Capítulo 14

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      Eram 11hs quando Emma chegou no escritório da Alencar. Tinha acesso a agenda dos eventos e sabendo que no dia seguinte seria realizado mais uma cerimônia de casamento, resolveu que melhor era ajudar Reed e sua mãe do que ficar em casa remoendo os pensamentos sobre ela e Fael.
   - Bem-vinda a casa. - saudou Reed. - Então, me fale onde você estava?
   - Obrigada, Reed. Fui ao Novo México.
   - É mesmo? Por que o Novo México?
    Emma deu de ombros antes de responder.
   - Li a respeito do lugar em um site e num impulso fiz a reserva.
    Emma odiava mentiras. Porém, tivera pesquisado um spa, assim podia falar com as pessoas sobre ele.
   - Bem, quero ouvir tudo a respeito, porém depois, porque agora é melhor sentar o lindo bumbum naquela poltrona e nos ajudar respondendo a alguns telefonemas.
   - Oh, Céus, Emma. Você já está de volta. - Eva abraçou a filha e parecia prestes a chorar. - Quando chegou?
   - Cheguei essa madrugada. Há algo errado? - perguntou Emma ao ver Reed literalmente torcer as mãos, quando Eva se juntou a eles.
   - Theo Meier rompeu o noivado.
   - Está brincando, certo? - Emma fez uma careta quando Reed deu a péssima notícia.
    Eva e Reed balançaram a cabeça em um mesmo movimento negativo.
   - Queria que fosse uma brincadeira de mau gosto. Mas não é. Theo rompeu.
     A mente de Emma entrou em colapso. O casamento seria em menos de três semanas. Pensou sobre todos os arranjos já haviam sido feito. E sobre o espetacular vestido especificamente planejado para Naomi kanker. Nos vestidos das daminhas de honra feito com renda importada de Bruxelas. Nas cinco empresas fornecedoras de alimento e no florista que ordenara orquídeas exóticas que custava uma fortuna. Nas pessoas e comerciantes que haviam sido contratados meses atrás. Nas tendas, nas cadeiras e nas mesas alugadas.  Nas toalhas e cortinas especiais. Na louça de prata e cristais. Nós músicos, garçons e bartenders. E nas centenas e centenas de presentes que haviam chegado para o casal. Com a cerimônia de casamento ou não, todos precisavam ser avisados e pagos.  Aquilo era um verdadeiro pesadelo.
   - Quando isso aconteceu? - perguntou Emma se deixando cair na poltrona.
   - Na quinta-feira. - respondeu Eva.
   - E por que não fui avisada logo?
   - Eva de maneira nenhuma conseguiu lembrar o nome do spa onde você fora. Tentei alguns spa da cidade, mas as respostas eram sempre as mesmas, que você não estava lá. - murmurou Reed.
     Emma sentiu a dor de cabeça chegar. Com o contrato desfeito, como ficaria a dívida de imposto da agência? Pagara um alto preço e agora não valia de nada ter ido a Cozumel com Fael.
   - Eu haviam desligado meu celular. Mas como pôde esquecer onde me encontrar em caso de emergência, mamãe?
    Eva balançou os ombros. Então Emma percebeu que a mãe havia escolhido não a incomodar de propósito.
   - E o que foi feito sobre o cancelamento?
   - Até agora nada. Não sabia se devia cancelar tudo. - Eva a olhava tensa.
   - Você é a pessoa que teria lidado melhor com a situação. - a franqueza de Reed como de costume, não ajudava muito.
    Emma fechou os olhos. Por que aquilo estava acontecendo com ela? Já não chegara ter o coração partido e sua vida está uma confusão? Teria que enfrentar o caos do trabalho também? Suspirou com força, abriu os olhos e acenou para Eva e Reed que precisavam sair para organizar os últimos detalhes do evento da noite de amanhã.
   - Está bem. Vou começar lingando para a juíza Portia. - Emma pegou o telefone.
    Quando completou a ligação foi informada de modo seco pela mulher que atendera que Portia Meier não estava atendendo a ninguém.
   - Preciso falar com ela. - explicou Emma. - Por favor, diga que é Emma Alencar e estou ligando para falar sobre a cerimônia de casamento.
   - Lamento. As instruções são claras, nada de telefonemas. Mas posso transferir a ligação para Alice Dawson, sua secretária particular.
    Emma batia com impaciência os pés no chão, esperando Alice entrar na linha. Certamente Portia dissera a ela o que fazer.
   - Lamento Emma, não sei o que lhe dizer. Ela se recusa a falar sobre o rompimento do casamento do filho. - a voz de Alice demonstrava todo seu desapontamento.
   - Não posso esperar até o último minuto para cancelar tudo. - Emma massageou a nuca. - Já vai custar uma fortuna como está.
    O suspiro de Alice foi audível.
   - Pelo menos a informe que liguei.
   - Vou informa-la imediatamente.
    Não era de admirar que cinquenta por cento dos casamentos acabassem em divórcio, estavam condenados antes mesmo de começar. No entanto apesar de tudo não permitiria que sua frustração fosse descontada em Alice, a pobre secretária já tinha trabalho demais.  Coitadinha. Afinal, tinha que ficar perto de Portia todos os dias. Emma estremeceu ao pensamento.  Agradeceu e desligou o telefone.
    Não podia ficar sentada sem fazer nada, esperando Portia se prontificar a lhe dar alguma instrução. No mínimo, precisava avisar aos comerciantes.
    Felizmente não tinha sido ela que encomendara o vestido de noiva e os vestidos das daminhas de honra, Portia e Naomi fizera isso diretamente, assim, Emma estava livre pelo menos daquilo. Passaria as duas horas seguinte ligando para todos os envolvidos e lhe dizendo que o casamento possivelmente não seria realizado e pedindo para preparar as contas de suas despesas e estabelecer as multas contratuais.

     Passava do meio dia quando Fael chegou ao escritório da Alencar eventos naquela segunda-feira.  Quisera ir mais cedo, contudo havia assuntos esperando por suas decisões e não seria conveniente deixar seus clientes esperar ainda mais tempo.
    Quando ele entrou no escritório Emma e Eva estava diante da mesa de trabalho e ambas se viraram ao som da porta. Eva sorriu e Emma que falava ao telefone tomou um susto.
   - Desculpe, não quis te assustar. - ele ainda não sabia com agir com Emma.
    Fael ficara muito irritado na quinta-feira quando descobrira que Emma partira de Cozumel sem nem mesmo lhe deixar um bilhete de explicação. Mas agora que a raiva desaparecera, percebeu que ela ficara apavorada, sem motivo, pois Felicity jamais faria mexericos.
   - Oi, Fael. - disse Eva. - Preciso conversar com você sobre o assunto que tem nos dado dor de cabeça nos últimos dias.
   - Oi, Eva. Felicity já me informou do rompimento do casamento de Theo Meier, se for esse o assunto.
   - Felicity conseguiu falar com você?
   - Ela me deixou um recado na secretária eletrônica após algumas tentativas de entrar em contato.
    Como Fael soube e Emma não, se estavam juntos? Eva ficou intrigada, mas não fez perguntas.
    Quando Emma terminou a ligação, ficou sentada olhando para o nada.  Estava sendo paranóica ao ficar ruminando o que aconteceu nos últimos dias, mas não conseguia se impedir. Ainda estava pensando quando o telefone tocou de novo.   Dessa vez era Alice Dawson.
   - Emma, a senhora Meier disse para cancelar tudo. O casamento definitivamente não vai acontecer.   Ela também disse para não se preocupar com o dinheiro, sabe que tem que pagar tudo. E vai enviar pelo correios a declaração que te prometera.
    - Como conseguiu realizar esse milagre, Alice? - Emma sorriu.
   - Não fui eu, foi o senhor Theo. - Alice baixou a voz.
   - Bem, obrigada.
    Emma deu a notícia no escritório e Eva se perguntou se havia alguma coisa no ar. Noivos demais estavam mudando de ideia. Primeiro Cecília e Fael, agora Naomi e Theo. Quem seriam os próximos?
   - Emma, tem um minuto? - Fael disse para despistar Eva.
   - Vou ao meu escritório. - Eva saiu e fechou a porta.
   - Fael, estou...
   - Emma, Por que...
    Ambos falaram e pararam ao mesmo tempo e o silêncio pesou entre eles.
   - O que ia dizer? - perguntou Fael.
   - Apenas que lamento ter partido sem me despedir. Escute... - Emma lançou um olhar em direção a porta do escritório de sua mãe. - Não quero falar aqui.
   - Vamos almoçar em algum lugar. - a voz dele desceu para um sussurro.
   - Não posso. Tenho um compromisso  a qualquer minuto.
   - Mais tarde, então.
   - Está bem. - Emma estava relutante. - Embora não haja nenhum motivo.
   - Emma. - agora Fael estava ficando com raiva de novo. - Você me deve uma explicação e não vou a lugar nenhum até ouvir o que tem a me dizer.
   - Falaremos a noite. Não posso tirar folga nenhuma hoje. As coisas aqui estão uma confusão e minha mãe não tem como lidar com tudo sozinha.
   - Na sua casa a noite?
   - Pode ser. As 20hs.
   - Estarei lá. - começou a sair, então parou. - E Emma, não finja que não estará em casa como fez da última vez que estive lá. Hoje não pretendo ir embora sem falar com você.
    Emma se perguntou por que tinha concordado em receber Fael em sua casa. Por que concordou em vê-lo? E que bem resultaria aquilo? Chegou a conclusão que não teve escolha, foi por isso. Como ele disse, não se afastaria sem uma explicação.
    Depois que Fael se foi, Emma se dirigiu até o escritório de sua mãe.
   - Ele ficou zangado por causa do cancelamento do casamento do Theo?
   - Não ficou, ele tem outros trabalhos.  - Emma não mentiu.
   - É mesmo? Acha que vai cobrar a juíza Portia o preço combinado, já que dispensou importantes eventos fotográficos por causa do dela?
    Emma deu de ombros porque realmente não tinha ideia do que Fael faria a respeito do cancelamento.
   - Vamos esperar a decisão dele.
    Pelo restante do dia, não importava o que estivesse fazendo, Emma não conseguia manter o pensamento longe de Fael, por mais que tentasse.   Finalmente o dia terminou e ela pôde ir pra casa, estava exausta, dolorida até os ossos. A última coisa que queria era discutir com Fael, mas sabia que se ligasse pra ele e tentasse cancelar o encontro, ele não concordaria. Além disso era melhor acabar logo com tudo aquilo. Sem o dever explicações poderia começar o processo miserável de esquece-lo. Deixar pra trás aquela semana maravilhosa que passou junto a ele em Cozumel e seguir em frente com sua vida.
    Concluiu que se sentiria melhor se tomasse um banho e vestisse alguma coisa mas confortável antes que ele chegasse. Imediatamente subiu ao andar superior onde ficava seu quarto e entrou no banheiro.

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Por um milhão de dólaresOnde histórias criam vida. Descubra agora