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"Eu não sou como as outras pessoas. Eu estou queimando no inferno. O inferno de mim mesmo."
Charles Bukowski

"Louis, às vezes eu fico pensando onde nossos pais erraram com você." Adam resmungou.

Ele estava assim comigo apenas porque pedi uma carona até a escola, na verdade ele sempre está de mau humor quando o assunto sou eu. Eu nem me importava mais, sinceramente eu já tinha me conformado que ele não gostava de mim.

"Adam, se quiser me largar aqui..." Disse bufando, eu posso tolerar as palavras que ele diz, mas não preciso ficar ouvindo a ladainha.

"Não, Louis. É sério, por que você é assim? Você não é como os outros adolescentes da família." Ele me lançou um olhar condenador. "Seu maior problema é sua prepotência, acha que é melhor que eu e Ethan, mas você não é, definitivamente." Eu só quero sair desse carro.

Como ele poderia me chamar de prepotente? Eu sequer tenho auto-estima para isso. Acho que Adam tem uma ilusão sobre pessoas que não agem como ele, que todos que não vivem do modo dele são prepotentes e arrogantes.

Qual o sentido disso? Por que julgar alguém que não vive seu modo? Para que impor seus modos em alguém?

As pessoas são tão diferentes, as manias, os costumes, as culturas, não podemos julgar ninguém pela nossa visão de mundo, afinal todos vivem no seu mundinho particular dentro da própria cabeça.

"Vai, desce aí." Falou grosso.
Eu bati a porta do carro com força. Babaca de merda.

(...)

Sentado na sala de aula, eu ouvia o professor Williams explicava alguns conceitos do sociólogo Émile Durkheim, eu sempre gostei muito de sociologia e o último ano estava sendo uma espécie de revisão dos anos passados, então eu nem prestava tanta atenção, já dominava o assunto.

Uma bolinha de papel atingiu minha mesa. Ora, essa gente acha que está na creche. Ela estava muito amassada, aos poucos fui abrindo.

Eu preferia nunca ter pego aquele maldito papel. Havia dezenas de xingamentos e desenhos obscenos relacionados a mim, coisas do tipo "bichinha desgraçada"  "você dá nojo Tomlinson"

Eu senti minha pressão baixando e tudo ficou preto.

(...)

Quando acordei estava em um cômodo branco e pequeno, gelado também.

Minha cabeça doia, meus olhos rodavam como bailarinas fazendo plie e dando saltos.
Então as lembranças vieram como uma discarga de choques. Tudo o que eu li doia em diferentes partes do meu corpo, um tipo de dor que paracetamol nenhum cura. Era uma dor mental.

A enfermeira da escola, uma senhora em seus 50 anos de idade chamada Spencer, me deu um chá e alguns remédios.

"Garoto, acho melhor chamar seus pais, você teve uma queda de pressão feia, agora está estável, mas tenho medo de acontecer de novo." Tudo que eu menos queria era ir pra casa.

"Deixa que eu ligo para eles, obrigado." É óbvio que eu não ligaria pra eles. Iria ligar para Eve.

Peguei meu celular e procurei o nome na lista de contatos.

"Alô? Lou?" Eve atendeu. Amém, só ela pra me salvar.

"Oi, sim sou eu." Expliquei toda situação que tinha acontecido comigo.

"Claro meu amor, Harry está me ajudando com a papelada das contas da floricultura, mas posso pedir pra buscá-lo, tudo bem?" Meu coração bateu mais forte nessa hora. Harry.

Soft as flowers (L.S)Onde histórias criam vida. Descubra agora