Chapter Twenty One.

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"Me sinto tão distante e, ao mesmo tempo,

tão perto, tentando decifrar o teu silêncio.

E então me imagino dentro da sua pele,

mas me perco na tentativa.

E por mais que eu tente te dar amor,

você nunca se fixa em mim

Se você soubesse que eu posso morrer por você... "


Se meu coração fosse um livro, seria tudo menos um livro de autoajuda. Seria facilmente um drama, com sentimentos, personagens, e ações. Quem sabe uma narrativa, narrado por ele mesmo, com suas ideias mais doidas. Quase certeza de um romance. Mas tudo, menos um livro de autoajuda. Se nem a si mesmo essa pobre criatura pode ajudar, aos outros ele só levaria um tico mais de desgraça.

— Quando?

— Na verdade... Hoje. — ela mordeu o lábio, percebendo minha expressão.

— HOJE, CECILIA?

Ela repuxou os lábios em um sorriso amarelo.

— É tipo uma festa de boas vindas. Vão ter pessoas que eu conheço, pessoas que eu não conheço. E... Eu sei que você é ocupada, mas preciso que você vá.

Ergui uma das sobrancelhas.

— "Precisa"?

Ela mordeu o lábio.

— Você é importante pra mim.

Pisa, Cecília. Pisa mais que tá pouco.

— Hmm... Vinte quadros?

— Quantos você quiser! — ela abriu um sorriso largo, e ali eu já estava vendida — Você vai? É numa boate do pai de uma amiga. É só uma festa mesmo, mas a Mayara me obrigou a ir, e sem você não vou.

Ri meio sem saber o que falar, porque tava tentando esconder o tamanho do sorriso que tava ali naquele momento.

— Se é tão importante pra ti, eu posso ver com a Vi e o Felipe... É só um dia.


Cecília mal havia voltado à faculdade e aparentemente ela não era só o tipo de aluna nerd que sentava na frente e enrolava o cabelo num coque enquanto copiava apressadamente tudo que o professor falava, mas também era a aluna que estava no topo da fila de popularidade. Ela era literalmente o pacote completo, enquanto conseguia fazer tudo isso ao mesmo tempo. Eu, na minha época de faculdade, saía em final de período me arrastando pelos cantos e lembro que ia assistir aula com minha mãe me gritando no pé do ouvido porque ia de havaianas. E dependendo de como era o meu pijama, nem trocava a blusa.


— Só um dia, Ana? — Vitória me encarou meio de lado — Já é o terceiro ensaio que tu perde essa semana.

— Eu sei, mas é que é importante pra ela, e...

— E pra ti? O que que é importante pra ti? — atirou, e eu me encolhi — Ninha, eu sei que tu tá preocupada com a Cecília, mas tu não pode abrir mão da tua vida desse jeito assim não.

— Da última vez que eu desviei o olho dela, aconteceu o que aconteceu.

Vitória uniu as sobrancelhas enquanto me encarava pelo canto do olho. Ela tinha o cabelo preso e um avental amarrado na cintura enquanto tinha o rosto quase mergulhado em uma panela de molho, já que era a vez dela de se aventurar na cozinha.

O l v i d a rOnde histórias criam vida. Descubra agora