Liguei o chuveiro com a intenção de me livrar de qualquer vestígio seu, imaginando que ali, iria me libertar de qualquer resíduo de perfume que insistisse me atormentar.
A água levaria consigo juntamente com o meu sabonete favorito do qual bastava ameaçar acabar, e eu o repunha. Mas de você queria me desprender.
Engraçado, te vi na esquina da sorveteria que costumávamos ir todo domingo, mas dessa vez, acompanhada de sua indiferença, e não de minha companhia.
Somos completos estranhos diante desse esbarrão inusitado, mas será que não nos transformamos nisso antes mesmo de tudo acabar?
Desliguei o chuveiro sem sucesso algum, pois os pensamentos em ti se fizeram presentes com intensidade máxima, mas havia esperança de resíduos seus descer pelo ralo.
Já me sentia mais limpo, renovado.
Mas por quanto tempo?