CAPÍTULO 28 - SEMANAS

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         QUANDO cheguei da França tudo que fiz foi chorar, chorar e chorar. Lorna estava em barbados com Nicky, sua namorada e prima dela, Alex Vause. Tudo me fazia lembrar ela. Tive a casa toda para mim, para que eu pudesse sofrer em paz sem as perguntas de Lorna. O final de semana foi só lágrimas. E na segunda já a encarei, foi difícil, mas conseguir manter-me firme.

Nessa semana que se passou ela tentou de todas as maneiras conversar comigo, mas sempre lhe dava um gelo. A semana toda foi assim, até que no final de semana chegou um buque de flores do nome dela. E assim se passou duas, três semanas. Alex tentava conversar comigo e eu lhe dava gelo e todas as manhãs buques, mais buques. Minha casa virou uma floricultura.

Por mais que eu morra de vontade de ceder, não posso. Irei sofrer novamente. Alex é muito impulsiva.

۩

Segunda, começo da semana. E vem tudo de novo. Alex e suas flores. Me arrumo e tomo meu café como todas as manhãs faço. Pego o fusca e vou calmamente para a empresa. Chegando lá Alex ainda não está presente como todos os dias e organizo as coisas antes que ela chegue, sua sala, cada detalhe do dia de hoje.

A porta da sala dela se abre.

- Bom dia, Sra. Vause. – A saúdo de modo profissional.

- Bom dia. – Diz ela, sua voz está diferente.

Então a fito. Vejo que seus olhos estão inchados e ela está abatida. Muito abatida.

Céus! O que houve?

Ela deixa sua maleta na mesa e se senta na mesma. Dá uma olhada nos papeis que deixei em sua mesa, organizados.

- O que temos para hoje?

- Ah... Três reuniões uma delas com Jack Newton. Ele chega hoje, senhora.

Alex suspira e cerra os olhos. Parece cansada. – Nem estava me lembrando disso. – Bufa. – Que horas é a reunião com ele? – fita-me, vejo olheiras fortes debaixo de seus olhos.

- Às 14 horas. – Respondo preocupada com ela.

- Certo. – Começa a assinalar alguns documentos.

- Se não desejar mais nada posso me retirar. – Falo.

- Sim, está liberada, só me consiga um remédio para enxaqueca, por favor. – Pede gentil.

Ela mudou comigo. Hoje não está insistindo em falar comigo, embora eu tenha recebido as flores normalmente como todos os dias.

- Sim, senhora. – Saio da sala em busca desse remédio, mas algo me chama atenção.

Murmúrios e cochichos de alguns funcionários.

- Você viu Piper? – Marie vem até a mim.

Franzo o cenho. – O que?

- A Sra. Vause chegou com cara de choro, ela está bem mal de verdade, bem abalada.

- Ah, não percebi. – Minto.

Vou em busca do remédio, e então volto com o copo de agua também.

- Aqui está. – Entrego-lhe os dois.

- Obrigada. – Em seguida ela bebe.

- Está bem com você, Alex? – Não aguento-me de preocupação, então lhe disparo essa pergunta.

- Não, não estou nada bem. – ela responde e me entrega o copo de volta.

- Houve algo?

Ela fita-me e então se levanta. Dá a volta na mesa e senta-se nela ficando quase grudada em mim. Perto demais.

- Problemas. – Fala vagamente.

- Com sua filha? – Pergunto.

- Sim, ela está doente, mas não é muito grave. Está resfriada. – Responde. – De fato estou uns dias sem dormir por conta disso, fico a noite toda com ela no quarto, não durmo, mas isso somado a sua perda é ainda pior. – Declara coma voz carregada de emoção. – Piper, sei que eu errei e me arrependo, mas você queria me mudar. Acho que nós duas temos que rever os nossos conceitos.

Fito-a sem saber o que dizer.

Em seguida batem na porta.

- Entre! – Alex diz em um tom mais alto para que escutem.

É Marie. – Senhora Vause. Senhor Jack Newton acabou de chegar.

Eu e Alex nos entre olhamos.

- Como assim? – Alex indaga confusa. – Nossa reunião ainda demora.

- Ele está aí senhora. O que faço?

- Mande ele entrar daqui cinco minutos. – Diz.

Então Marie assente e fecha porta deixando-nos a sós novamente.

- O que eu tenho que fazer para te convencer a pelo menos me escutar, Piper? – Indaga ela desesperada. – Quer que eu implore? Me ajoelhe? – Ela faz menção se faz o que diz, mas seguro seu braço.

- Não. – Nego derretendo meu gelo. – Vou te dar a oportunidade de você me explicar o que houve naquele dia.

Os olhos de Alex ganham uma grande vida. – Obrigada. – Ela suspira aliviada. – Que tal Ryan levar seu carro até a sua casa e irmos juntas ao restaurante? – Sugere mais animada.

- Não. Que tal ele levar seu carro e irmos com o meu? – Sugiro.

Alex fica surpresa. – Tem certeza? – Assinto. – Ok, então.

Sorrio satisfeita. Alex andando no meu fusca? Vai ser uma cena imperdível.

Novamente batem na porta, é Marie novamente, e deve estar com Jack.

- Entre! – Alex eleva um pouco a voz e volta ao seu posto de chefe, de trás de sua mesa.

Marie adentra a sala com cautela e logo atrás vem Jack. Seu rosto se ilumina a me ver.

Ai, não. Vai começar tudo de novo?

Quase reviro os olhos, mas me detenho de fazer tal gesto.
É má educação.

- Piper, que ótimo te ver! – Ele diz comum largo sorriso no rosto e me abraça.

Não posso fazer nada, pois quando vejo ele já está me apertando em seus braços.

- Ah, olá, Jack. – Falo mantendo meus braços quietos, sem corresponder o abraço.

- Caramba! Por que não deu a sua alegria no aeroporto? – Pergunta com cara de cachorro sem dono quando finalmente já havia me soltado.

- Vida corrida. – Respondo apenas.

- Sei como é. – Sorri e então mira Alex. – Sra. Vause. Bom vê-la novamente.

Alex se coloca de pé e ergue a mão. – Jack Newton, seja bem vindo a minha empresa. – Ela sorri gentil, me surpreendendo.

Alex sendo gentil com o Jack?

Os dois dão um aperto de mão em seguida.

- Obrigado. – Jack sorri largamente.

- Sente-se. – Ela indica a cadeira, então Jack o faz.

- Bom, se não precisa mais de mim irei me tirar, Sra. Vause. – Falo de modo formal.

Alex fita-me. – Sim, claro. Está liberada.

Então saio de lá em seguida aliviada, por não estar no mesmo ambiente que Jack. A partir de agora minha paz acabou. Sei disso.

Unexpected PassionWhere stories live. Discover now