O Preço de um Sonho

Capítulo 5

Já passava das duas da manhã, a lua estava escondida entre algumas nuvens, talvez fosse a forma de evitar ser testemunha da noitada daqueles cinco jovens. A vizinhança ecoava um silêncio avassalador, o que diferia e muito da animação e a algazarra que rolava na casa de Anahí e Jesse, onde todos os amigos agora estavam na piscina, resultado de um desafio proposto por Alfonso.

- Eu te desafio a trocar um selinho com a Soph. – Disse Anahí para Maite, a voz trêmula denunciava que já estava um tanto alta da bebida. Ela fitava as amigas sem deixar de gargalhar com a ideia que acabara de ter.

- Até dois, minha querida. – Devolveu Maite, ela sorria despreocupada antes de flutuar até Sophia e tascar um selinho na amiga antes que ela pudesse pensar ou questionar. Também pudera, Sophia àquela altura, não conseguia formular uma frase completa, e tudo era motivo de uma risada estridente.

Maite se afastou e Sophia gargalhou, as bochechas coraram e Jesse tentava se manter sério diante dos amigos, não que o tivesse incomodado, mas estava difícil controlar os instintos, quando quem desejava ter dado aquele beijo, era ele, e o pior, não sabia por quanto tempo conseguiria manter aquele relacionamento às escuras.

- Agora é minha vez, eu te desafio a beijar... hum...vejamos. – Pausou com a mão sobre o queixo. O Alfonso, e não... não é um selinho, eu quero ver a língua. – Disse Maite enquanto fitava Anahí. – E não me olhe assim, quem começou com história de beijo aqui foi você... agora cumpra. – Reformulou antes de cruzar o braço para encará-los.

Alfonso sentiu o peso daquelas palavras, enquanto a irmã proferia ele desviou o olhar até Anahí, e balançou a cabeça negativamente, não era uma recusa do beijo, ela simplesmente não precisava cumprir o desafio, e Alfonso queria que ela soubesse disso.

Alfonso

Maite sempre foi mais desinibida, e em todas as ocasiões que nos reuníamos ela nos levava ao limite entre o certo e o errado. Vejam só, nós estávamos bêbados dentro de uma piscina, as garotas com trajes íntimos, as estampas soavam confusas em meus olhos, com tantas nuvens e flores fluorescentes, e detalhe...ali ninguém tinha autorização para beber, passar a noite fora, e muito menos trocar desafios em alta madrugada. Mas ali, era praticamente impossível pensar em responsabilidades, quando tudo que queríamos era aproveitar o máximo aquela noite.

Já havíamos derrubado a segunda garrafa de tequila, quando Maite desafiou Anahí para que me beijasse. Recapitulando, eu teria que beijar a garota.

- Nem pensar. – Jesse se adiantou antes que eu pudesse proferir algo, o vi cruzar os braços e enrijecer a postura de irmão mais velho, e um irmão bastante ciumento, diga-se de passagem.

- O desafio foi pra mim, intrometido. – Anahí ralhou, ela desgrudava os cabelos molhados do rosto enquanto fuzilava o irmão com o olhar. – Quem chamou esse garoto mesmo? – Perguntou irritada.

- Eu também moro aqui, esqueceu? – Disse Jesse, para depois bater na água formando um jato na direção da irmã.

- Sem brigas crianças, eu quero ver é a batalha de línguas. – Maite instigou irônica.

Eu sabia como ela se sentia irritada quando Jesse tentava interferir em suas decisões, mas não posso afirmar se aquela era mesmo uma atitude acertada. Tentei parecer despreocupado, afinal no outro dia não lembraríamos nem metade do tanto que aprontamos. Não posso afirmar se aquilo soou como um desafio pessoal para Anahí, como uma forma de provar ao Jesse que ela mandava em si própria e nas suas vontades, ou se era apenas parte da brincadeira. Foi confuso pensar nas duas possibilidades, sabendo que eu nem precisava raciocinar sobre aquilo, afinal não passava de um jogo entre amigos.