Capítulo 39.

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"Sobe em mim, Lobinha!"

Essas palavras, essas benditas palavras que estão fazendo minha cabeça rodar ao tentar achar alguma conexão para os meus pensamentos sussurre elas na minha mente, e com a voz do Dylan.

Pisco algumas vezes tentando confirmar se não imaginei nada, já que na maioria das vezes eu acabo pensando demais e posso confundir a imaginação com a realidade. Mas não foi obra da minha cabeça, pois logo mais palavras aparecem na minha mente.

"Lobinha, confie em mim, suba em cima das minhas costas e se segure."

Aperto os meus olhos bastante confusa, mas não questiono, só caminho para o lado de seu corpo que se abaixa para facilitar a subida. Com cuidado, subo em suas costas, abraçando o seu pescoço, não com muita força, ao perceber ele se levantando.

Tento a todo custo não olhar para baixo e apenas olhar para os seus pelos macios, estou sentindo como se estivesse deitada em um cobertor quente nos dias frientos. Fecho o meus olhos com o meu coração acelerado quando ele começa a correr. Ele não está correndo muito rápido, sei que pode correr mais que isso, mas isso não me impede de sentir medo.

Inspiro e expiro algumas vezes, tentando aproveitar as rajadas de vento no meu rosto, fazendo o meu cabelo balançar com o vento, abro lentamente os meus olhos e fico admirada olhando as árvores passando pela minha volta.
Faz tanto tempo que eu não vinha aqui, depois que me perdi na floresta, nunca tive vontade de voltar a adentrá-la, mais uma vez me arrependi da minha escolha.

Não sei o que se passa na minha cabeça as vezes, nas minhas atitudes. Eu deveria me sentir atraída pela floresta desde pequena, mas os únicos sentimento que tenho ao olha-lá de longe é o desânimo. Só que quando tenho contato com a floresta, quando estou dentro dela, tudo muda completamente.

Talvez o motivo está no jeito protetor dos meus pais em mim deixar sozinha, ou claramente porque ainda não sou uma loba por completo!

Paro de pensar no verdadeiro motivo para não entrar na floresta, percebendo um som de queda d'água e o Dylan diminuindo os seus passos. As árvores que sempre nasciam um pouco grudadas umas nas outras, estão afastadas, ao olhar para o chão percebo a grama verde sendo pisada pelas patas do Dylan, pequenas flores estão espalhadas por várias partes do chão, fico olhando fixamente para baixo, com receio do Dylan pisar nelas e as machucar.

Levanto o meu olhar assim que os passos do Dylan cessam, à minha frente há uma enorme cachoeira, a sua água cristalina desce pelas grandes pedras que formam uma espécie de muralha, enfeitadas com um toque verdes das plantas que crescem sobre as paredes rochosas. Ao descer pelas pedras, as águas se espalham ao seu redor, formando um lago que abriga pequenos peixes visíveis pela tonalidade da água.

Pedras de vários tamanhos se espalham ao redor da cachoeira, perto dessas pedras há grama verde com algumas espécies de flores, umas mais lindas que as outras, encima de uma parte da grama há uma toalha de piquenique azul, com uma cesta grande em cima da mesma.

Abismada com essa visão à minha frente, desço das costas do Dylan, admirando mais o local com um sorriso enorme no rosto. Uma leve risada sai dos meus lábios ao sentir o fucinho gelado do Dylan encostar na minha bochecha.

"Irei me vestir, volto."

Balanço minha cabeça em sinal de confirmação e caminho para toalha de piquenique, sentindo a grama macia conforme ia andando. Me sento na toalha e fecho os meus olhos, sentindo e ouvindo o som da natureza.

Ouço alguns passos vindo na minha direção e abro os meus olhos, me deparando com o Dylan na sua forma humana e com uma roupa em seu corpo, ele se inclina na minha direção, selando os meus lábios em um leve selar, logo em seguida sentando ao meu lado.

—Esse lugar é lindo!– exclamo olhando para cachoeira.

—Imaginei que iria gostar, venho aqui desde pequeno e queria tentar fazer algo legal para você.– olho para ele e o observo tirar algumas gramas do chão com os dedos.

—Eu amei, ainda mais com essa cesta de comida na minha frente.– digo me aproximando da mesma.

—Fui eu que fiz!– ele levanta o olhar para mim com um sorriso convencido no rosto.

—Você que preparou a comida?– pergunto abismada.

—Bom, o meu objetivo era tentar preparar tudo, mas o meu forte não é cozinhar, então acabei comprando a maioria das comidas.– ele fala com um sorriso torto no rosto.

Começo a abrir a cesta, me deparando com vários lanches gostosos dentro dela, retiro os sanduíches que estão embrulhados em um papel alumínio, barras de chocolates, uma vasilha com várias frutas cortadas em diversos tamanhos, salgadinhos, biscoitos, latas de refrigerante, bolo de limão e chocolates cortados em fatias dentro de uma vasilha.

—Experimenta o bolo de chocolate primeiro, fui eu que fiz e ainda não experimentei. O de limão acabei comprando mesmo.

Confirmo com a cabeça e pego os talheres que ainda estavam na cesta, um pouco receosa, ponho uma pequena porção do bolo na minha boca. Mastigo devagar sob os seus olhares ansioso, tento manter a minha expressão neutra ao engolir.

Duvido muito que eu não fique com diabete depois desse pedaço de bolo! Ele colocou quantos quilos de açúcar aqui?

—Ficou bom?

—Quer mesmo a verdade?– pergunto colocando o pedaço de bolo longe de mim.

—Não, você pode mentir mesmo.

—Ficou delicioso, o melhor bolo que eu já comi!– digo cada palavra com um sorriso no rosto.

—Eu sei que ficou delicioso, afinal, fui eu que fiz!

Eu mereço...

Volto a atacar a comida, só que agora sem bolo de chocolate, fecho os meus olhos, mastigando o pedaço de sanduíche e sentindo os raios de sol bater contra a minha pele. Sinto a presença do Dylan se aproximando de mim e a maciez dos seus lábios na minha bochecha.

—Ainda não te dei o seu presente!– abro os olhos confusa com a sua fala.

Isso tudo não é o meu presente?

Desço os meus olhos pelos seus braços até chegarem em suas mãos, onde está abrigando uma caixinha branca entre elas. Os seus dedos pressionam a lateral da caixinha, abrindo ela, me dando a visão de um pingente em formato de uma lua crescente com pequenos cristais a enfeitando, uma pedra em formato de um coração, que contém no meio da lua, está transmitindo uma luz azulada por conta dos raios solar que batem nela e a faz reluzir.

—Ele é lindo!– exclamo em sussurro, olhando para aquela peça abismada por tamanha beleza.

—Essa peça é única e extremamente valiosa, como você!– seguro o meu cabelo quando ele se aproxima para colocar o colar em mim.

Meus dedos percorrem em cada detalhes do colar, sentindo o objeto gélido que me trás uma sensação confortante.

—Obrigada, eu amei ele!– digo ainda admirando a peça em meu pescoço.

Meu Companheiro Inesperado I (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora