Capítulo VI

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Adrien

Aquela noite foi a pior da minha vida. Pior do que levar um tiro no peito.
Jamais poderia culpar a Deus pelo ocorrido, mas não entendia o plano para tudo aquilo.
Eu estava exausto. Completamente cheio.
Saí do hospital e fui direto para casa. As ruas não estavam tão movimentadas, então pude chegar em menos de dez minutos.

— Senhor Agreste — Nathalie veio até mim assim que me viu entrar.

— Agora não, Nathalie — a dispensei com um gesto com uma das mãos e fui em direção à cozinha.

Parei imediatamente quando vi a tigela de vidro sobre o balcão de mármore vermelho. A tigela estava cheia de abacaxis. Isso me levou rapidamente àquela cena na biblioteca esta manhã...com Chloé.

Cerrei os punhos e fechei os olhos, na tentativa de afastar aquele pensamento terrível da minha mente.

Peguei uma garrafa de uísque na geladeira e levei para o jardim dos fundos. Me sentei num banco de madeira na frente da piscina e comecei a beber direto no gargalo.

— Filho...

Limpei o canto da boca e virei a cabeça para o lado da porta de vidro. Lá estava minha mãe. Ela me olhava com aqueles olhos verdes tristes. Sacudi a cabeça e pedi para que ela se sentasse ao meu lado.

— Se sente melhor?

— É uma pergunta um tanto idiota de se fazer. — falei enquanto tomava mais um gole.

— Eu sei — suspirou. — Quando seu pai se foi, Adrien, eu também fiquei nesse estado.

— Mas o papai estava doente — a encarei, irritado. — A Chloé e meu filho morreram! Por um imbecil que não sabe dirigir!

— Não sabemos como foi.

— Tem razão. Mas, mesmo assim, ele não prestou socorro. Acho que eles poderiam ter tido alguma chance de vida se...se ele tivesse tido piedade.

Ela suspirou e colocou a mão sobre meu ombro de maneira gentil.

— Acho melhor você descansar um pouco.

— Não consigo dormir, mãe. Nosso quarto... — abaixei a cabeça. —...meu quarto, na verdade... está cheio de coisas dela. Desde roupas e sapatos até suas pinturas na parede de arte do quarto.

Mamãe abaixou a cabeça e mordeu o lábio inferior. Ela não sabia mais o que dizer, e nem sabia se deveria dizer algo.

— Vou dormir aqui hoje. — concluiu.

— Tem a cama de babá no quarto do... bebê.

Falar o nome"bebê" fez minha boca amargar. Me levantei me despedindo de minha mãe e subi as escadas até meu quarto.

A primeira coisa que vi assim que entrei no cômodo, foi o quadro meu e de Chloé no chá de bebê, que estava sobre a escrivaninha. O peguei nas mãos e o olhei por vários minutos. Chloé estava tão radiante naquele vestido verde soltinho e sua gladiadora marrom. Seu lindo cabelo loiro estava solto em volumosos cachos brilhantes que caíam sobre seus ombros descobertos.

Minha Pequena Emma - MiraculousOnde histórias criam vida. Descubra agora