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"Você é meu p-pai?" Minha voz saiu embargada.

"Sim, me chamo Mark, meu filho... assim que pousei meus olhos em você lembrei de quando te segurei no colo, foram apenas algumas horas... Não sabe o quanto te procurei durante esses anos, mas sua mãe simplesmente sumiu, sem dar notícias, Nikaia me contou que ela foi morar na Inglaterra, lugar que ela é de origem. Eu nunca soube o que aconteceu com você até Nikaia me dizer toda história horas antes de sua morte." Eu estava calado, tenso e sentindo o suor frio nas minhas mãos, por baixo da mesa Harry enlaçou nossos dedos, vendo que eu estava pálido."Eu quero estar perto de você, meu filho, saber como você cresceu... Como está, do que você gosta, tudo isso e quero te contar a sua verdadeira história, mas irei te contar aos poucos, são muitas informações para processar." Sua voz era firme mas ao mesmo tempo suave.

"Tudo bem, eu tenho quatro dias para você me esclarecer tudo." Suspirei pesadamente, trocando um olhar com Harry. "Eu não tive uma vida feliz, cresci num lar problemático e sem amor, sempre um entulho,pais fundamentalistas religiosos que me oprimiram em todos os sentidos possíveis, apenas agora com dezoito anos tenho liberdade, meu emprego, entrei numa faculdade e bem, eu estou apaixonado e namorando pela primeira vez." Harry sorriu ao meu lado, me acalmando.

"Prazer, rapaz, qual seu nome?" Ele apertou a mão do Styles.

"Me chamo Harry Styles, é um prazer conhece-lo também. Não imagina o quanto procuramos por respostas, espero que possa nos dar." Como sempre doce e gentil.

"Eu vim para isso, espero conseguir sanar a maioria das dúvidas, mas quero também conquistar um pouco do coração do meu filho." Era tão estranho ver alguém me chamando de filho, ainda mais um alguém que eu conheci há minutos.

"Eu quero muito poder te conhecer melhor, Mark, eu nunca tive um pai de verdade, o que eu tinha me tratava como um encosto." Eu tenho tantas coisa para falar, contar tudo que eu já passei, mas penso em como falar tudo isso sem fazer ele se sentir culpado, porque eu tenho maturidade o suficiente para entender o que os levaram a me dar para Mary e John. "Inclusive, não converso mais com eles, me agrediram quando descobriram minha sexualidade e me colocaram para fora de casa." Dentro de mim algo implorava para que meu pai biológico fosse totalmente diferente disso.

"Eu sinto tanto por você ter caído nas mãos de pessoas assim, se eu pudesse trocar qualquer coisa por ter lhe dado uma infância e adolescência descente, eu juro que trocaria." Sua mão áspera e calejada tocou a minha, eu não segurei as lágrimas.

"Não quero que se culpe, quero que você faça do nosso tempo juntos inesquecível." Eu o abracei forte, chorando em seu ombro. "Eu quero que você conte sua história com minha mãe."

"Louis, sua mãe foi e é o amor da minha vida, o que vivemos foi a parte mais intensa e viva da minha vida, algo que ao destino separou fisicamente, mas jamais conseguiu desenlaçar nossas almas." Seus olhos castanhos se fecharam tristes. "A culpa é toda minha, preferi seguir uma profissão que eu não queria ao invés de ir viver com ela, casar com a mulher que meus pais escolheram, fui um bundão, me arrependo amargamente. Nós nos conhecemos quando ela tinha 17 e eu 20, foi um amor muito intenso que era palpável, eu era prometido a uma filha do sócio do meu pai, mas tudo aconteceu tão rápido, nos apaixonamos, namoramos escondido por uns meses e logo sua mãe descobriu que estava levando um fruto do nosso amor no ventre. Nós pensamos dezenas de vezes em desistir, mas no final seguimos com a gestação, éramos dois jovens sem cabeça, sua mãe queria ficar com você desde o começo, eu fui um canalha... Um dia quero reecontrar a Jay." Finalmente ele revelou o nome dela. "Me desculpar por tudo, fui covarde e prejudiquei pessoas demais." Eu via o claro arrependimento em seus olhos, na sua voz e até nos seus gestos, aquele homem era um poço de arrependimentos.

Soft as flowers (L.S)Onde histórias criam vida. Descubra agora