07✓

138 15 6
                                    

No final daquela noite, eu descobri que Lisa era a garota que me pediu o buquê, logo Rose teria uma bela surpresa. Eu estava mais animado ainda para fazer algo incrível, o amor dessas duas era radiante.

A noite foi acabando, meus pais foram embora, estavam satisfeitos, pois na sua imaginação algo estava acontecendo entre Rose e eu. Coitados

(...)

Infelizmente já era domingo e como em todos os domingos às 17h eu ia a igreja com minha família. O mais cansativo de tudo isso era precisar aguentar todas as pessoas elogiando meu pai e o tratando como se ele fosse o próprio Jesus Cristo.

Eu toco piano no coral e essa é a única parte legal de ir a igreja, porque além de amar tocar piano, eu amo não precisar participar do culto.

Eu era forçado a usar camisa e calça social, além de precisar passar gel no cabelo, eu ficava adoravelmente crente.

"Filho, você precisa se apressar, eu sou a atração principal da igreja, não posso me atrasar." Meu pai apareceu na porta do meu quarto.

Bom, pelo o que eu conheço a atração principal é louvar a Deus.

Mas eu não respondi isso, apenas avisei que estava pronto e poderíamos ir, meu pai com seu ótimo humor de sempre, apenas resmungou e desceu as escadas.

Eu nunca entendi o porquê de meu pai me tratar como o bastardo. Eu sempre fiz tudo que ele me pediu, jamais o desrespeitei, nem perto disso, quando ouço sua voz fico com a cabeça baixa mostrando respeito.

É como se toda hora todos combinassem de mostrar o quanto eu na pertenço a essa família, eu já não me importo mais, é uma honra não pertencer a este circo.

(...)

A igreja estava lotada de pessoas bem arrumadas, aos domingos todos os fiéis tiravam suas roupas sociais e seus vestidos caros para louvar a Deus, sinceramente... Se Deus existe, acho que ele não se importa com o que você está vestindo, ou ele prefere ajudar alguém de terno do que alguém de camiseta e bermuda? Toda essa arrumação não era para Deus, mas sim para a imagem que cada um queria passar, a maioria ali era bem de grana, às vezes mais parecia uma competição de quem tem mais dinheiro do que fiéis louvando.

Eu ficava escondido no piano, enquanto o coral se posicionava no altar, todos vestidos de azul. Gostava de observar os rostos de cada um, analisar suas expressões e como agiam diante da situação.

Como a senhora Evans, uma idosa de sessenta e poucos anos, de cabelos longos grisalhos e vestidos igualmente compridos, sempre cheia de jóias e artigos de grife, olhava prepotente para as outras pessoas ao seu lado. O que adiantava ler na bíblia que se deve amar o próximo e não reproduzi tal mandamento, acho engraçado que quando é para apontar os pecados dos outros e dizer que tal ato é contra os mandamentos de Deus, ela é uma das primeiras.

O senhor Williams era definitivamente a pessoa menos artificial dali, ele era tão sereno e calmo, nunca casou ou teve filhos e sempre andava com o senhor Carter, eles moravam juntos como melhores amigos, algumas pessoas comentavam suposições sobre existir algo além entre eles, talvez fosse uma possibilidade real, eu conseguia ver o modo diferente que se olhavam...

Tantas pessoas diferentes, com razões mais variadas ainda... Como uma igreja protestante poderia ter tanta gente diferente e ao mesmo tempo querer que elas vivam do mesmo jeito, seguindo as mesmas coisas

Meu pai começou o culto e junto a ele comecei a tocar piano... Apesar dos meus dedos serem pequenos, eu era ágil e habilidoso tocando o belo instrumento. Começamos com I Never Lost My Praise, apesar de não gostar do estilo de música, era uma canção bonita.

Soft as flowers (L.S)Onde histórias criam vida. Descubra agora