Soft as flowers (L.S)

Prólogo✓

Eu nunca entendi o que acontecia comigo, eu me sentia tão estranho, deslocado... Uma aberração.
As coisas funcionavam assim desde sempre. Não lembro de algum momento em minha vida que pude respirar fundo e me sentir encaixado, eu era apenas um garoto sozinho.
Segundo a filosofia a solidão é a arte do encontro com o vazio existencial. Esse vazio tem duplo sentido. Um é o da existência, da busca de um significado metafísico; o outro é o da ausência, da perda de algo importante.

Eu me chamo Louis, apenas um garoto que gosta de ler e passar um tempo na floricultura onde trabalho.
Tenho dois irmãos, Adam e Ethan. Eu gostaria muito de dizer que não tenho irmãos, mas infelizmente Deus me amaldiçoou. Não me entenda mal, mas quando você cresce sendo tratado com repulsa, sendo chamado de "Herege inescrupuloso" desde que tinha apenas 10 anos... O laço que deveria existir entre irmãos vira apenas uma mera obrigação dos padrões que me foram impostos.

E bem, já que toquei no assunto família... Acho válido ressaltar o descarado favoritismo que sentem pelos meus irmãos, eles são os como o sol e eu Plutão, o planeta anão. Meu pai John é um homem muito respeitado e conhecido na cidade, ele comanda as maiores igrejas da cidade, todos o consideram um grande pregador da palavra de Deus, mas eu sei bem quem ele é, sei exatamente... Frio, sem coração, um homem feito de mármore. Acho que por isso ele e minha mãe, Mary, se dão tão bem, duas pessoas que vivem de aparências fingindo uma sensibilidade divina que definitivamente não tem.

Eu não sei porque me sinto tão fora disso tudo, um peixe fora d'água. Eu sempre soube que era diferente deles. Sou um menino sensível, delicado, que gosta de flores e tocar piano, que sinceramente não sabe porque veio a esse mundo justamente nessa família. Eu não tenho saída.

Meu destino é viver sozinho e sem nunca ser amado.