Capítulo 4

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Finais de semana entre eles era considerado sagrado, finais de semana sem os pais, principalmente. Na sexta à noite Tisha e Henrique viajaram para o interior, deixando Jesse responsável pela irmã mais nova até voltarem na segunda de manhã. Tudo coincidia com o verão que San Diego proporcionava, e uma festa na piscina não poderia faltar.


A mente pensante nesses momentos sempre fora a de Maite. A garota passou a manhã inteira deitada de pernas pro ar na própria cama devaneando enquanto fazia ligações para as amigas, primeiro para Anahí, quem abraçou a ideia de cara, e depois, para tentar convencer Sophia. O que não estava sendo uma tarefa, digamos que fácil, até o atual momento.


A garota continuou com o “não”, convicta que daquela vez, não iria entrar nos joguinhos dos amigos, principalmente por tratar-se de uma festa na piscina, à noite, e com a cereja do bolo que não poderia faltar, segundo a própria Anahí dizia: tequila. Muita tequila. A primeira garrafa foi Alfonso quem conseguiu, e o feito se deu com ele roubando-a do pai durante a tarde com Maite dando-o cobertura. A morena tratou de se empoleirar ao lado da poltrona do pai – para César Herrera, naquele horário, seu lugar naquela poltrona de frente para a TV era quase crucial –, puxando um assunto sobre o noticiário, enquanto observava, de canto de olho, Alfonso pegar a garrafa de Tequila. Eles já tinham feito muito aquilo, não fora difícil. E a segunda garrafa ficou encarregada para Jesse comprar, e o garoto precisou gastar todo a mesada do mês para conseguir. No fim, valeria.


A questão só era: Sophia nunca havia tocado em uma gotinha sequer de álcool, nem mesmo em festinhas como aquelas com os amigos, sempre era a amiga que começava e terminava sóbria, a que ajudava a dar banho no mais bêbado de todos e colocá-lo na cama. O que significava que aquela seria a primeira vez, e ela estava nervosa. Nervosa era só eufemismo, na verdade. Era quase uma crise de pânico fazendo-a querer sair correndo da insistência das amigas, apesar de uma parte dentro de si querendo arriscar pela primeira vez, afinal, curiosidade não faltava.


— Vai ser a melhor noite da sua vida, Soph, você vai ver só! – Maite dizia com propriedade enquanto puxava a própria Sophia pela mão. Anahí vinha logo atrás, segurando os copos entre os braços. Continuavam na batalha para convencê-la.


— Eu não sei... – Sophia mordeu os lábios, apreensiva. Seus olhos imediatamente foram de encontro ao irmão da amiga na beirada da piscina arrastando um colchão. Jesse gargalhava de algo que Alfonso dizia, e Sophia sentiu as bochechas queimarem no mesmo instante. Gostava de ouvir a risada natural dele, gostava também dos lábios curvados e os dentes retos expostos naquele sorriso.


— Além do mais, vamos brincar bastante – Maite continuou falando enquanto caminhavam jardim a fora. Sophia por fim, pareceu considerar. Já estava ali, afinal de contas, iria arriscar.


— Brincar? – Sophia observou o sorriso de canto da morena crescer cada vez mais.


— Defina ‘brincar’ – Anahí provocou, sentando no colchão cruzando as pernas feito índio.


Maite sorriu ainda mais, olhando ao redor enquanto Jesse e Alfonso se aproximavam, sentando um em cada ponta, com as três garotas no meio. Anahí ficou ao lado de Alfonso, Sophia ao lado de Anahí, no meio entre ela e Maite, quem parou ao lado de Jesse.


— Eu conheço essa sua cara – Alfonso alfinetou a irmã, pegando uma garrafa e servindo os copos pequenos até a borda – Não vem coisa boa por aí. – concluiu, sorrindo sarcástico e Anahí o socou de leve no ombro, arrancando um “Au, essa doeu”, dele, ao fingir a expressão de dor.


— Cala a boca, Alfonso! – Maite respondeu, mostrando a língua para o irmão – Vamos primeiro de ‘Eu nunca’, depois, com o passar do tempo, evoluímos o nível e isso aqui – apontou para todos – Finalmente vai prestar.

O Preço de um SonhoOnde histórias criam vida. Descubra agora