Capítulo 22

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Já faz mais de uma hora que estou parada em frente ao salão de reuniões deles, depois do ocorrido nada foi dito para mim até agora. Minha mente está perdida em um turbilhão de pensamentos cuja a maior parte é perguntas sem respostas, realmente meu irmão consegue estar sempre a um passo na minha frente e é isso que me faz temer. Droga...ultimamente as coisas têm fugido do controle. Olho para o teto pela milésima vez...

- Desculpe a demora - era Sara. - Está um caos lá dentro.

- Imaginei que estaria - dei um sorriso sem graça.

- Bem...você precisa entrar, nós gostaríamos de conversar.

- Tudo bem.

O salão era em forma de um retângulo,com uma mesa em forma de meia-lua no centro e as paredes com sua tinta já desgastadas, o ar-condicionado soprava de forma estranha fazendo o salão ficar um pouco abafado. Na mesa se encontravam três biônicos e um deles eu já conhecia, era o Arthur.

- Esse daqui - começou Sara - é o Luciano, essa daqui a Flávia e esse como você já bem o conhece é o Arthur.

- Mesmo não sendo um dos melhores momentos é um prazer conhecer vocês. - digo analisando cada um, desde o jeito simpático do Luciano como seus óculos a o jeito forte da Flávia e o jeito tranquilo do Arthur.

- O prazer é nosso, afinal você é nosso símbolo de resistência. - fala Flávia com orgulho.

- Não sei se posso ser considerada tudo isso.

- Por favor Alana, precisamos da sua ajuda e creio que todos aqui temos o mesmos objetivos - falou Luciano.

- O.K. como posso ajuda-los?

- Gostaríamos de saber sobre o quê o Dexter está a planejar.

- Olha vou ser sincera eu realmente não sei, estava trabalhando para ter mais informações, porém eu ainda não sei ao certo o que é.

- Quer dizer que não sabe de nada?!

- Tenho uma teoria e espero estar errada - respirei fundo - creio que ele quer algo mais rápido para matar os humanos.

Todos ficaram tensos e provavelmente sem saber o que dizer.

- E infelizmente - continuei - não faço a mínima ideia do que poderia ser.

- Então fracassaram naquela missão. - o Arthur se pronunciou.

- Não necessariamente, nós só não conseguimos saber mais sobre...espere você estava lá! Também era uma missão?

- Basicamente sim. Estavamos de olho em um certo alguém, creio que o seu namorado.

- O Jack? O quê? Não ele não é meu...por que estavam de olho nele?

- Alana, vamos ser sinceros com você - começou Sara - há algum tempo descobrimos que um dos biônicos do Dexter se revoltou contra ele mas como não sabíamos se era realmente verdade, afinal talvez fosse só mais umas das armadilhas dele, então precisávamos nos certificar. Mandamos o Arthur para procura-lo.

- Confesso que foi algo realmente difícil, - disse Arthur - mas no fim o encontrei e para minha surpresa aliado a você. Enquanto estava ocupada a procura de informações eu conversei com ele, foi difícil acreditar que estava realmente do nosso lado, porém ele me deu a certeza de que era verdade.

- A certeza?

- Sim, fui onde você mora Alana e tudo me foi confirmado e contado pelo seu pai.

- Entendo.

- Porém ao seguir meu caminho de volta encontrei você naquele parque e algo me disse que havia alguma coisa errada, então a trouxe para cá.

- Obrigada por ter me ajudado, tenho uma dívida agora com você.

- Porém não é só isso. Depois que a deixei aqui e expliquei a situação voltei para onde te encontrei, mandei um grupo de buscas pra investigar a área e como sabe eles foram atacados. A questão agora é temos que saber o mais rápido sobre o que seu irmão planeja, Alana, estamos ficando sem tempo...não dá mais para viver assim.

Senti-me culpada eu deveria ter descoberto o que realmente Dexter está fazendo. Não era justo com eles. Tenho que me apressar ou mais gente vai morrer.

- Certo. Entendo a preocupação de vocês por isso sugiro...

A porta é aberta com um baque e então um biônico que parecia nervoso para dar uma notícia.

- Desculpe a interrupção mas é um assunto de emergência!

- Então diga. - Falou Sara.

- Nosso forte está sendo atacado!

- Atacado?! - falei - Por quem?

- Sim, creio que pelos biônicos do Dexter.

A notícia caiu como peso enorme nas minhas costas. Ah não!

- O que faremos? - Falou Sara.

- Tenho um plano. - comecei - Precisamos levar todos para minha casa, lá estaremos seguros, meu irmão não se atreve a chegar perto.

- Mas como faremos isso?

- Juntem o máximo números de biônicos que conseguirem e os guiem por uma caminho seguro até lá. Diga que vem em meu nome, meu pai irá recebe-los já eu ficarei aqui para atrasa-los o máximo que puder.

- OK, estamos de acordo porém tirando um fato. Você não vai ficar e lutar.

- O quê?

- Nós vamos Alana. É nosso dever como líderes desse forte.

- Mas...

- E também não está em condição de lutar, ainda não está recuperada.

- Não! Eu...

- Você salvou a minha vida agora deixe-me retribuir o favor. - Sara me ofereceu um sorriso sincero e temi que fosse o último que veria dela.

- Não, por favor eu...

- Arthur leve ela, vocês dois vão guiando o caminho.

- Sara por favor - eu já não conseguia controlar as minhas lágrimas.

- Não se preocupe, sou humana mais sei como me defender agora vão!

Não, eu não podia deixar isso acontecer! Não posso deixar ela morrer por mim. Eu simplesmente não posso! O Arthur me agarrou e me levou para longe onde foi seguido por outros biônicos. Não posso ser o ícone deles, não sou forte como pensam, não sou digna de ser algo que eles possam se espelhar, não sou nada. A única coisa que pude fazer foi garantir que todos que estavam ali chegassem na minha casa em segurança.

Estavamos em uma mata fechada e um pouco densa e isso era para que pudessemos despistar os capangas do Dexter. O caminho todo eu fiquei calada, abatida, deixei que uma humana morresse em meu lugar, pagasse um preço que não era dela. Então eu fiz o que disse que não iria fazer...olhei para trás e chorei. Arthur ficou ao meu lado.

- Não chore - disse ele - ela quis ficar, fez isso pois acreditava em um ideal e também porque acreditava em você.

- Mas eu não sou nada... - sussurrei - não sou quem vocês pensam...eu...

- Nós sabemos, mas não se trata de quem você ou de onde veio e sim do que quer ser. Talvez você nunca  quisesse ser um ícone mas agora é. Todos que estão aqui acreditam e tem esperança em você, talvez não fosse isso o que queria porém eu digo seja a esperança que vai guia-los para lutar pelo que é certo.

Olhei para todos e vi o que Arthur disse, não era momento para ser fraca, eu tinha que lutar por eles por todos pelo que era certo era isso o que a Sara iria querer e era exatamente isso o que eu ia fazer. Serei a líder que eles merecem. Por uns segundos minha vista embaçou fazendo com que eu desse alguns passos incertos e quase caísse se não fosse o Arthur para me segurar.

- Alana está tudo bem?

- Meu chip...acho que houve algo de muito sério com ele.

- OK aguente firme estamos quase chegando...por favor aguente só mais um pouco.

Mas eu não podia mais aguentar. Será que realmente consigo ser a líder que eles merecem?

Sou uma BiônicaOnde histórias criam vida. Descubra agora