Emma
Acompanhei Ceci até sua casa e me despedi dela com um beijo lento e demorado. Uma troca de olhares intensa aconteceu antes que eu beijasse sua testa.
— Eu não quero me despedir. — falei, manhosa. — Essa noite foi tão perfeita.
— Igual a você. — seus lábios se curvaram em um sorriso e ela se inclinou para me beijar mais uma vez. — Eu amo você. — era a primeira vez que eu a ouvia dizer isso após as últimas horas e talvez por isso meus olhos se encheram de lágrimas. A felicidade parecia não caber no meu peito.
— Eu amo você, meu amor. — coloquei seu cabelo atrás da orelha e então a puxei pela cintura, colando nossos corpos.
— Dorme comigo?
— Amooooor...
— Por favor. — ela fez biquinho. Como eu diria não?
— Tudo bem, eu fico até você adormecer e depois volto pra casa. Okay?
— Mas aí você não vai dormir nada.
— Eu não iria conseguir de qualquer forma.
— Vou ter que ser egoísta, desculpa. — ela segurou minha mão e entramos em sua casa. O sol ainda nem tinha nascido, então devia ser 4h da manhã. Na ponta dos pés, fomos para o quarto dela.
— Boa noite, namorada. — ela sussurrou, antes de me abraçar. Quantas vezes eu iria chorar?
— Boa noite, namorada. — e eu realmente não consegui dormir, então fiquei ali, observando ela dormir serenamente. Meus dedos brincaram em sua pele, subindo e descendo pelos seus braços devagar. Quando sua respiração se tornou regular, eu sabia que era hora de ir. Mesmo querendo ficar mais. Afastei cuidadosamente seus braços do meu pescoço e a cobri com o lençol até o pescoço. Beijei sua testa. Ela apenas se remexeu. Fiquei ali mais alguns minutos, até descer escada de fininho. Quando já estava do lado de fora, o sol nasceu.Eu ainda não acreditava que tudo aquilo tinha realmente acontecido e quanto mais eu lembrava de tudo, maior e mais bobo era o sorriso. Quando cheguei em casa, eram 6h36, ou seja, eu teria pouquíssimo tempo pra dormir caso ainda conseguisse mas não importava. Tinha valido a pena. Mandei mensagem pra Isis, contando tudo o que tinha acontecido e já imaginando o surto dela por ter previsto. Caí no sono em seguida, sorrindo inevitavelmente para as memórias de horas antes.
{...}
Ceci fazia biquinho, com os braços cruzados e a raiva nítida em seu rosto me fez querer gargalhar, mas eu sabia que não podia fazer isso a não ser que eu quisesse morrer por morte matada. Estávamos tentando chegar a um acordo, mas ela era teimosa e eu mais ainda, então estava sendo um pouco difícil.
— Não é justo! — falou, bufando. Só faltou bater os pés no chão igual criança. Céus, como eu queria poder rir dessa situação.
— Você sabe que eu tenho raz... — tentei me aproximar mas ela me empurrou, se afastando dos meus braços.
— Não! — insistiu, cruzando os braços novamente e virando a cara pro lado.
— Okay... — falei, abraçando-a por trás. — E se você dormisse comigo segunda e sexta? — brinquei com o seu fio de cabelo solto e ela me olhou, pensativa.
— Hum... Parece ser melhor do que nada.
— Está bom pra você assim, neném? — sussurrei, beijando sua bochecha.
— Okay, eu aceito. Mas você vai ter que dormir na minha terça, quarta e quinta!
— Adoraria, mas não acha que essa seja uma boa ideia, neném. — confessei e ela olhou pra mim sem entender. — Já imaginou se o seu pai pega a gente no flagra? Ele iria te colocar num colégio de freira! — brinquei e ela riu.
— Não é para tanto e você também não é assumida.
— Justamente porque eu sei que minha mãe e meu padrasto nunca me aceitariam.
— Isso é uma pena, bebê. Vem cá. — ela me abraçou. — Sobre o meu pai, vou resolver isso.
— Não acha que é muito cedo, neném? Quero dizer, uma hora ou outra, você vai ter que contar. Mas eu ficaria mais tranquila se você esperasse um tempinho.
— Eu sei bebê e obrigada, mas eu realmente quero que você possa frequentar minha casa como a minha namorada. — explicou, me fazendo derreter. — Não quero ter que fingir que você é apenas uma amiga próxima, ou ter que segurar a vontade que eu tenho de te beijar a todo segundo. — ela finalizou a frase depositando um selinho rápido em meus lábios.
— Mereço você? — olhei fixamente em seus olhos, sorrindo e desejando que meu olhar pudesse expressar todo amor que sentia por ela.
— Não me olhe assim, tá me deixando sem graça, bebê. — um sorriso bobo insistiu curvar seus lábios.
— Você fica linda sem graça, sabia? Na verdade, de todo jeito. — confessei, fazendo-a rir.
— Quando você diz de todo jeito, quer dizer até... — sua fala é interrompida por um grito.
— Chegay! — não precisei me virar pra saber que é Isis.
— Quantas vezes eu vou ter que te dizer que eu não sou surda? — ela veio me abraçar e beijou meu rosto ignorando totalmente a garota sentada perto de mim.
— You need to calm down, girl. — falou. — Hey, Cec… — imaginei que ela fosse cumprimentar minha namorada, mas do nada, ela começou a surtar, gritando e dando pulinhos feito uma criança. Eu e Ceci nos entreolhamos sem entender. — Agora que eu lembrei que vocês estão oficialmente e finalmente juntas, meu Deus, eu estava vivendo por esse momento! Pai amado ouviu minhas preces e agora eu posso ser a maior cadelinha em paz! — a felicidade em sua voz era nítida. — Meu surto seria maior ainda se euzinha não tivesse previsto isso. Lembra quando eu disse que ela o amor da sua vida? — ela se virou para Ceci, toda empolgada.
— Lembro sim. — respondeu, sorrindo e piscando para mim.
— Me sentindo vidente demais, sabe. — jogou os cabelos para o lado, se achando. — E então quando vai ser o casamento de vocês ao som de Lover mesmo?
— E lá vamos nós... — protestei, revirando os olhos
— Calada, mimosa! Não estou falando com você e sim com a sua n-a-m-o-r-a-d-a. — deu ênfase e foi inevitável sorrir. — Ceci, não sei se você sabe, mas sapatonas são muito rápidas nessas coisas, já consigo ver vocês duas casando e tendo uma filha chamada Alison. — ela pensou por um instante. — Já vou pensar no meu vestido de madrinha!
— Às vezes eu me pergunto como eu te aturo sabe…
— Bebê, acho que temos que agradecer a Isis mesmo, se não fosse por ela, talvez não estaríamos juntas agora. — Ceci brincou com os dedos das minhas mãos.
— Como assim? — perguntei sem entender e elas olharam uma pra outra e sorriram. Mas o que....?
— Um dia antes de eu viajar, eu fui conversar com a Isis sobre toda a nossa situação. Ela me deu conselhos, me ajudou bastante, basicamente isso. Entã, agradeça sua bff maluca porque se não fosse por ela e suas previsões maravilhosas e assustadoras, eu ainda seria Ceci, apenas sua amiga e não sua namorada.
— E ainda tive que aturar essa sapatona carente durante várias semanas, eu sou um mulherão da porra mesmo. — Isis pousou o queixo nas mãos, se achando.
— Ei, ei, olha quem fala. " Em, tô carente, tô precisando beijar uma boca, mas não apenas isso ". — fiz minha melhor imitação de Isis Grammont e a própria riu.
— Tem que melhorar viu? Minha voz não é ridícula desse jeito, aposto que é excitante de ouv...
— E eu ainda disse: é pra isso que existe uma coisa chamada " fica " Isis. Mas aí ela respondeu: eu quero muito mais do que uma boca pra beijar!
— Para de me expor garota! — reclamou, rindo.
— Então, resumidamente você quer uma namorada? — Ceci perguntou.
— Não, eu estava bêbada aquele dia. Tô muito bem sozinha, sou autossuficiente. Não preciso de ninguém!
— Aham, sei, ata. " Em, eu tô me sentindo tão sozinha. Eu sei que tem esse lance de amor próprio e tal, de estar melhor sozinha, mas tem aqueles momentos em que eu preciso de um carinho que não seja de uma amiga ". Quando eu disse pra ela adotar um cachorro ou um gato, ela me mandou tomar naquele lugar. — contei, fazendo minha namorada cair na gargalhada.
— Okay, eu admito que tenho minhas recaídas e que de vez em quando, quero alguém pra chamar de querido/querida. Mas o que eu posso fazer? Não vou sair gritando por aí que quero alguém como se isso fosse resolver tudo. — o tom da sua voz era de revolta, mas eu sabia que ela não estava brincando.
— Talvez resolva. — brinquei e ela revirou os olhos.
— Você já se apaixonou? — Ceci perguntou e ela pareceu pensar.
— Nunca me apaixono. — respondeu baixinho.
— Nunca?
— Não. Amor não funciona comigo.
— Tá, eu sei que é ridículo ouvir " um dia você encontra alguém " ou algo assim. Então o que eu vou dizer é: se tiver que aparecer alguém especial, que te ame de verdade e cuide de você como amiga, namorada e etc, vai aparecer quando você menos esperar, alguém que vai te fazer transbordar, que vai lutar por você e merecer seu amor. E claro, reconhecer o quanto você é perfeita e amável do seu jeito. Esse alguém vai amar a bagunça que você é todos os dias — ela disse tudo aquilo olhando para mim e eu me senti a garota mais sortuda do mundo. — e se isso não acontecer, você vai continuar sendo Isis Grammont, um mulherão incrível que está muito melhor sozinha do que mal acompanhada. — e eu nunca senti tanto orgulho da minha namorada.
— Eu não tenho dúvidas de que o coração da Emma não poderia ter feito melhor escolha! Obrigada Ceci, suas palavras me tocaram profundamente! — elas se abraçaram e eu quis chorar.
— De nada. Eu sei exatamente do que você precisa: vinho e o Red no último volume. — Ceci falou cantarolando.
— Da última que eu fiz isso, foi quando tive a brilhante — fez aspas. — ideia de combinar All Too Well com carência. — ela confessou, se sentando na mesa porque afinal de contas, ela é a Isis.
— E deu certo?
— Pergunte para a dor no coração que eu sinto até hoje. — respondeu, frustrada. — O importante é que já passou e hoje em dia, eu dou risada da minha desgraça!
VOCÊ ESTÁ LENDO
this is what you came for ¹
RomancePrimeira temporada (segunda: cruel summer). Um relâmpago cai toda vez que Ceci Martinez se move e Emma Gomez está completamente ciente disso. As duas possuem uma conexão que ultrapassa qualquer limite desde o dia em que se conheceram. Mas será que e...