Capítulo 6

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    Emma teve que admitir que seria um pagamento justo a Fael e que era muito tentador dizer "sim". Mas aquilo seria loucura. Não podia simplesmente largar tudo e viajar com ele. E de qualquer maneira, por que ele a estava convidando? Seria algum esquema para se vingar de Cecília? Enquanto aqueles pensamentos lhe giravam a mente, ele se levantou e rodeou a escrivaninha.
   - Venha comigo. Não estou lhe propondo nenhum romance. Apenas sol, férias e um pouco de descanso entre dois amigos. - Fael deu um sorriso torto. - O que diz?
   - Eu... - Emma pensou numa semana inteira com Fael em Cozumel.
   - Vamos lá Emma, não diga "não" sem pensar. - Eva ergueu um das sobrancelhas.
   - Tenho que recusar. O que está propondo é loucura. - respirou profundamente tentando acalmar o coração disparado e o caos que se formou dentro de seu cérebro.
Fael se dirigiu para onde ela estava sentada. Estendeu os braços e a tirou da cadeira. Antes que ela até mesmo pensasse em resistir, a abraçou. Depois lhe ergueu a cabeça e a encarou.
   - Venha comigo a Cozumel.
   - Obrigada pelo convite, mas tenho que dizer "não". - baixou a cabeça.
   Depois do abraço Emma não foi capaz de olhar no rosto dele com firmeza. Eva achou melhor dar um pouco de privacidade a eles. Aliás, eram dois adultos e entre eles já existia uma longa amizade que ela conhecia bem demais.
   - Aqui. - Fael a entregou um envelope e começou a andar em direção a porta. - No caso de você mudar de ideia
   Um momento depois Fael já havia saído.
    Emma sabia que era irracional, mas se sentiu estranhamente desapontada. O que? Achou que ele ia implorar?
   Não abriu o envelope que ele deixara com ela até o carro dele desaparecer no final da rua. Seu coração voltou a disparar quando viu a passagem de avião, na primeira classe, com opção de duas escalas de partida, no aeroporto de Westchester.
    Emma não podia, era loucura até mesmo pensar nisso. Talvez fosse, mas, oh, seria maravilhoso fazer aquela viagem. Passar uma semana num resort de luxo. Imaginou os dois se beijando e balançou a cabeça. No que estava pensando? Não, não e não.  Toda ideia é um delírio total. Embora dissesse que não se importava com com o que as pessoa fofocavam, se importava com Cecília Paiva. E com o que sua mãe veria nas fofocas depois. Balançou a cabeça de novo.  Não podia ir. E ponto.
   - Emma... - Eva entrou na recepção com um pacote de modelos de convites e de cartões de agradecimento que pegara para mostrar as suas novas clientes.
   Emma olhou apenas de relance.
   - Você está bem? - Eva observou o envelope nas mãos de Emma. - Aconteceu alguma coisa quando me ausentei?
   Emma engoliu com força. Por mais absurdo que fosse, estava prestes a chorar. O que estava acontecendo com ela? Não queria preocupar Eva ao contar que não podia fazer a viagem, porque temia as chantagens perturbadoras que algumas pessoas na cidade haviam recebido.
   - O que está errado, filha?
   - Nada, apenas estou cansada hoje.
   - Não é de admirar, é? Qual foi a última vez que tirou férias?
   - Não sei. - Emma deu de ombros.
   - Eu sei. Nenhuma vez em dois anos. - Eva ajudou Emma a levantar da poltrona. - Vamos pra casa, vou preparar um banho quente de banheira pra você, abrir um vinho e pedir uma pizza. Não lhe parece bom?
   - Obrigada, mamãe. Parece ótimo. Já me sinto até melhor. - Emma não conseguiu deixar de rir.
    Beijou a mãe com carinho. Logo esqueceria o assunto da viajem. Achava melhor a segurança que o arrependimento.
   Naquela noite Emma sonhou com Fael. No sonho, estavam deitados numa cama grande e macia num quarto ensolarado. Acima um grande ventilador de teto girava lentamente, movendo o tecido fino que cobria a cama. E Fael lhe sussurrava doces palavras ao ouvido. Quando percebeu que não estava na cama, e as sensações não eram reais, e tudo não passará de um sonho, chorou com enorme lamento. Estava sozinha. Exatamente como estivera a três anos. Três anos muito solitários. Aquele era realmente o problema. Estava frustrada. Virou o travesseiro para o outro lado e tentou ficar confortável de novo, mas não adiantou. Depois de 30min se virando de um lado para o outro, soube que não conseguiria voltar a dormir e foi até a cozinha.  Serviu-se de um copo de leite com uma boa quantidade de chocolate e sentada a mesa se permitiu pensar outra vez na proposta de Fael. Tudo que ele havia feito tinha sido um convite ao Grand resort, onde teriam uma semana inteira de relaxamento.  Sem nada de romance, eram bons amigos, poderiam continuar como eram, amigos a longo tempo. Aquele beijo realmente não teve significado nenhum, foi um equívoco.
    Portanto, a menos que Delia Talbot, a fofoqueira do noticiário não soubesse, que mal teria uma semana de férias com Fael?

Por um milhão de dólaresOnde histórias criam vida. Descubra agora