Anahí
Quarenta e oito horas sem dormir e o que mais me atormenta é o fato de que o quadro clínico de meu pai continua o mesmo. Estável, eles dizem, e até Alfonso está tentando me convencer, mas eu só vou sossegar quando puder vê-lo sem todos aqueles aparelhos, quando voltar a ouvir sua voz. Fora uma noite turbulenta, Jesse e eu decidimos revezar, enquanto nossa mãe continua sem condições de voltar a pisar neste hospital, não que seja por sua vontade, mas da última vez que viera, precisaram interná-la, sua pressão estava oscilando, e temiamos que seu coração não suportasse também.
Quando o sol finalmente saiu, decidi que precisava de um café, algo que pudesse me aquecer, o ar condicionado do quarto estava congelante, e minha garganta já começava a incomodar. Dei uma última olhada no monitor que apresentava os batimentos cardíacos de meu pai e suspirei aliviada por notar normalidade, ele dormia tranquilo. Deixei um beijo em sua testa, saindo em seguida, não tive nem tempo de fechar a porta antes da voz acusadora surgir.
— Você – Maite descartou o copo de plástico no lixeiro antes de caminhar em minha direção, estava com seu habitual jaleco, pela expressão cansada, certamente tinha passado a noite em um plantão também. Eu até tentei abrir a boca para cumprimentá-la, juro que sem ofensas, mas ela continuou falando antes mesmo que eu pudesse dizer algo – Quantas vezes você pretende destruir a vida do meu irmão?
— Desculpe? – pisquei, meio que em choque.
— Não se faça de sonsa, Anahí – ela me cortou novamente – Quão infeliz ele precisa ficar pra você ficar feliz?
Então eu parei, uma parte dentro de mim me alertando de que eu acabava de ser colocada contra a parede, enquanto a outra me dizia de que era minha melhor amiga quem estava fazendo aquilo comigo. Ou melhor dizendo, ex amiga.
— Você não sente nem um pingo de arrependimento, Anahí? – Maite não possuía nenhum resquício de obstinação de parar com as acusações, pelo visto. Eu respirei fundo, voltando a me situar.
— Primeiro você para de gritar comigo na porta do quarto onde o meu pai está internado. – foi minha vez de cortar sua fala – E depois eu vejo se mereço suas acusações ou não. O que diabos você pretende?
— Então eu quem te pergunto, Anahí – ela cruzou os braços – O que diabos você pretende agora? Alimentar esperanças falsas no Alfonso para depois ir embora outra vez?
Certo, havia um impasse ali.
— Eu posso saber o que você tem haver com isso? – rebati, cruzando meus braços também para que ficassemos de igual pra igual. Um lampejo de fúria atravessou os olhos dela.
— Maldita hora que desafiei você a beijá-lo. Ali foi onde tudo se perdeu – então eu ri, ainda que minha risada fosse mais irônica que de fato, verdadeira.
— Você só adiantou as coisas, Maite. – eu disse, encarando-a – Aconteceria mais cedo ou mais tarde, porque o seu irmão me ama desde o dia que nos conhecemos, cabe a você aceitar. Principalmente porque não preciso da sua aprovação.
Então eu vi sua expressão mudar de raiva para algo como incredulidade.
— Mas você não o merece, Anahí, você nem mesmo... – ergui uma mão, interrompendo-a.
— E quem o merece? A Lily?! – deixei uma risada de escárnio escapar, vendo-a calar-se novamente – Amar não significa ser amado, essa sorte é para poucos. – dei de ombros, fazendo pouco caso.
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O Preço de um Sonho
FanfictionPlié... Demi Plié... Grand Plié ... O que te move? Para onde você quer ir? Qual seu objetivo? O que te faz feliz? Ou melhor, o que você faz para alcançar a própria felicidade? Não escolhemos os próprios sonhos, eles nos escolhem. Acredite no seu so...