A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.
A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,
o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se,
o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.Vinicius de Moraes
"Louis." Ethan, meu irmão mais velho, me chamou, eu apenas ignorei, não queria conversar com um boçal. "Porra, pirralho, me responde!" Gritou. O que esse ser queria? Desci rápido as escadas, revirando os olhos e bufando, já disse que odeio meus irmãos?
"Fala sério, Ethan." Chamei. "O que você quer? Não pode esperar?" Cruzei os braços.
"Eu preciso falar contigo sobre uma coisa séria, na verdade, quero te fazer um convite. Sente-se" Apontou com com um leve sorriso debochado em seus lábios, eu já sabia que não vinha coisa boa. "Sabe.. Cindy e eu temos uma pessoa pra lhe apresentar, sábado de noite iremos fazer um jantar para comemorar nossos 3 anos de casados, ela tem uma afilhada da sua idade... Rose é uma menina muito educada, gentil, recatada e de boa família." Só o que me faltava, querem me arrumar casamento. Eu olhava com desdém para ele, é óbvio que eu não aceitaria, eu não quero namorar.
"Olha, muito legal da sua parte e da Cindy e tudo mais, eu agradeço pela boa intenção, mas eu não tenho interesse, eu só quero me formar, entrar na faculdade e seguir minha vida." Tentei soar o mais conciliador possível, não quero arrumar confusão, mas não vou me submeter a fazer algo forçado.
"Louis, você precisa arrumar uma namorada logo, você já tem 17 anos! Nunca namorou, nem sei se já beijou alguma menina na vida, isso é estranho, as pessoas comentam, sabia?" Franzi as sobrancelhas, encarando meu irmão completamente perdido. As pessoas falavam de mim porque eu não namoro?
"O que exatamente elas comentam, Ethan?" Engoli o seco que havia se formado na minha garganta. Por mais que eu tentasse ignorar, dói saber que as pessoas insinuam coisas sobre você, falam mentiras e te repulsam.
"Ah, querido,algumas falam que você só pode ser perturbado, alguns que você é só tímido e não encontrou a menina certa e bem, outros acham que você é um sodomita." Falou a última parte mais baixo.
Eu paralizei, um arrepio gelado percorria todo meu corpo, me causando uma sensação inexplicavelmente degradante e de náusea, um enjoo tomou conta de mim.
"O que?" Perguntei sem olhar diretamente para ele, em um tom tão baixo que era difícil de ouvir.
"É, eu te disse, é horrível, por isso você precisa fazer isso para mudar sua imagem, calar a boca desses fofoqueiros." Eu sabia que Ethan não falava isso porque ele se importava comigo, mas sim porque ele se importava com a reputação da família.
Eu me sentia cabisbaixo demais para negar seu pedido.
"Tudo bem, eu concordo em conhecer essa tal menina." Eu não conseguia olhar em seus olhos.
"Ótimo, sabia que faria o correto." Sorriu vitorioso, apertando minha mão. "Bom, eu preciso ir, mas durante a semana nos falamos mais para combinar tudo." Eu apenas concordei com a cabeça.
Ele saiu pela porta da frente, me dando um último olhar de confiança, eu me senti um lixo por não conseguir ter negado seu pedido, mas saber tudo aquilo que falavam sobre mim, me abalou profundamente.
Eu tentava não pensar nisso... Sobre minha sexualidade. Não é como se eu pensasse muito, o máximo que eu conseguia afastar, eu afastava. Mas de fato, eu sabia que não sentia atração por mulheres, eu simplesmente não conseguia, mas ao mesmo tempo nunca me deixei sentir algo por outro homem. Eu tenho medo. Medo dos meus sentimentos, medo do que eu posso descobrir. Eu gemi frustrado, não tinha ido a escola para não me estressar e agora isso.
Subi para o meu quarto, como se tivesse subindo para um funeral. Deitei olhando o teto. Suspirei baixinho... Fazia tempo que esse questionamento não me atormentava e agora ele retomou com força.
Eu não tive experiências amorosas durante a vida, nunca me permiti observar alguém dessa maneira, mas eu sei o que me chama atenção eu alguém... Meus sentimentos eram trancados em um calabouço, eu tinha tanto medo deles... Mas eles conseguiam escapar às vezes.
Agarrei forte o travesseiro contra meu rosto e gritei.
(...)
Era hora do almoço, eu dificilmente estou em casa nessas horas, mas como hoje tinha faltado aula, infelizmente estaria presente nesse falso momento em família.
Minha mãe estava fazendo o almoço, enquanto eu arrumava a mesa, meu pai e Adam conversavam sobre alguma coisa do hospital onde Adam trabalha.
"Queridos, venham, o almoço está servido." Minha mãe os chamou com um sorriso doce. Logos os dois vieram, meu pai deixou um beijo casto em sua bochecha e sentou se na ponta da mesa, com seu ar de soberba, deixando claro o quanto ele era quem comandava as rédias da família. Ao seu lado, meu irmão do meio Adam, ele olhava para meu pai com seus olhos castanhos brilhando, era claro sua profunda admiração por ele. Minha mãe sentou ao lado de meu irmão, sempre com a cabeça baixa mostrando submissão ao meu pai.
Eu nunca consegui entender como ela ficava completamente rendida ao meu pai, o tratava como se ele fosse um tipo de Deus e ela uma mera mortal.
Eu apenas comi em silêncio, tentando não olhar diretamente para ninguém. Assim que finalmente terminei, lavei meu prato e já fui me despedindo, eles não estranharam, muito menos se incomodaram, eu não tinha importância.
(...)
A floricultura estava estonteante hoje, vários arranjos de flores tinham recém chegado, eu fazia questão de organizar com calma e pensando no jogo de cores.
Eu estava ouvindo uma música em francês, eu sempre fui apaixonado por essa língua, meu maior sonho é viajar para França, talvez um intercâmbio antes da faculdade.
Eu cantava baixinho arrumando as coisas quando o som da porta abrindo soou. Eu já imaginava que seria dona Eve chegando, mas não sabia que estava acompanhada.
E meu Deus, que companhia.
(...)

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Soft as flowers (L.S)
FanfictionPara Louis Tomlinson aquela realidade e aquele cotidiano que vivia não parecia ser o mundo, muito menos aquilo que ele queria para a sua vida. Então, decidiu sair da "caverna", mas como sair da "caverna" quando se é filho de um pastor rigoroso e de...