Twenty-two.

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“ Amar é deixar aqueles que amamos serem eles mesmos e não tentar moldá-los segundo a nossa própria imagem. Caso contrário amaríamos apenas o reflexo de nós mesmos ”.

Emma

Aproveitamos a madrugada praticamente toda. Eu estava cansada, com um pouco de sono mas tinha valido a pena, assim como tudo que envolvia minha namorada. E agora, devaneios traiçoeiros se apossavam de mim, querendo desesperadamente me deixar confusa, como se eu não já estivesse por conta própria. Estava insuportavelmente frio por conta da chuva e não ousei respirar forte demais pra não ver vapor. Era sempre assim, custava chover, mas também quando chovia, as tempestades vinham com direito a ventania forte e trovões estrondosos. Quase 7h da manhã e eu caminhava pelo quarto de Ceci, pensativa. Observava cada um dos presentes que eu dei a ela no nosso aniversário de namoro. O caderno com cada pensamento meu sobre ela ficava na mesinha ao lado. O pote com post-its variados na estante, junto com o livro que eu dei de presente ontem, o outro pote cheio de corações dourados e eu achei a carta do lado de um porta retrato com uma foto de nós duas. Ela tinha sido tirada pela Isis pouco depois de nós começarmos a namorar. Pequenos detalhes que eu não queria esquecer de jeito algum. Não poderia nem mesmo se quisesse. Eu iria partir por tempo indeterminado e não fazia idéia de como as coisas seriam depois que eu fosse e quanto mais eu tentava imaginar, mais confusa ficava. Sempre pensei que nada iria me prender aqui. Hannah vai ficar com a Sarah até que tenha idade suficiente para que possa ficar comigo, embora ela não vai gostar nada da minha idéia. Até lá, eu já vou ter mais estabilidade, principalmente financeira. E assim, dar a ela uma vida confortável sem problema algum. Não importa se Sarah é minha mãe ou não, Hannah vai continuar sendo minha irmã independente disso. Mas ainda tinha um motivo para que eu ficasse. E esse motivo dormia feito um anjo em sua cama, a poucos centímetros de mim. Suspirei, pensando que em algumas horas, eu estaria a quilômetros e quilômetros longe desse motivo. Foi pensando em tudo isso que voltei para a cama. Aquela princesa não demorou muito acordar.

— Bom dia, meu amor. — eu me derreti, aquela voz tão doce e carregada do mais puro amor fez meu coração fazer festa dentro da caixa torácica.

— Bom dia, coisa linda. — eu a beijei. Ela me puxou para mais perto. — Eu imagino que nem passa pelo sua cabeça voltar pra casa da Isis agora, certo?

— Não, não pensei nisso um segundo sequer desde que acordei. Mas eu vou ter que usar uma roupa sua então, amor.

— Bom saber e sem problemas. — ela piscou. — Há quanto tempo, exatamente, você está acordada, amor?

— Algumas horas só, amor. Mas estou bem. — garanti com um sorriso, mas ela não pareceu satisfeita.

— Tem certeza? — perguntou preocupada. — Pode dormir mais um pouco, ainda está cedo, amor.

— Sem um pingo de sono, amor. — falei — Mas eu tô um pouco cansada e vou aceitar a oferta de ficar mais tempo aqui, com você... — beijei seu pescoço e ela riu.

— É irrecusável, certo?

— Definitivamente. — ela riu outra vez, aquele som me trazia uma paz sem igual. — Eu tenho uma surpresa.

— Hummmmm, é mesmo?

— Sim, ela não tá comigo então vamos precisar sair dessa cama pra ir vê-la, mas você me deu uma idéia tão boa de ficar aqui, com você, nessa cama... — ameacei beijar seu pescoço, mas ela se sentou.

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