Capítulo 19

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Segui Jack até a floresta. Foi um trabalho difícil segui-lo pois tive que desviar de algumas coisas que Jack destruiu pelo caminho mas acabei conseguindo alcança-lo. Ele estava lá destruindo algumas árvores feito um louco. Não havia nada de humano nele... e também nada de biônico... Ele parecia um monstro e quase com certeza... um demônio. Tentei fazer-lo parar ao tentar segura-lo mas ele agiu de forma insana e me jogou novamente para longe. Meu corpo bate fortemente e atravessa algumas árvores. Sinto alguns arranhões pelo meu braço e meu rosto.

- Jack...por favor pare... - tento falar e respirar.

Ele olha para mim e então percebe o que fez. Seus olhos voltam ao normal e seu corpo relaxa para depois ficar tenso. Jack vem até mim e tenta tocar em meu rosto mas não sei o que me deu pois por instinto acabo me encolho de medo. Uma tristeza passa por seus olhos.

- Oh,Alana...me desculpe.

Eu não consegui dizer nada. Algo havia dentro de mim. Era medo,eu estava com medo dele. Estava me sentindo totalmente impotente diante dele. Tão fraca e inútil.

- Por favor Alana...me desculpe. - Seus olhos estão em uma dor profunda.

Eu não respondi. Não sabia o que dizer e para falar a verdade talvez nenhum dos dois sabíamos o que dizer para mudar aquela situação. A forma como Jack estava antes era tão diferente da que eu conhecia. De uma coisa eu soube: ele tinha algo obscuro dentro de si. Algo que nunca revelou para mim. O quê era ele afinal? Rapidamente minha cabeça se enche de perguntas assustadoras. Me levanto meio desnorteada e passo as mãos na minha roupa na vã tentativa de limpa-la. Jack não me encara. Ele olho fixamente para o chão como se isso fosse a coisa mais interessante do mundo. Preciso saber da verdade.

- Você... você tem armas mesmo? - digo ao limpar a garganta.

- Sim... - ele não me olha.

- Criadas pelo meu irmão... - Não era uma pergunta.

- Sim...

- Você também possui cicatrizes nas costas nas quais nunca se curaram.

Ele me olha. Seu olhar é de profunda dor e naquele momento eu soube que tinha algo haver com sua mulher.

- Tentei a todo custo proteger ela,mas fracassei essas cicatrizes foi o que ganhei ao tentar proteger minha mulher.

Minha garganta se fecha. Oh,Jack se soubesse o quanto eu sinto muito por tudo isso.

- Mas não se engane - ele continua - não me orgulho dessas cicatrizes pelo contrário elas me fazem lembrar sempre do meu fracasso. Pior que as cicatrizes que tenho no corpo são as que tenho na minha mente.

- Não foi sua culpa. Quando se trata dele é impossível sair ileso. - sinto meus olhos lacrimejarem.

Toda a dor que ele passou, todo sofrimento me faz ter um nó na garganta. Mas não posso deixar esse sofrimento me dominar agora. Eu preciso saber a verdade. Toda a verdade.

- Quem é realmente você? - digo receosa.

- Eu já disse. - ele suspira. - Sou um biônico criado pelo Dexter. Você sabe da minha história.

- Mas pelo visto eu não sei dela toda,Jack. - digo um tanto irritada. - O que tanto me esconde?

- Acredite não sou o único que esconde as coisas. - ele me olha diretamente.

"O que ele está insinuando?!"

Minha mente começa incansavelmente a formular mais perguntas.

- Suas duas armas. Para quê serviam? O que elas faziam? - Não me importo se estou fazendo muitas perguntas. Eu preciso saber quem realmente ele é.

- Uma era para matar humanos e outra para matar biônicos. - diz de modo sombrio e com os olhos escuros de antes.

Biônicos? Espera os biônicos também?! Como assim? Eu sabia que meu irmão odiava os humanos e detestava mais ainda os biônicos que os protegessem mais eu não imaginava que ele estava por ai mandando mata-los.

- Espera os biônicos também?! Meu irmão não apenas convertia eles?

- Bem alguns sim outros não.

- Mas por quê?

- Não sei. Naquela época nunca me dei o trabalho de saber.

Minha mente trabalhava a mil com as informações que recebia. Enquanto muitas perguntas eram formadas a todo vapor.

- Por quê?

- Porque o quê? - ele me olha confuso.

- Porquê você tem uma arma para matar biônicos e outra para matar humanos?

- Bem...há alguns anos eu já matava com minhas próprias mão, seja humano ou biônico.

- E?

- Queria algo que matasse sem usar minha força e Dexter começou a me usar para matar alguns biônicos, então optei por essas duas pistolas, uma preta e uma prata.

- Mas por quê ele fez isso?! - pergunto incrédulo a crueldade do meu irmão não tem limites.

- Porque a melhor forma de exterminar um biônico é usando outro. - e lá estava seu olhar sombrio e demoníaca.

Fiquei paralisada,sem saber o que fazer ou o que dizer.

- Você ainda tem elas?

- Sim.

- Então por quê nunca usou na minha frente.

- Por quê eu me transformo em outra coisa. - isso me faz engolir seco.

Fiquei por alguns minutos pensativa absorvendo tudo o que foi dito até agora. Não podia ser possível! Isso não podia estar acontecendo! Essa coisa não podia ser real! Como ele poderia ter me escondido isso?! Pensei que ele estivesse do nosso lado. Era muita coisa para associar e se falar a respeito. O Jack pelo visto era muito mais do que um assassino. Droga! Por quê ele não me contou tudo isso?! Todos esses pensamentos me fazem ficar com raiva. Muita raiva. Do meu irmão, do Jack e da história que me contou.

- E meu pai?! Ele sabia disso?! - pergunto bruscamente

- Sim,soube no primeiro dia em que vim para cá. Eu tiver que ser franco com ele.

É O QUÊ?!!!

- COMO É QUE É? - Fico em total cólera - Você podia ser franco com o meu pai mais não comigo?!!! Vocês dois me esconderam isso! Me apulhalaram pelas costas é isso mesmo?!!!

- Não foi bem assim Alana...

- Ah é?! Então como é que foi?!

- Tinha coisas do Dexter que decidimos que não era melhor te contar.

- Eu posso saber o por quê tomaram essa decisão estúpida?!!!

- Era para seu bem e para sua segurança! - ele eleva a voz

- E decidiram o que seria bom para mim sem minha opinião?! Sem saber o que sinto?!

- Não cabia a você decidir isso. - seu tom foi frio e duro.

- Não Jack - falo fria também. - não cabia a você decidir isso.

Eu saiu correndo de perto dele. Chego no meu quarto e começo a socar a parede que logo começa a criar um buraco. Várias perguntas sem respostas roda em minha mente enquanto mais e mais perguntas novas se formam. Sem perceber lágrimas caem dos meus olhos. Maldição! A última coisa que queria agora era chorar. Minhas lágrimas descem quentes pela minhas bochechas até atingir o chão. Por quê ele não me contou tudo desde o início? E se ele realmente não for confiável? Qual o motivo de ter me escondido isso junto com o meu pai? Essas três perguntas. Também sem resposta alguma. Fecho os olhos com força. Minha cabeça dói enquanto bilhões de perguntas me rodeia. Todas elas sem respostas.

Sou uma BiônicaOnde histórias criam vida. Descubra agora