eles estão no seguindo. O que faremos agora?

  Não estamos mais na cidade, mas um carro blindado vem em nossa direção em alta velocidade.

— o que resta a se fazer é lutar— eu falei— não podemos deixar eles encontrarem os outros.

  Ezequiel encarou Samira e ela balançou a cabeça aprovando minha​ideia. Ele parou o carro e descemos.
O blindado parou há alguns metros e dez caçadores desceram, entre eles, Jason.

— sente- se bem?— Catelyn sussurrou.

— como nunca me sentir antes.

ANOITECER: os caçadores de lobisomens (1° Versão - Rascunho)Onde histórias criam vida. Descubra agora