Capítulo 29

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Pelo fim da tarde, ela chegou ao seu prédio um pouco cansada. Tomou o elevador e ao sair pegou as chaves para abrir a porta. No entanto, reparou que havia algo errado, a porta já estava aberta. Alguém havia invadido.

Mackey entrou em alerta e sacou a pistola que carregava, abriu a porta um pouco e colocou a arma à frente do corpo, preparada para atirar, porém, quem surgiu em seu campo de visão foi Lana, que estava com um copo de vinho na mão.

Ela se assustou com a irmã e logo levantou as mãos, gritando:

— Calma aí! Não precisa atirar, não foi para tanto!

Mackey abaixou a pistola rapidamente e a deixou de lado, esbravejando:

— O que faz aqui?

— Vim visitar minha irmãzinha. Não posso?

— Para de brincadeira, Lana, fala de uma vez o que quer.

— Vim passar um tempinho aqui.

Ela estava perto o suficiente para Mackey lhe acertar um soco, gritando:

— Ficou maluca? Como você aparece aqui desse jeito?

Lana não saiu por baixo, acertou a irmã com força e o que se seguiu foi uma troca de socos. As duas rolaram pelo chão por alguns minutos, até Lana conseguir imobilizar a irmã no chão.

— Ali, para com isso! – Gritou Lana – Eu não quero te bater, só quero conversar.

— Eu disse que se aparecesse aqui de novo, eu iria quebrar sua cara. – Esbravejou Mackey.

— Para que tanto rancor de mim? Eu só quero uma oportunidade de conversar.

— Você nunca quer conversar, tem algum interesse por trás.

Mackey tentou se soltar de novo, mas não conseguiu, ela se debatia, mas Lana por incrível que pareça conseguiu segurá-la.

— Ali, para de se debater, vai se machucar. Ali!

— Para de me chamar assim!

— Tudo bem então. Alexia, para quieta. Não quero te machucar.

Mackey parou de se mexer. Lana havia dito se primeiro nome! E há quanto tempo ela não o ouvia?! Talvez ela tenha até mesmo esquecido.

Lentamente Lana foi soltando a irmã e disse:

— Eu vou te soltar, mas se voltar a me bater não vou pensar duas vezes antes de te nocautear. E você sabe que eu consigo.

Logo as duas estavam de pé novamente, Lana observou, com certo pesar, o vinho que tinha caído no chão e agora manchava o carpete de Mackey. Ela bufou, contrariada, e se jogou no sofá.

Sua irmã ainda continuava de pé a encarando.

— Ninguém me chama de Alexia faz anos.

— Claro! Porque ninguém na sua “agência” sabe seu primeiro nome. – Respondeu Lana, irritada.

— Por que voltou para a cidade?

— Você mentiu para mim, Alexia.

— Não muda o rumo da conversa, Lana. Por que voltou?

— Quem está mudando o rumo é você! – Gritou Lana se levantando e apontando para Alexia – Todo esse tempo eu achei que você trabalhava para o exército. Eu fui uma idiota achando que pelo menos minha irmã não tinha seguido um rumo tão torto quanto o meu, que você era a certinha da história. Mas olha só como me enganei! Minha irmã é uma assassina!

— E você acha que gosto disso? – Gritou Alexia de volta – Acha que gosto de matar pessoas?

— Então por que continua nisso?

— Porque eu não consigo viver sem isso, Lana... Eu não consigo imaginar minha vida fora disso. Eu não sou paga para matar, sou paga para proteger a população, paga para evitar que inocentes se machuquem e fiz disso um propósito para minha vida. Eu evito ao máximo matar pessoas, porque mesmo tendo uma alma tão obscura, ainda valorizo a vida, mas quando alguém me oferece perigo eu só faço a escolha que qualquer um faria!

— Está errada... Sua alma não é obscura. Nunca foi, e por mais que essa seja a impressão que você tente passar, eu não acredito. Os outros talvez sim, mas eu te conheço o suficiente para saber que é a melhor de nós duas. – Respondeu Lana brandamente.

— Por que voltou? Suas falsificações deram errado? – Questionou Alexia desviando do assunto.

Lana abriu um sorriso sarcástico e se sentou no sofá novamente, pegou a bolsa que estava de lado e de lá tirou um maço de cigarros e um isqueiro. Acendeu um cigarro, dando uma tragada, e respondeu:

— Meus negócios estão indo muito bem. Eu só precisava de um tempo mesmo...

— E veio justo para cá?

— É o único lugar que tenho.

— Você sumiu por três anos, nunca me deu uma notícia e agora volta querendo abrigo?

— Eu sabia que você ficaria bem... E você sabia que eu ficaria bem.

— Não sei ao certo se você ficou bem mesmo. Adquiriu esse hábito horroroso de fumar. – Respondeu Alexia tirando o cigarro da boca da irmã.

— Ei! Eu ainda não acabei.

— Nem vai acabar. Isso está proibido na minha casa. Até parece que não aprendeu com o exemplo da nossa mãe. Essa coisa a matou.

— Falando nisso, seríamos uma família perfeita. Uma filha falsificadora e a outra assassina. A velha ficaria orgulhosa. – Disse Lana, com sarcasmo.

— Considerando que ela era tão mentirosa quanto nós, acho que sim.

— Do que está falando?

Alexia suspirou fundo, e foi em direção ao quarto, poucos minutos depois voltou com uma pasta na mão e entregou para a irmã.

— Pouco depois daquela briga que tivemos, que você disse que queria saber quem era nosso pai, eu decidi pesquisar um pouco sobre a vida da nossa mãe, quem sabe poderia ter pistas. – Lana abriu a pasta e começou a olhar todos os documentos ali presentes, enquanto Alexia continuava – Descobri que ela trabalhava na mesma agência que eu trabalho... No mesmo departamento.

— Quer dizer que nossa mãe era uma espiã igual você?

— Exatamente. Ela trabalhou lá de 1980 a 1993, onde ela tirou licença e logo depois pediu demissão, se dedicando somente a carreira de advogada.

— Confesso que estou meio chocada com isso.

— Também fiquei quando descobri... Conhece Russell Gorky?

— Claro que conheço! – Respondeu Lana, levantando os olhos dos documentos – Ele foi um dos maiores traficantes russos, preso em 1993, permaneceu preso por cinco anos, depois fez um acordo de delação e sua sentença foi reduzida. Hoje ele está livre e última notícia que se teve dele é que tem uma imobiliária, ainda assim detém um patrimônio de bilhões.

— Você fez o dever de casa. Pois bem, Russell foi a última missão da nossa mãe, foi ela quem o prendeu. No relatório que eu surrupiei...

— Você não perdeu o jeito, Ali.

Alexia fez uma careta de desgosto e logo esbravejou:

— Não me faça me arrepender de estar compartilhando isso com você, isso são documentos que você nem deveria pôr os olhos.

— Tudo bem, vou ficar quietinha.

— Continuando... No relatório ela descreveu que se infiltrou na casa dele, e sua relação com Russell foi além de... Profissional. Ela se envolveu passionalmente com ele para conseguir informações. Em fevereiro de 1993 ele foi preso, e em abril do mesmo ano ela pediu afastamento da agência. Em novembro ela pediu demissão... Faça as contas.

— Espera... Nós nascemos em novembro, isso quer dizer que em abril, quando ela se afastou ela com certeza já sabia da gravidez, devia estar com dois meses... Se ela se envolveu com Russell... Puta que pariu! – Bradou Lana, saltando do sofá.

— Voilá! – Respondeu Alexia, calmamente, se sentando.

— Está querendo dizer que nosso pai é um famoso traficante russo?

— Tenho quase certeza que sim, não sei se ela se envolveu com outra pessoa na época. Embora...

— Embora o quê?

— Um pouco antes de morrer, ela me disse que conhecer nosso pai não era uma boa ideia, ela o descreveu como um demônio que matou o homem que ela amava.

“Me perdoe se fui extremamente rude com você toda sua vida, Alexia. É que... O simples fato de te olhar me faz lembrar o monstro do seu pai. Seus olhos... São tão cinzas e tão frios como os dele, olhá-los é lembrar o quanto me custou me envolver com ele.” Lembrou Alexia.

Sua mãe parecia realmente repudiar a si mesma por se deixar envolver com um homem tão perverso, ela nunca conseguiu esquecer aquilo que sua mãe lhe dissera, e por mais que não tenha conhecido seu pai, ela odiou ser comparada a ele.

— Então só pode ser ele! – Disse Lana, a tirando de seus devaneios.

— Sim, há uma grande chance de ser.

— Eu sou filha de um bilionário e estou falsificando obras de arte para sobreviver! Isso é meio injusto.

— Você não precisava ter dito isso em alto e bom som, Lana. Me faz lembrar o quanto sou culpada por te acobertar.

— Você me acoberta porque me ama e não sabe viver sem mim.

— Deixa de ser convencida. – Alexia se levantou e foi em direção a cozinha.

Lana seguiu a irmã de perto, a perturbando como sempre fazia.

— Vai me dizer que tem mais coisas? – Quando Alexia apenas a olhou seriamente, Lana desfez o sorriso no rosto e completou, seriamente – Tem mais coisas? Você sabe de algum risco que corro?

Alexia ainda demorou alguns segundos para falar, pegou um pacote de pão no armário e o queijo que estava na geladeira, e depois de começou a fazer o sanduíche, explicou:

— Há alguns anos, tive uma missão fora daqui. Era uma cidade pequena, no interior. Quando pus os pés naquele lugar eu fui presa, e nem mesmo sabia porquê, temi que tivesse sido descoberta antes da hora, mas fiquei sabendo que a acusação sobre mim era outra. Dois dias antes de eu chegar, o museu da cidade tinha sido furtado, uma das câmeras flagrou a criminosa, que por incrível que pareça era idêntica a mim.

— Ops... – Respondeu Lana, encolhendo os ombros – Me desculpe, Ali, não quis te colocar nessa situação.

— O problema não foi me colocar nessa situação, Lana, o problema foi seu ato. Isso é crime! Eu fiquei dois dias em uma penitenciária, até meu departamento me tirar de lá. Sabe o que aconteceu? Eu fui humilhada e espancada, sequer pude reagir para não entregar quem eu era de verdade... Eu só pensava que eu poderia aguentar aquilo, mas você... Por mais durona que seja, Lana, você não aguentaria. E se você fosse para lá, o remorso de ter deixado isso te acontecer me consumiria dia após dia, porque você é a única família que eu tenho.

— Ah, Ali... – Lana abraçou irmã fortemente, mesmo sabendo o quanto ela se incomodava com aquilo – Eu vou dar um jeito de não precisarmos de nada disso mais.

— O que vai fazer?

— Falar com nosso pai!

— O quê?! Ficou maluca?

— Maluca eu seria de ter um pai bilionário e deixado isso escapar.

— E vai chegar lá e dizer o que? Oi, pai, sou sua filha perdida?

— Talvez funcione, Ali.

— Não vai funcionar, Lana, o cara é um criminoso, ele vive desconfiado.

— Não se sabe mais sobre as atividades dele, Ali, talvez ele realmente tenha parado.

— E eu sou Madre Teresa de Calcutá! Acorda, Lana. – Ironizou Alexia.

— Quem não chora não mama. – Respondeu Lana, simplesmente, já saindo do apartamento.

— Faça o que quiser então, mas não quero meu nome envolvido nisso. Não quero que ele saiba da minha existência.

— Melhor... Sobra mais dinheiro para mim.

Lana saiu e bateu a porta, enquanto Alexia se apoiava na pia e bufava, contrariada.

Quando sua irmã aprenderia?

"Olá, pessoas! Como vão? Finalmente descobrimos o nome verdadeiro da nossa Mackey!! Me contem o que acharam!!
Bom, tenho um recadinho um pouco tenso para dar. Ontem meu notebook resolveu que era hora de partir e me deixou na mão 💔. Felizmente tenho minhas histórias salvas no One Drive, mas tenho muita dificuldade de escrever pelo celular. Então não sei se semana que vem venho postar mais capítulos, prometo me esforçar para continuar com a história, mas se eu sumir sabem! Por favor, não desistam de mim!🙏🤣🤣. Enfim, agradeço pela leitura!! Abraços!"

Codinome ÁrtemisOnde histórias criam vida. Descubra agora