Capítulo 12

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Anahí

Alfonso chegou e conseguiu conter os ânimos da mãe a muito custo, que visivelmente era a mais afetada. Minha mãe até tentou tranquilizá-la, mas por saber das dificuldades que a amiga passaria, não conseguiu ser muito positiva, simplesmente serviu um chá de camomila para Tia Ruth, com a desculpa de que não existe problema que um bom chá não resolva. Maite subiu para o quarto aos prantos e não abriu a porta pra ninguém, precisava de um tempo sozinha e nós sabíamos, por isso Alfonso e eu preferimos não insistir, afinal teríamos muito tempo para conversarmos depois disso. Meus pais se despediram com votos de que tudo ficariam bem, e que estariam do lado dos Herrera naquele e em todos os momentos.


Tia Ruth conteve os soluços e trocamos um abraço, e ali entendi a preocupação esmagadora dela ao imaginar a filha sofrendo com as consequências de uma gravidez inesperada e indesejada. Maite acabara de completar dezesseis anos, seguia os mesmos passos de Alfonso, sonhava com Stanford, boas festas e várias tatuagens. Por mais que fosse uma garota centrada, não anulava o fato de ser menor de idade, e de agora, ter a leveza da adolescência praticamente roubada. E o que ela iria precisar abrir mão, era o que me assustava. Mas posso afirmar com convicção que me esforçarei para não deixar que ela desista dos próprios sonhos, estou disposta até trocar fraldas e cuidar do nosso neném para Maite se dedicar ao máximo. E em meu íntimo, algo dizia que a nova espera ainda nos traria muita alegria.


– Nós vamos ajudá-la tia. – Prometi com um sussurro e então me despedi.


Alfonso me tomou pela mão e caminhamos em silêncio até o playground do condomínio.


– E agora? O que vamos fazer? – Perguntou Alfonso, enquanto fitava as crianças jogando bola em nossa frente. Ele mal cabia no balanço, mas não abriu mão de sentar ao meu lado.


Fiquei longos minutos em silencio, a bola rolava de um lado para outro enquanto as crianças corriam apressadas em volta dela, o desejo de alcançá-la era tão grande que parecia que dependiam daquilo para viver. Alfonso tocou meu pé com o dele, para chamar minha atenção.


– Acha que vamos conseguir? – Voltou a perguntar.


– Não temos escolha ... Maite precisa de nós, o bebê também...devemos apoiá-la Alfonso. Vai ser difícil para os seus pais, mas a única opção agora é aceitar. – O fitei enquanto proferia aquelas palavras. – Vai ser mais difícil ainda pra ela...


– Ela só tem dezesseis anos... – Disse entre um suspiro pesado. – E o pai da criança deve ter o mesmo.


– Não é o fim do mundo, poderia acontecer com qualquer uma, até comigo. – Frisei tentando suavizar a situação.


– Meio impossível com você, só faltou pedir que eu registrasse em cartório um documento afirmando que a camisinha não estourou. – Devolveu divertido.


Eu e minha mania de ser exagerada.


Lembrei da noite passada, onde andei em seu encalço para conferir que a camisinha estava intacta, e nenhum resquício de Herrera tinha ultrapassado a barreira de látex. Alfonso riu do meu desespero enquanto aguardava ansiosa pela constatação de que não corria o risco. Só então o liberei para ir para casa, aproveitando claro para grudar nossos lábios várias vezes no caminho até a porta.

O Preço de um SonhoOnde histórias criam vida. Descubra agora