✩ Nine ✩

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Emma

O sábado chegou e com ele, a ansiedade e o medo. Eu iria jantar na casa de Ceci, conhecer seu pai e seu irmão e a ideia deles não gostarem de mim ou até mesmo me odiaram estava me apavorando. Foi bem difícil convencer minha mãe a me deixar ir, então prometi chegar cedo em casa. Passei o dia tentando disfarçar o pânico dentro de mim e a presença de Isis, que deveria me deixar tranquila, na verdade só piorava tudo.
- Já imaginou se quando você for se retirar da mesa, você acaba prendendo o pé e levando um tombo feio? - eu a fuzilei com o olhar, o que a fez cair na gargalhada.
- Se a sua intenção era me fazer querer desistir desse jantar, conseguiu!
- Relaxa garota, vai dar tudo certo. - garantiu, dando tapinhas nas minhas costas.
- Okay, qual roupa você acha que é melhor, vestido, calça, short ou saia com uma blusa?
- Ai mimosa, não faço idéia. Nunca fui jantar na casa de namorada.
- Parece que eu não tenho nada pra usar, que odioooo! - falei frustrada, revirando todas as peças que eu tinha no guarda roupa.
- Mimosa, você tá muito estressada. Faz o seguinte, põe a roupa mais confortável que você tiver, um passo de cada vez e eu confio na sua coragem. Se eles não gostarem de você, não é por isso que vocês vão terminar né. - em parte ela tinha razão. Eu estava sofrendo por antecipação graças ao nervosismo e ansiedade.
- Agora você está me deixando mais paranóica. Certo, Emma, calma, é só um jantar. Não é como se você fosse escrever os votos pro seu casamento. Na verdade, acho que até isso seria mais fácil! - e seria mesmo, porque pelo menos era uma coisa ensaiada mas de certa forma, espontânea. Nada a ver com o medo que eu estava sentindo.
- Falando em casamento, eu tô tão ansiosa pra escolher meu vestido de madrinha! - falou, animada.
- Pra qual casamento, Isis? - perguntei, curiosa.
- O seu e o da Ceci, claro! De qual casamento eu estaria falando criatura? Vai me dizer que você não pensa em casar com ela um dia, mimosa? - me sentei na cama, pensando. Claro que sim. Às vezes, me pegava imaginando cada detalhe. Eu conseguia ver perfeitamente um futuro maravilhoso ao lado de Ceci, quem sabe até filhos. Mas ainda cedo pra pensar nessas coisas, embora eu realmente quisesse que o nosso amor durasse uma eternidade mortal.
- Claro que penso - enfim respondi, saindo de meu devaneio. - mas ainda é cedo.
- Para pensar nisso, ou para dizer pra ela? - acertei minha almofada nela com força, que riu da situação.
- Enfim, cala a boca e me ajuda com a roupa aqui!
- Acho que você nunca mais vai me ouvir dizer isso, mas eu adoraria estar indo conhecer meu sogro também.

{...}

Alguns minutos depois, eu já estava pronta. Optei por uma blusa branca, uma saia azul escura na altura dos joelhos e um salto. Eu raramente usava, mas a ocasião pedia. Eu não queria ir formal ou simples demais, então aquele, na minha opinião, seria o look perfeito pra ir conhecer a família da namorada. Deixei minhas mechas loiras soltas, mesmo tendo cogitado trança ou rabo de cavalo.

Quando cheguei em frente a casa de Ceci, parei um instante para respirar. Um passo de cada vez. Toquei a campainha e soltei um suspiro de alívio quando Ceci abriu a porta pra mim. Estava perfeita como sempre: calça jeans azul, blusa preta de asas cruzadas e um casaco xadrez vermelho amarrado na cintura. Tão naturalmente linda que perdi o fôlego ao observá-la.
- Entra, bebê. - assim que ela fechou a porta, me puxou para um canto da casa e se aproximou de mim tão rapidamente que nem tive tempo de raciocinar. - Sempre pontual demais. Eles ainda estão terminando de se arrumar.
- Sério? - ela fez que sim com a cabeça. - Isso é ótimo.
- Aham. Você está perfeita, tão linda. - elogiou, sorrindo para mim. Meu coração tinha errado próxima batida.
- Sou eu quem deveria dizer isso, olha só pra você. - fiz ela dar uma voltinha e a puxei pra mim, colando seus lábios nos meus. - Ter que passar uma noite inteira no mesmo local que você e não poder te beijar vai ser uma tortura, então tô pensando sinceramente em te roubar pra mim hoje. - falei assim que soltei seus lábios.
- Eu deixo você me roubar se calar a boca e me beijar enquanto ainda temos tempo. - suas mãos foram parar no meu pescoço e seus lábios nos meus novamente. Ficamos assim por não sei quanto tempo e nem me preocupei com a falta de ar.
- Você ainda está nervosa? - perguntou quando nos sentamos no sofá ao lado uma da outra.
- Um pouco - confessei. - mas estar com você me deixa bem mais calma. - seus olhos sorriram para mim e ela se aproximou mais, beijando o canto da minha boca.
- Vai ficar tudo bem, eu garanto. Vou estar do seu lado segurando sua mão como sempre.
- Promete?
- Prometo. - juntamos nossos mindinhos. - Eu tô feliz demais, sabia? - sussurrou, antes de segurar minha mão.
- Tô louca para saber o motivo. - falei, sorridente.
- Daqui pra frente - começou, olhando diretamente nos meus olhos. - você vai poder me visitar tranquilamente. Não vou precisar mentir sobre o que você é, ou inventar desculpas para te ver...
- Isso só vai ser possível se eu for aprovada pelo seu pai, lembra?
- Mesmo que ele não gostasse de você, o que vai ser impossível, você ainda poderia frequentar essa casa como a minha namorada. Se ele quiser me ver feliz, é claro.
- Você tem muita sorte de ter um pai como ele.
- E mais sorte ainda de ter você como a minha namorada. - falou, orgulhosa e apaixonada. - Sabe que eu nunca vou me cansar de te chamar assim, não sabe?
- Eu realmente espero que não, porque eu amo ouvir. - ela beijou minha bochecha e se aproximou do meu ouvido, antes de dizer baixinho:
- Amo você, namorada. - um arrepio gostoso percorreu meu corpo inteiro e, não sem antes sorrir feito boba, cobri seus lábios com os meus e começamos um beijo calmo. Sua mão foi parar em minha nuca, enquanto a minha fez um carinho em sua perna. Ficamos assim até ouvirmos um pigarrear. - Eu aposto que ele tá na escada nos observando, acertei? - sussurrou e eu fiz que sim, sorrindo também. Quem eu imaginei ser o pai de Ceci desceu as escadas e nos observou sério, antes de enfim sorrir. Meu coração pulou no mesmo instante e eu me levantei rapidamente, ao mesmo tempo em que ouvi a risada contagiante da minha namorada atrás de mim.
- Boa noite. - eu disse educadamente e ele sorriu.
- Boa noite, Emma. - ele se aproximou. - Então você é a famosa namorada de Ceci?
- Não sabia que eu era famosa. - olhei pra ela, que sorriu abaixando o olhar. - Mas sim, sou eu. É um prazer conhecer o senhor. - ele estendeu a mão, que eu apertei imediatamente e um garoto alto, de cabelos pretos e olhos castanhos igual ao pai de Ceci apareceu.
- O prazer é todo meu, querida. Relaxe, eu não sou um monstro de sete cabeças. E essa criatura aqui é o meu filho mais velho, Charlie.
- Oi, Emma. - ele sorriu, tímido, acenando pra mim. Certo, estava tudo bem. Eu podia relaxar.
- Sinta-se à vontade, Emma. Está com fome? Preparei o jantar especialmente pra namorada da minha filha. - e eu quis chorar.

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