Ondas de choque percorreu corpo de Emma quando fael mergulhou sua língua na boca dela. Sentiu-se confusa ao perceber que sua fantasia estava realmente acontecendo. Mesmo durante toda sua amizade com ele nada disso ocorra, foi somente durante o noivado e planejamento do casamento dele que surgira esses momentos em que não conseguiu se impedir de imaginar como seria ser Cecília. Ser beijada por ele. Ser tocada.
De repente em meio a névoa de sensações que sentia, Emma ouviu o som de mensagem chegar no seu celular. Fael deve ter ouvido também porque imediatamente a soltou e ela se afastou. Por apenas um momento se olharam. Então ela pegou o celular e leu as mensagens.
- Eu... Eu tenho que ir. - abriu a bolsa, pegou o envelope que Eva havia preparado e colocou abruptamente na mão dele. - Aqui, foi isto que vim trazer.
Era a devolução do depósito que ele fizera meses antes, quando ele e Cecília tinham solicitado para Eva cuidar dos preparativos para o casamento deles.
- E Polly deixou um abraço. - avisou. Constrangida demais para esperar uma resposta ela se virou e o mais depressa que conseguiu, fugiu da casa de Fael.
Ele ficou parado com o envelope nas mãos. Em que estava pensando? Não, certamente não estava pensando. Pelo menos não com o cérebro. Fael deixou escapar um suspiro e praguejou contra si mesmo. Aquela devia ter sido a coisa mais estúpida que já fizera em toda sua vida. Praticamente atacara uma amiga. Por que? Estaria de algum modo tentando se vingar de Cecília por transforma-lo em objeto de riso e deboche? Cerrou os dentes. Era aquilo que o deixava enfurecido. Era realmente aquilo que o deixava ridicularizado. Em algum nível, sempre soubera que alguma coisa faltava em seu relacionamento com Cecília. Ela era doce e adorável, exatamente o tipo de mulher que qualquer homem teria orgulho de chamar de esposa, mas se fosse honesto consigo mesmo precisaria admitir que não havia faísca entre eles. A verdade que não admitira para mais ninguém, era que eles nunca foram íntimos, Cecília tinha sido relutante e quisera esperar até estarem casado e Fael respeitara seus sentimentos sem problema. Assim quando Cecília rompera o noivado por causa de outro homem ele ficou muito mais constrangido que magoado. No entanto depois se perguntou se a relutância dela em fazer sexo antes do casamento não tinha sido por falta de desejo por ele do que pela necessidade de se manter casta. Ela era casta? Como ele havia pensado, agora questionava tudo sobre o relacionamento, em especial seu próprio julgamento. Seu ego estava tremendamente ferido e o fato de todos em seu círculo social saberem exatamente o motivo que causara o rompimento tornava a situação dez vezes pior.
Fael foi fechar a porta que Emma deixou entreaberta ao sair correndo e ainda pode ver de longe quando ela subiu no Uber e o veículo se afastou da rua. Ela certamente estaria aborrecida. Usou as mensagens recebidas como desculpa pra fugir da situação desagradável. Mas não o havia empurrado quando a beijara. Na verdade, reagiu com bastante entusiasmo. Talvez, Emma fosse exatamente o que ele precisava no momento, se ficassem juntos, os mexeriqueiros teriam outra coisa sobre o que falar e deixariam de sentir pena dele. A ideia era boa para ele, mas depois de pensar um pouco melhor, percebeu que não podia fazer aquilo com Emma. Simplesmente não seria justo usá-la assim.
Voltou a cozinha e terminou seu café. Analisou o envelope que Emma colocara em sua mão. Um cheque de 80 mil dólares de devolução do depósito que fizera quando ele e Cecília haviam começado a planejar a cerimônia do casamento. Era gentileza de Eva fazer a devolução. Mesmo assim tinha perdido os dólares que havia pago pela lua de mel que não teria. Sem mencionar o custo do anel de diamante que Cecília devolveu. Um anel que, tinha certeza, o joalheiro não aceitaria de volta, ou se aceitasse, daria a Fael apenas uma fração do valor pago. Esperava que Eva não tivesse tido prejuízo por causa do cancelamento da cerimônia de casamento. Mas certamente ela teria reduzido as despesas antes de preencher o cheque. Ainda era sua chefe? Sorriu ao fazer uma anotação mental pra lhe explicar a ausência no trabalho, sem nenhuma satisfação por todos esses dias de afastamento, sem atender suas ligações ou responder nenhuma das mensagem que lhe enviara.
Fael pôs outra xícara de café e sentou-se a escrivaninha. Pegou o telefone e retornou algumas chamadas, a visita de Emma lhe encorajou a começar a se erguer novamente.Dentro do Uber Emma não conseguia parar de pensar no que havia acontecido. Céus. Céus. E céus. Em que estava pensando? Por que havia permitido aquele beijo? E depois de permitir por que fugiu? Fael agora saberia. Ou suspeitaria que ela sente algo por ele. O rosto dela queimou só de pensar em seu comportamento fora de controle. Não podia nem imaginar no que o amigo estava pensando. Como poderia olhar pra ele de novo? Fugira rapidamente daquele jeito da casa dele. Devia ter pedido desculpas, dizer alguma coisa idiota sobre estar atrasada para um compromisso e...
Ainda estava se dando um sermão mental, furiosa consigo mesma, quando recebeu uma ligação de Eva. Tentou se controlar e esquecer o que havia acontecido com Fael. Se beijaram e daí?
- Então, como foi? Ele concordou? - ouviu as perguntas de sua mãe em bom som. E congelou.
Havia esquecido completamente do motivo principal de sua ida a casa de Fael. Certo que pretendia devolver o depósito, no entanto, seu objetivo de maior importância era fazer com que ele aceitasse tirar as fotos do casamento do filho da juíza Portia, e se esquecera de lhe falar a respeito.
- Ele vai me ligar depois pra me dar a resposta, mamãe. - respondeu dizendo a si mesma que não havia mentido para a mãe ao deduzir que Fael pensaria sobre o assunto.
- Oh, céus. - Eva lamentou em tom decepcionado. - Tinha certeza que você seria capaz de conseguir.
- Fael não disse "não" ainda.
- Devo ligar pra Tristan? Portia vai ficar desapontada, mas talvez Tristan tenha alguma boa ideia que ela aceite. - era evidente o pesar de Eva.
- Não ligue pra ninguém ainda.
- Está bem, acho que se alguém pode conseguir esse trabalho de Fael, esse alguém é você.
A mente de Emma estava tumultuada quando desligou o celular. E agora? Tentou não entrar em pânico, mas sabia a solução. Teria que superar seu constrangimento, pegar o celular e ligar para Fael. Agora.Fael enviava um boletim de notícias a seus principais clientes, entre eles estava Daniel do Texas, que requerera o trabalho fotográfico dele para impactar a venda de seus cavalos de preços altos, bem cuidados. Maureen, que também precisava de um ótimo trabalho fotográfico para divulgação de suas instalações de hospedagem na Irlanda. E por fim, mas não menos importante, a família Mourão que acabará de ter trigêmeos e queria exibir em um ateliê de artes, belas fotografias da família linda, feliz e bem sucedida.
Família. No ritmo que a vida de Fael passava, talvez nunca tivesse uma. Nem fez as fotos de casamento como havia elaborado, imagine agora obter uma nova esposa, que além de tudo quisesse filhos tanto quanto ele sonhara. É claro que não escolheria uma mulher qualquer, quando se interessasse novamente a felizarda teria que ser inteligente, atraente e agradável. Sem que ele quisesse, veio em mente a imagem de Emma. Fez uma careta. Oh, claro. Como se Emma estivesse disponível. Ela sempre foi clara sobre seus pensamentos em relação a compromisso para qualquer um que se desse o trabalho de se enamorar dela. Havia se iludido uma vez durante sua adolescência e não tinha a menor intenção de se permitir ser iludida de novo. Quando Fael resolveu anunciar sobre seu casório, desejou que Emma encontrasse alguém e fosse feliz. Mas quando tentou insistir, ela disse que agora se dedicaria a sua mãe e a sua carreira. Definitivamente Emma não era uma candidata ao seu alcance. Afastou com determinação todos os contratempos que não fosse relacionado a trabalho e retornou para as ligações. Tinha acabado de conversar com sua mãe e dizer que sim, iria ao jantar daquela noite, quando Emma ligou.
- Oi, Emma. Estou feliz por ter me ligado.
- Oi, Fael. - hesitou antes de responder.
- Pretendia ligar pra você mais tarde e lhe agradecer a devolução do depósito.
- Por nada. - a voz dela se tornou energética, deixando claro que queria apenas tratar de negócios.
Fael compreendeu que ela não mencionaria o episódio do beijo. Ótimo. Isso tornava as coisas mais fáceis. Podiam os dois fingir que nada havia acontecido.
- Acho que Eva me deu demais. Deve ter havido algumas despesas ligadas ao cancelamento.
- As despesas foram mínimas. No entanto, temos um favor a lhe pedir.
- Do que vocês precisam? - imitou o tom dela.
- Estamos cuidando do casamento de Theo Meier e a juíza Portia exige que as fotos do casamento sejam tiradas por você. Pode pensar no assunto? Ela está disposta a nós fornecer a declaração que anula aquela dívida atrasada de imposto de renda.
- Isso é ótimo. - fez um cálculo rápido na cabeça. - Farei, com certeza.
- Obrigada. Devolvo o favor de algum jeito.
- Já pode ir pensando em algo, porque me deve essa.
- Obrigada, Fael. - Emma agradeceu novamente e se despediu. Depois desligou.━━━━━━ • ✿ • ━━━━━━
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Por um milhão de dólares
RomansaTodos ainda estão a falar do casamento que não aconteceu entre a filha do ator Alex Paiva e o fotógrafo Fael Ferraz. Pois achavamos que ele estava inconsolável, mas talvez não esteja tão cabisbaixo assim. Se espalhou pela cidade que ele embarco...