O Preço de um Sonho

Capítulo 10

"Não quero ser alguém que vai embora facilmente, estou aqui para ficar e fazer a diferença que posso fazer. Nossas diferenças, elas fazem muito nos ensinando a usar as ferramentas e os dons que temos. Sim, há muito em jogo, e no fim, você ainda é minha amiga"

Alfonso

Fiquei parado praticamente meia hora em frente da casa dela, Tisha e Henrique decidiram ir para o interior de última hora, e Jesse demoraria a voltar, eu sabia disso. Algo me corroía por dentro, uma aflição e nervosismo jamais sentido. Foi difícil negar o pedido dela, porque eu quis desde o primeiro momento que ouvi da sua boca que desejava dar esse passo comigo, mas não era apenas praticar o ato em si, porque na minha cabeça eu deveria aceitar para ajudá-la, quando na verdade eu queria dizer sim para ocupar o lugar de primeiro homem da vida dela, e principalmente porque ansiava em fazê-la mulher em meus braços, com um desejo absurdo por descobrir cada detalhe, beijar cada espaço de pele, unir meu corpo ao dela por horas infindáveis.

Relutei diversas vezes antes de bater na porta, mas sabia que se não o fizesse agora, iria perder a coragem. Toquei a campainha, e o frio da barriga se misturou com o vento gelado da noite, cerrei os lábios para conter o nervosismo, mas tudo foi por água abaixo quando alguns minutos depois Anahí abriu a porta. Minha respiração perdeu o ritmo enquanto ela me encarava visivelmente confusa, desviei do seu olhar apenas o suficiente para vê-la dentro de um moletom cinza, com uma frase digna da sua personalidade "Eu sou a resistência", tornei a encará-la, as bochechas rosadas naturalmente, os fios desalinhados em um coque frouxo feito de qualquer jeito, o azul estava vívido, escondido apenas pela lente dos óculos de descanso, ela trazia consigo um livro novo, pude notar pela falta de post-its. Tinha tanto o que dizer, mas nunca me sentiria seguro para isso.

"E quando precisar de seu espaço para navegar um pouco, esperarei pacientemente para ver o que você descobrirá"

Anahí levou uma mão até a cintura com o olhar inquisidor que eu adorava. Balancei a cabeça quando notei o quão estava rendido por aquela garota, e dei dois passos para frente a forçando fazer o mesmo para trás. Não proferimos uma palavra, fechei a porta atrás de mim sem desviar a atenção, Anahí abriu a boca como se fosse dizer algo e eu a interrompi deslizando o polegar em seus lábios.

– Eu não quero mais brigar com você, por favor... não faz mais isso. – Pedi em um murmúrio enquanto nos encarávamos.

Ela soltou o livro no chão e me puxou pelo punho colando nossos lábios em resposta, talvez não soubesse a saudade que reprimi todos aqueles dias, e como foi bom descobrir que o sentimento era recíproco. Me permiti não pensar o porque estávamos agindo daquela forma, e como ficaríamos depois daquilo, porque céus, tudo o que eu queria era beijá-la. Saímos aos tropeços pela sala até nos chocarmos contra a parede, enquanto nossas línguas brincavam entre si, ora deslizando entre os lábios ora se deliciando da nossa mistura de sabores, não consegui evitar que minhas mãos percorressem o caminho da cintura dela até as costas por baixo do moletom.

– É melhor a gente parar, antes que eu não consiga mais... – Pedi quase em suplica, afastando os nossos lábios só o suficiente para um breve sussurro.