Capítulo 21

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Anahí


A noite fora um verdadeiro martírio, mesmo com o cansaço extremo não consegui adormecer por mais de três horas. A conversa com Alfonso não saia da minha cabeça, e pensar em nosso ponto final me causou um estranho desconforto, talvez confusa seja a palavra certa para me definir nesse momento, uma vez que eu deveria me sentir aliviada. Vi o dia amanhecer pela janela, senti falta da minha lareira e de acordar ao lado de Ian. Catei meu celular e enviei uma mensagem por whatsapp, tratando de afastar Alfonso de meus pensamentos.


"Somerhalder, diga que está cuidando das minhas plantas? "


Alguns minutos depois ele respondeu.


"Desde quando você as tem? Juro que não vi nada verde no seu apartamento. "


Prendi um sorriso imaginando a expressão curiosa dele.


"Nenhuma...só quis puxar assunto sem admitir que sinto sua falta. "


E ele devolveu.


"Pode repetir? =)"


Metido, gargalhei.


"Sinto sua falta, mas não sei quando vou voltar...ainda não consegui conversar com meu pai, preciso cuidar dele, não quero ficar longe, não agora. "


Então ele digitou, apagou, digitou outra vez...e por fim respondeu.


"Fique o tempo que for necessário, e sobre a parte da saudade...eu resolvo. "


Ele sempre resolvia.


Tomei um banho rápido daquela vez, coloquei a primeira roupa disponível na mala e prendi os cabelos com um coque frouxo, estavam enormes e com o calor de San Diego deixá-los soltos era praticamente impossível. Chamei um táxi e ele me levou até o hospital, no caminho mentalizei a última sinfonia do Ballet, e os movimentos suaves, que na verdade exerciam sobre mim o poder de um mantra, para me acalmar e lembrar qual era o meu lugar.


Passei entre os corredores sem memorizar face alguma, e fui direta até meu real destino. E lá estavam eles, meu querido irmão, mamãe e papai. Dona Tisha levantou da poltrona em um rompante, os olhos pareciam desacreditar no que viam, ela tentou proferir algo mas logo foi impedida por Jesse.


– Aqui não mãe. – Ponderou, a tocando no ombro.


Engoli o entalo que surgira em minha garganta, e dei mais dois passos até entrar no campo de visão do meu pai, que dessa vez estava acordado.


- Ana? – Perguntou, carinhoso.


– Sim papai, sou eu. – Respondi ansiosa, antes de pegá-lo pela mão, distribuindo ali diversos beijos. – Como se sente? Eu senti tanta saudade. – Confessei.

O Preço de um SonhoOnde histórias criam vida. Descubra agora