Capítulo 24

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Alfonso


Eu bem sei o que aquele brilho que encontro nos olhos de Luna significa, afinal, fui espectador e porque não dizer, entusiasta nato do mesmo brilho que ocupava aquele orbe azul que agora, igualmente fascinada, presta assídua atenção a cada movimento que minha sobrinha exerce.


Anahí está cumprindo o que prometera a Luna sobre acompanhar de perto um de seus ensaios, não cheguei a tempo de ver qual fora sua reação, mas ao observar o enorme sorriso que ocupa seu rosto, posso saber a felicidade que está sentindo. Preciso lembrar de agradecê-la depois pelo que está proporcionando a minha sobrinha.


Ela é a primeira a notar minha presença, e assim que seus lábios se curvam em um sorriso não sou capaz de impedir o meu próprio, ela está radiante, como há muito tempo não tinha o privilégio de vê-la, eu sempre adorei observá-la executar cada passo, desde os mais simples aos mais complexos, ainda mais vestida daquele jeito, o collant e as sapatilhas peroladas de ponta deixando-a ainda mais graciosa, o cabelo preso em um coque bem feito. Nas pontas dos pés ela ergue um dos braços, tomando impulso para flexionar os joelhos e finalizar no chão, não posso deixar de aplaudi-la.


— Bravo! Bravo! – Solto um sonoro assobio, puxando um aglomerado de aplausos. Desta vez, Luna também percebe minha presença, e enquanto aplaude, o sorriso ilumina ainda mais o seu rosto, se é que pode ser capaz.


Noto o tom rubro nas bochechas de Anahí e seu meio sorriso diante da algazarra de gritarias e aplausos. Logo o pequeno palco está tomado por mais crianças da mesma turma que Luna, quem já está posicionada para repetir o mesmo passo que Anahí fez a pouco.


— Você vai arrasar, Luna! Faça o seu melhor, meu amor! – Não contenho outro grito e enquanto caminho para mais próximo do palco, volto a sentir a mesma emoção e expectativa que sinto todas as vezes que estou na plateia para assistir mais uma das apresentações dela, normalmente Maite também está ao meu lado, às lágrimas, é verdade, mas igualmente torcendo pela filha, a vibração é única e assim como prometi quando Luna confidenciou que aquele era seu sonho, não serei capaz de deixar de apoiá-la nunca.


O som clássico transpassado através das teclas do piano tomaram conta do lugar e o primeiro passo de Luna abriu o ensaio, dava para notar que estava tudo devidamente coreografado, a professora ditava o ritmo e chamava a atenção de todos conforme achava necessário, Anahí, parada a alguns metros de distância sorria de um lado a outro e eu reconhecia em seu olhar o orgulho e até mesmo a própria imagem sendo refletida através daquelas crianças, principalmente em Luna, quem não deixou de sorrir a todo instante.


Eu não podia fazer menos que aplaudir e gritar todo o orgulho que sentia.


— Oh meu Deus, eu espero não ter perdido muito! – A voz doce de Lily me fez virar de imediato para olhá-la entrar apressada e um tanto quanto afoita, vasculhando algo dentro da própria bolsa, logo reparei que só guardava as chaves e o próprio celular um tanto desajeitada.


Pontualidade não era muito o seu forte depois de alguns anos na emergência caótica de um hospital, aquele era um reflexo. Sorri com a constatação.


— Hey, só um pouco atrasada. – Eu disse, assim que ela parou ao meu lado e não deixei de rir da careta que fizera.

O Preço de um SonhoOnde histórias criam vida. Descubra agora