Capítulo 8

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Alfonso

— Porque você faz isso? – Perguntei aturdido, segundos depois de afastar nossos lábios. Anahí ainda arfava.

— O que? – Perguntou com um sorriso malicioso nos lábios, enquanto me fitava diretamente.

— Feiticeira. – Respondi afastando nossos corpos, assim que percebi que mantínhamos a mesma posição perigosa.

— Eu pedi um beijo, o segundo foi por sua conta. – Devolveu enrolando um cacho entre os dedos, a expressão tão despreocupada que tive a impressão que ela se divertia com minha tensão.

— Eu vou pra casa. – Apontei levando as mãos até a cabeça, talvez como uma forma de manter o controle diante dela. – Isso aqui é loucura.

— Só porque é comigo? Com a Lily não lembro de você ter a mesma opinião. – Jogou franzindo o cenho, cruzou os braços e apoiou as costas na parede.

Anahí não costumava demonstrar nenhum sentimento de insatisfação quando eu me relacionava com outras garotas, mas com Lily foi diferente. Desde o dia que nos viu aos beijos no corredor do colégio, notei que criara uma aversão e antipatia sem motivo plausível. Depois dali confesso que nos encontramos várias vezes, e cogitamos até investir em um possível namoro, mas como nós dois ansiamos em ingressar em Stanford, percebemos que não era o momento, a prioridade era outra. Não que isso justifique a comparação, as duas nunca ocuparam um lugar se quer parecido, com Lily as coisas fluem naturalmente, temos o mesmo sonho, gostamos das mesmas coisas. Já a garota... Ah, seria necessário mais que um livro para explicar tudo o que vivemos, tudo o que sinto, tudo o que ela causa em mim.

— Não é a mesma coisa. Não gosto quando você vem com essas comparações. – Ralhei irritado, ela sabia que aquele assunto me aborrecia.

— E eu não gosto dessa sua bipolaridade, me beija como se fosse tirar minha roupa e depois fica todo arrependido, me faz um favor? Vai embora logo. – Caminhou até a porta e a abriu oferecendo passagem.

— Garota, não é isso. – Me defendi.

— Tchau Alfonso. – Bateu o pé irritada.

E eu sai, afinal não tinha justificativa para me defender diante do clima que surgira. Senti meu peito rasgar com a sensação de insatisfação ao cruzar a porta, principalmente pelo fato de não desejar aquilo, uma vez que no meu íntimo eu ficaria ali uma noite inteira. Daquela vez não para ver filme ou séries, como estávamos acostumados, mas fazendo outras coisas que invadiam minha mente em uma mistura perigosa entre hormônios e desejo.

E se naquele dia o calor fervia entre nossos poros, depois dali Anahí me ignorou como nunca. Pode soar estranho da minha parte, mas no final das contas fiquei aliviado por isso, eu sabia que precisava de um tempo longe daqueles malditos olhos para recuperar a sanidade.

Como se eu não conhecesse aquela feiticeira...

Anahí me ignorava de uma forma diferente, não era como se me evitasse, pelo contrário. Ela se fazia presente na própria ausência.

Quando nos encontrávamos na escola ela agia tão naturalmente que parecíamos os mesmos de antes, como se eu nunca tivesse encostado os lábios nos dela. O sorriso despreocupado e divertido só demonstrava o quão idiota eu era em cogitar que algo havia mudado entre nós. E para piorar, o quarterback.

Sorridente, popular, simpático e odiosamente fissurado na garota. E eu sabia disso, o infeliz deu o primeiro beijo dela, e Anahí sempre dizia que a primeira vez é algo inesquecível. Esse blá blá blá ouvi tantas vezes que nem quero imaginar quando o nível de descoberta crescer.

O Preço de um SonhoOnde histórias criam vida. Descubra agora