Capítulo 36

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Minhas mãos suavam e meu estômago dava voltas, seja quem fosse que estivesse lá no altar eu teria que aceitar com um sim. Acho que minha vida era melhor quando estava no orfanato, assim eu não precisaria me submeter a um casamento forjado para manter de tradição uma família que eu quase desconheço para agradar meu "pai". Nesse momento um caleidoscópio de imagens passou diante de meus olhos relembrando todos esses anos desde que fui adotada.

Me sinto usada e completamente fraca, minha saúde está boa, venho fazendo o acompanhamento com a doutora e falta pouco para eu me livrar do medicamentos.

Meu coração está pesado e entro na pequena igreja arrastada e com um sorriso forçado, eu queria chorar, porém estou entupida de maquiagem, quero fugir para alguém me tirar daqui , mas Daddy está segurando meu braço me conduzindo ao altar. Caminhamos devagar, o vestido é  longo mas não  pesado, define meu corpo e tem um decote não muito chamativo. O salto esmaga meus dedos e um vel que está pesando minha cabeça. Todos me olham com admiração.

Caminhamos mais e meu coração falta explodir de tanta ansiedade.

Sr. Rafael.

Sr. Rafael que está lá,

Com um sorriso perfeito e fingindo choro,terno bem passado a barba feita, dava para conquistar qualquer mulher.

Mas não imaginava-me casando assim.

Daddy estende meu braço à Rafael e sussurra alguma coisa em seu ouvido, porém não consigo ouvir por conta da música,  olho o padre, e caminhamos agora os dois para mais adiante, nos ajoelhados.

E a cerimônia começa.

Não consegui escutar nenhuma palavra que o padre falou, olhava para o mesmo congelada, de vez em quando pegava Rafael me olhando e gelava.

Meu peito,  meus pés minhas, mãos minha, barriga tudo gelava. Dissemos aceito um para o outro.

- Pode beijar a noiva- ele disse em italiano.

Sr. Rafael puxou meu pescoço com delicadeza e beijou suavemente meus lábios, não durou muito. Segurando minha mão caminhamos para fora da igreja com todos aplaudindo e sorrindo.

Estou amarrada,

Vinculada,

Presa à Rafael.

Entramos num carro muito elegante por sinal , quando fechou a porta desabei.
Não consegui conter-me, o motorista me olhou do retrovisor sem entender olhou para Rafael ao lado, meu rosto está quente por conta das lágrimas.

-Anne! - ele disse com cara de quem não sabe o que fazer.

Eu tinha que continuar, só não sabia como. Queria Daddy aqui.

Entramos no local da festa, era um sítio enorme, só tinha os funcionários lá,  está todo decorado há flores em todas as partes, o ar está meio gelado, porém aconchegante. Respiro fundo três vezes aquele ar. E Sr. Rafael me levou a uma tenda toda branca, havia poucas pessoas lá também.

Me olhei no espelho enorme que tem aqui e vi minha maquiagem desfeita, e meu rosto vermelho.

- Façam alguma coisa ela se emocionou muito na cerimônia! Tenho que fazer uma ligação.- beijou minha testa e foi sua deixa.

Sentei na cadeira e eles removeram toda maquiagem, sem me perguntar nada. Passaram um monte de produtos os quais amenizam a vermelhidão de meu rosto e tirou o aspeto de choro.

- tem, tem como não fazer muito forte, por favor?- falei receosa.

- Claro Sra. Saccoman

Sra. Saccoman esse nome ficou ecoando no meu cérebro até o final da maquiagem. O ar não entra direito em meus pulmões. Respiro profundamente várias vezes,  olho "meu" marido entrando e me concentro apenas nele. Foço um sorriso , o mesmo caminha até a mim, retira meu véu,  desfaz meu penteado e é olha sorrindo.

-Agora está bem melhor- diz estendendo o braço , seguro sua mão quente a qual transmiti tranquilidade, caminhamos para fora da tenda, o sítio está tomado de pessoas elegantes dando gargalhada e algumas em conversa que parece interessante, pessoas as quais nunca vi na minha vida.

Caminhamos em meio às pessoas,  Sr. Rafael pega duas taças de vinho não sei ao certo, é  um líquido claro com algumas espumas, me oferece e eu pego bebendo tudo de uma vez.

- Bom, muito bom sorrio olhando a taça vazia.

- Vai com calma princesa! Isso não é  água .

Sinto uma mão familiar em minha cintura a qual me faz arrepia dos braços até a nuca, observo a cara do Sr. Rafael e o mesmo está estático, dando um sorriso incompreensível.

- sogro!- sai na tonalidade de deboche.

-Genro!- Daddy aperta sua mão e minha cintura ao mesmo tempo. Dou um passo a frente ficando ao lado do meu marido, o mesmo me abraça de lado e levanta o queixo num ar superior.- Cuide bem de minha menina!

-Pode deixar! Ela está em boas mãos.

-Noivos!- ouço alguém chamando- venham tirar algumas fotos por favor!- um homem engravatado diz ao se aproximar. Foi nossa deixa.

Olho para trás e ele permanece no mesmo lugar. Meu coração aperta , mas também sou forçada a ignora-lo.

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Depois de várias fotos , ele me tira para dançar,  os convidados nos observa de longe. Nossa dança é  lenta como a música.

-Espero que não desista de tudo e de mim tão rápido - meu coração gela. Sua voz ecoa dentro de mim como no sussurro que foi dito. Encosto minha cabeça em seu peito fechando os olhos e aproveitando a dança,  no final da melodia abro os olhos e o olho, ele direciona seus lábios na direção dos meus e os mesmo selam-se como se fosse o convite para todos tomarem a pista.

Já tarde , me sinto cansada , exausta,  Sr. Rafael me direciona ao carro e seguimos sentido a nossa atual casa. Tudo está escuro, várias velas espalhadas pela escada até o quarto que deduzi ser o nosso. Ele me pega no colo e caminha até a beira da cama e coloca-me devagar nela, é nítido que o líquido da taça fez efeito sobre mim.
Estou rindo igual boba.



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