Capítulo 6.

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Mesmo com medo do zelador me pegar dentro do vestiário masculino, adentro o local para verificar se o Pietro realmente não está aqui. O lugar está silencioso e concluo que não há ninguém aqui dentro, o que me deixa frustrada e confusa, já que o Pietro sempre cumpre com os nossos combinados, mas talvez tenha acontecido algum imprevisto.

Vou ter que ir sozinha mesmo!

A única iluminação vem da porta que deixei aberta, me possibilitando ver que no chão tem uma boa quantidade de água espalhada, toalhas estão jogadas nos bancos sem a menor organização, o que me leva a pensar que o vestiário dos meninos é um covil de dessarrumados, tenho pena da pessoa responsável para limpar esse local.

Mordo o meu lábio inferior ao tocar em um único armário aberto desse vestiário e não consigo me conter ao perceber uma familiaridade nas peças de roupas jogadas sem dobrar dentro dele. Pego uma camiseta do time e percebo o nome atrás dela, Dylan.

—Emilly, por que você está no vestiário masculino e ainda por cima mexendo nas minhas coisas?– me assusto com a voz grossa do Dylan atrás de mim, me fazendo dar um sobressalto e jogar a blusa de volta no armário.

Tenho certeza que a minha alma saiu do meu corpo e voltou!

Coloco a minha mão sobre o meu peito e tento regular a minha respiração, mas não adianta muita coisa já que o meu coração ainda está acelerado por conta do susto. Me viro devagar na sua direção, deixando o armário aberto de lado.

—Puta que pariu, Dylan, você quase me mata de susto!

Ele levanta uma sobrancelha e me olha desconfiado, até que ele não está fedendo, os seus cabelos molhados e a suas roupas novas comprovam que ele tomou banho. Pequenas gotas de água estão escorrendo pelos seus fios loiros, caindo sobre seus ombros que estão cobertos pelo tecido da blusa branca.

—Não vai me responder?

—O que eu faço não lhe diz respeito, mas a parte de que estava mexendo nas suas coisas... Você deixou aberto e só queria confirma de quem era aquela blusa!

—Você não estava procurando o Pietro, né?– observo os seus braços sendo cruzados mostrando os seus músculos.

Foco, Emilly, foco!

—Estava, vou embora com ele. Por que o interesse?

O irritante é que o Dylan sempre tenta se intrometer na minha vida, e olha que ele não é nem meu irmão para desempenhar esse papel. Desde pequeno ele ficava grudado em mim para saber o que estou fazendo ou o que estou aprontando, muitas vezes era para me pirraçar com as informações que conseguia. Apesar que eu não era nenhuma santa e sempre conseguia algumas informações para usar quando precisar.

—É porque ele já foi embora, avisei que iria levar você para casa.– saio dos meus pensamentos ao ouvir o que ele disse.

—Você fez o quê? Nem ao menos me perguntou se era isso que eu queria! E eu não irei com você!

Dou o primeiro passo para ir embora sozinha, mas sou impedida pela sua mão que segura o meu braço, e me pegando desprevenida, sou virada rapidamente, ficando em sua frente, em uma distância curta demais.

—Eu estou ficando na sua casa por um tempo, nada mais justo que você vá comigo.– começo a perceber que a sua voz está ficando mais grossa do que o normal e as suas mãos ainda estão me segurando.

Ele está atravessando a minha zona segura!

—Está bem, irei com você, mas me solta, esqueceu da distância? Preciso do meu espaço pessoal!

—Que distância? Essa?

Ele começa a chegar mais perto de mim e começo a recuar para trás, mas sinto as minhas costas irem de encontro com a parede gélida do local, fazendo com que ele consiga me encurrala pela parede, sem me dar chance de sair.

—Dylan, me deixa passar!– exclamo tentando empurrar ele para longe de mim, mas é claro que não obtenho nenhum sucesso.

Ao olhar nos seus olhos me deparo com um olhar estranho vindo dele, não é um olhar que eu possa sentir medo, é apenas um que eu não sei distinguir. Levo as minhas mãos novamente para o seu peitoral, tentando mais uma vez o afastar para me dar chance de poder fugir, mas sua força é maior que a minha.

—O seu cheiro!– ham? Ele bebeu?

—O que tem o meu cheiro?

—Consigo sentir ele mais forte por alguns segundos, mas depois desaparece.

Sinto as suas mãos tirando os meus fios castanho perto do meu pescoço e em um ato involuntário acabo virando o meu rosto para lado, dando mais passagem para ele, sinto a sua respiração e a ponta do seu nariz encostando levemente na pele do meu pescoço, e uma pequena corrente elétrica percorre pelo meu corpo.

Tento mater a postura e interferir o seu ato, mas parece que por alguns minutos não tenho comando do meu próprio corpo, como se ele estivesse conseguido me manter em uma espécie de hipnose.

—A queda danificou o seu cérebro?– falo e em seguida ele se afasta de mim.

—É deve ser isso, vamos embora logo?– ele vai em direção a porta de saída sem nem mesmo esperar alguma resposta, mostrando a sua inquietação.

—Vamos.– sussurro e olho para o armário ainda aberto, me aproximo dele e o fecho.

(...)

O caminho para casa foi silencioso e estranho, sem brigas, sem provocações, só com o Dylan focado nos seus pensamentos, por um momento achei que ele não estava prestando atenção na estrada, mas não queria interferir ele com os seus pensamentos, já que é raro ele raciocinar.

estava vendo as fumacinhas saindo pela cabeça dele.

Assim que ele estaciona, saio do carro, caminhando direto para a porta de entrada e pego a chave do meu bolso, abrindo a porta e passando por ela, clamando pela cama.

Dylan passa por mim sem falar nada e dou de ombros, pois não iria falar boa noite de qualquer jeito. Subo as escadas tentando ser o mais silenciosa possível, apesar dos leves tropeções que acabo tomando no processo e rezo para não acordar minha mãe, pois ela tem sono leve.

Não entendo como consigo ser tão desastrada.

Abro a porta do meu quarto, passando por ela e a trancando, sorrindo ao me lembrar de fechá-la dessa vez. Sem querer tomar mais um banho, já que tomei antes de sair de casa, me jogo na cama e me cubro com o lençol, sentindo a sonolência tomar conta do meu corpo cada vez mais.

Meu Companheiro Inesperado I (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora