Five.

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Ceci

Eu estava naquele parque de sempre há horas, não queria voltar pra casa. O motivo? Eu era a própria bagunça em pessoa, meu cérebro não parava quieto um segundo e eu mal conseguia respirar direito. O que diabos eu tava fazendo com a minha vida? Nem eu mesma sabia. Minha cabeça estava tentando processar tudo o que estava acontecendo na minha vida. Notei aquelas rosas brancas nos arbustos e meus olhos se prenderam nelas pelo que pareceu uma eternidade. Era difícil processar tudo aquilo, mas a noite de ontem me fez perceber aquilo que no fundo, já suspeitava: eu estava me apaixonando por Emma. Aquele sentimento apossava de mim aos poucos, sutilmente, de forma quase imperceptível, mas estava ali, cravado em meu peito, construindo sua fortaleza. E eu não queria deixá-lo ir, simplesmente não podia. 

Haviam tantos e " e se… " rondando minha mente há não sei quanto tempo, mas no instante em que ela confessou seus sentimentos, olhando nos meus olhos, de forma quase furiosa, meu coração quis saltar do peito. Uma sensação única, que não podia ser ignorada. Tudo o que eu sabia era que queria mergulhar naquele sentimento, encontrar todas as respostas que sufocavam meu coração, queria tê-la em meus braços, afastar seus medos e descobrir porque estava causando em mim tudo o que ninguém nunca tinha conseguido antes. E tudo o que ela disse tem me assombrado desde que saí daquele quarto. Tudo o que eu sabia era que… eu a queria. Desesperadamente. Mas eu não podia terminar com Ian, sabia o quão difícil seria e me sentia uma fraca por nem sequer tentar. 

Fui tirada de meus devaneios quando escutei a voz de um desconhecido:
— Tudo bem? — perguntou, gentil, se sentando ao meu lado.
— Não... Mas vai ficar, pelo menos eu acho né. — não sabia se estava dizendo aquilo para ele ou para mim mesma.
— O que aconteceu? Você parece... Perdida.
— É exatamente assim que eu me sinto.
— Quer me contar o motivo? — algo na voz dele fez com que eu sentisse uma confiança e uma segurança inexplicável, coisas que apenas Emma havia conseguido até então.
-—Vou tentar resumir: eu conheci uma garota incrível que faz com que eu me sinta especial cada segundo que passamos juntas, mas não podemos ter nada porque eu namoro um babaca que diz me amar mas na verdade, não sabe o que é amor. O pior de tudo é que eu não sei como terminar com ele já que estamos juntos há muitos anos e ele largou tudo por minha causa. Entende o quanto é difícil?
— Poxa, realmente! Sinto muito por essa situação, imagino você deve estar confusa, mas me conte mais sobre essa garota... É a primeira que faz você se sentir assim?
— Sim, nunca estive tão confusa. Nunca olhei para uma garota com outros olhos sabe? Mas ela, não sei... Desperta algo forte em mim. Quando nos falamos por ligação e ela me pergunta qualquer coisa, tento ser breve só pra ouvi-la falar mais e mais. Ela cuida de mim com tanto amor e carinho, como se eu fosse a coisa mais preciosa, sabe?
— Bem, talvez, você seja mesmo, pelo forma como está falando. E eu acho que você sente o mesmo por ela.
— Como isso é possível em tão pouco tempo?
— Uma coisa que aprendi sobre o amor é que ele definitivamente não é sobre tempo: ele não bate na sua porta, ele entra sem ser convidado, não importa se você está pronto ou não e bagunça tudo. Mas aí é que está a graça: precisamos disso. — suspirei. O que ele disse me tocou profundamente.
— Isso vai bagunçar minha vida em todos os sentidos e aspectos, entende? O que meu pai e meu irmão vão achar disso...
— Está mais preocupado com a opinião deles ou com a sua felicidade? — uau, ele era mesmo direto. Mas aquilo não ajudaria em nada minha mente confusa. 
— Não sei onde minha felicidade está. — confessei, cabisbaixa.
— Onde seu coração está? — perguntou. 
— Deixei ele saltando feito louco naquele quarto, com ela. — falei, mesmo já sabendo. 
— Você deveria voltar pra lá então. — sugeriu. 
— Isso é uma decisão que eu preciso tomar com calma...
— Isso não é uma decisão tipo " hoje vou usar saia ou calça? ", é coisa que só o coração entende. Ninguém precisa te apoiar, não é obrigação, mas respeito é um direito seu como ser humano. Não deixe um amor como esse partir, ela parece ser uma garota incrível que realmente te ama. — e simplesmente saiu me deixando pensativa.
— Qual o seu nome? — gritei, antes eu ele sumisse.
— Gabriel. — ele gritou de volta. — E o seu?
— Ceci. — respondi. Decidi que ficaria ali mais um pouco, longe de tudo. Precisava pensar, colocar as idéias no lugar.

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