Alfonso
Nunca pensei que poderia ir do paraíso ao inferno em um simples estralar de dedos, ou o tempo que uma vela leva para apagar a chama. Minutos atrás eu estava me desmanchando entre os lábios da minha garota, mordendo os pulsos para que ninguém ouvisse meus gemidos que escapavam da garganta, denunciando o quão prazeroso era sentir o vai e vem da boca dela em meu membro. Depois nos despedimos com a promessa de continuar o que havíamos começado, em um lugar que não precisaríamos conter nossas sensações, e sim aproveitá-las.
E agora, eu estava ali, diante de uma Lily que não parava de chorar nem para respirar. Para completar, grávida, sim, ela estava grávida, e isso só poderia ser muita ironia do destino. Confesso que na última vez que nos envolvemos, aconteceu tudo muito rápido, sem nenhum planejamento. Sai do quarto de hotel da Anahí, onde após oito longos anos tivemos uma conversa esclarecedora, porém cheia de mágoas, suficiente para que eu saísse de lá destruído, imaginando tudo o que poderia ser, o que poderíamos ter sido na verdade.
Eu deveria ter ido para o meu apartamento, no lugar de ter escolhido um caminho pouco responsável tomado aquela noite, primeiro provei todas as espécies de bebidas destiladas, depois fiquei algum tempo na frente do prédio que Lily morava, travei uma batalha com meu subconsciente se deveria subir ou não, mas, porque não?!
E fui, a tomei nos braços e a fiz minha, de uma forma tão intensa como nunca antes, enquanto a beijava me recusei a abrir os olhos, tateei todo seu corpo e deus me perdoe por isso, mas durante todo o tempo desejei que fosse Anahí despida sobre mim, que fossem dela as carícias, e que os gemidos dela preenchessem meus ouvidos.
Quando terminamos uma angústia devastadora me tomou, não consegui se quer adormecer ao lado dela. Me senti um tremendo filho da puta, um covarde, todos os adjetivos horríveis passaram na minha cabeça e nenhum foi suficiente para descrever, imaginei até minha mãe me repreendendo por ter sido escroto ao nível de usar Lily para esquecer outra mulher.
Um lado meu dizia que fora uma atitude absolutamente normal, uma vez que acontecia vez ou outra sem nenhum compromisso, mas o outro, relembrava que jamais levei-a para cama com o intuito de maltratar o que sentia. Mesmo que Anahí permanecesse no meu coração, em um espaço intocado e inquebrável, eu consegui durante alguns anos esquecê-la, ao menos nesses momentos.
E assim como pude lembrar, não usamos camisinha, por uma falha absolutamente minha. Eu sabia que Lily não guardava o objeto em casa, e todas as vezes era de minha responsabilidade levar. Mas na última noite que transamos, não dei tempo a ela de ao menos raciocinar, eu tinha pressa, precisava sufocar de alguma forma a dor que me devastava por dentro, imaginei que assim como as outras vezes, eu poderia deixar meu sentimento guardado a sete chaves, ledo engano.
Vocês devem questionar agora, ponderando sobre a quantidade de métodos que poderiam ser utilizados, até mesmo depois do que aconteceu. Esquecimento talvez, irresponsabilidade, mas agora isso não vem mais ao caso.
— Eu não queria...eu juro que não. – Lily falou na defensiva, os olhos pareciam duas tochas de tão vermelhos.
— Você tem certeza? – Perguntei me referindo a confirmação da gravidez, me prendi na mínima esperança que pudesse ser um alarme falso.
— Já fiz cinco testes, todos positivos... mas se você preferir posso fazer um Beta HCG. – Pontou sem me encarar, e então tomei a cadeira a sua frente.
— Lily, eu simplesmente não sei o que dizer. – Suspirei pesadamente, e então adentrei os dedos em meus cabelos, puxando os fios.
— Não quero que diga nada, eu só preciso que você acredite que não foi planejado. Eu não seria baixa a esse ponto. – Ponderou, capturando as lágrimas na bochecha.
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O Preço de um Sonho
FanfictionPlié... Demi Plié... Grand Plié ... O que te move? Para onde você quer ir? Qual seu objetivo? O que te faz feliz? Ou melhor, o que você faz para alcançar a própria felicidade? Não escolhemos os próprios sonhos, eles nos escolhem. Acredite no seu so...