Capítulo 24.

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Assim que me viro na direção do Dylan, pego o mesmo já olhando para mim, me levando a levantar a sobrancelha em questionamento.

O seu rosto não tem aquele sorriso maroto que só ele sabe fazer, ou aquele olhar convencido. Ele está tenso, o seu cabelo está desarrumado, mas não feio, parece que ele também foi pego de surpresa nessa madrugada, pois o seu rosto amassado o denúncia, mesmo com um cenho franzido e tenso.

—Vamos entrar, está fazendo frio aqui fora.– ele fala baixo em um tom terrivelmente rouco.

Talvez eu tenha uma pequena recaída, um fetiche, por vozes roucas e grossas!

Sem falar nada, apenas confirmo com a cabeça e começo a andar para dentro da casa, mas no meio do caminho eu percebo dois seguranças na entrada do portão. Não questiono em nada, apenas entro dentro da casa e ponho as minhas mochilas em cima do sofá.

Mas é bastante estranho, nunca teve nenhum segurança nessa casa, mesmo ela sendo a maior casa da alcateia, o tio Carlos sempre fala que poderiam lidar com qualquer espertinho que tente invadir a sua propriedade.

Talvez eles tenham levado à sério as invasões dos vampiros em outras alcateias.

Quando era menor já tinha ouvido bastante sobre os seres sobrenaturais que habitam a terra, os vampiros são tão poderosos quanto nós, a única diferencia é que tínhamos um supremo que tinha poder para estar no topo da lista dos sobrenaturais, ninguém conseguia o derrotar, mas poderiam o afetar de uma única forma, a sua companheira, e os vampiros conseguiram essa fatalidade. Com a morte dela, o supremo acabou morrendo dois dias depois, mas não antes de fazer uma grande matança desses seres sanguinários.

Ainda acho extremamente estranho o fato de estar tão ligada a uma pessoa que com a morte dela, você acaba não aguentando o fato de viver sem a sua alma gêmea. Muitos dizem que quando se perde a alma gêmea, uma parte de si vai embora com ela, um grande vazio lhe consome até o dia da sua morte.

Espero nunca sentir esse vazio!

Um acontecimento muito parecido com esse é quando se é rejeitada, a rejeição do companheiro é muito raro porque as pessoas ficam ciente que não iria aguenta tamanha dor.

Pois tem duas alternativas, viver com o sua alma gêmea de forma amorosa ou amigável, decidir não seguir nenhuma dessas duas alternativas é clamar pela dor!

Afasto esses pensamentos da minha cabeça e foco no que realmente importa agora.

—Dylan, eles te contaram alguma coisa sobre o que está acontecendo?– pergunto me aproximando em uma distância razoável.

—Você está com fome?– ele pergunta sem olhar para mim.

—Te fiz uma pergunta primeiro, responda ela por favor, assim irei responder a sua!– falo suspirando, pois sei que ele não irá me contar nada.

—Não é nada que você precise se preocupar.– reviro os olhos por achar essa fala muito igual a dos meus pais.

—Não estou com fome.– respondo a pergunta que ele me fez alguns segundos antes, derrotada, volto para pegar minhas mochilas.

Ainda preciso dormir.

Mas algo chama a minha atenção, algo não. Uma folha, uma folha com as bordas um pouco detonadas pelo tempo, com um tom amarelada, algo está escrito nela, mas não consigo ler por causa da distância que estou. A sua caligrafia parece ser perfeita, não parece que foi escrito por caneta, as letras me parecem ser finas demais para isso.

Caminho lentamente para perto da mesa que ela estar, a cada passo, concluo que ela é muito antiga e muito bem feita. Quando estou prestes a pegá-la, sinto um aperto no meu pulso direito que me impede de tocá-la.

Prendo a respiração ao sentir outra mão apertar o lado esquerdo da minha cintura, consigo sentir a presença do Dylan atrás de mim. O seu aperto no meu pulso direito vai diminuindo e dando início a uma pequena carícia com o seu polegar, avassalando, deixo ele me apertar contra si, como um tipo de abraço por trás, mas muito melhor que ele.

Tenho que admitir, o seu toque é estranhamente prazeroso de se sentir.

—Melhor não mexer com isso.– ele sussurra perto do meu ouvido e deixo a respiração sair.

Em um movimento lento o Dylan solta o meu pulso e sua mão vai de encontro com a carta, pegando a mesma e se afastando de mim.

—Acho que você já sabe perfeitamente onde o seu quarto fica.– confirmo com a cabeça e logo ouço um barulho de porta sendo aberta.

Foco, Emilly, foco!

Saio do meu transe, ainda resfolegando, pego as minhas mochilas, indo direto para a direção das escadas, subo elas com rapidez e logo avisto a porta de madeira branca.

Abro a mesma e encontro tudo arrumado, exatamente da última vez que deixei.

Meu Companheiro Inesperado I (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora