Chapter Thirty Six.

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"Creio que estamos feitas na mesma substancia. Mesmo que nos separem, somos como um ímã. Sinto que vibramos na mesma frequência".


Já ouvi muitas comparações do amor. Algumas estranhas, outras engraçadas, e outras que eram paradoxos. Mas, para mim, é bem simples: o amor é como um cigarro. A primeira vez é estranha, e estamos cheios de dúvidas sobre o que é certo e o que é errado. É uma mistura de sensações e sentimentos confusos, mas mesmo assim tentamos. Então você inala a fumaça e ela fica impregnada nos pulmões e, a cada nova tentativa, você vai querendo mais e mais, como um vício. Até que essa substância tenha se tornado parte de seu organismo, para sempre.

Assim como a fumaça do cigarro, o amor vai sendo acumulado no peito. Depois disso, cabe a cada um decidir se vale ou não à pena morrer por isso.

— Ana Clara Castanho?

Fechei os olhos com força enquanto deixava a fumaça escapar lentamente por entre meus lábios.

— O nome é Caetano. — enfatizei, abrindo os olhos novamente.

Tienes visita.

Pressionei a sobra do que era um cigarro contra um dos esquemas de 'jogos da velha' desenhados na parede, formando um pequeno 'x' no centro do jogo. Pisquei levemente para a garota sentada na cama em frente à minha enquanto me levantava.

— Quero a revanche quando eu voltar.

Ela sorriu com o desafio enquanto eu segui atrás do policial pelo corredor estreito. Suspirei com os assobios e provocações das outras presas. Tudo era motivo de briga e confusão. Mas, dentro de uma semana, já tinha me acostumado.


— Tu ainda não conseguiu os papéis? — já sabia do que se tratava.

Encarei o advogado sentado à mesa de ferro. Sentei do outro lado enquanto o guarda fechava a porta.

— O juiz não quer autorizar. Disse que a invasão à residência privada foi seu menor problema.

Trinquei os dentes, fechando a mão em punho, socando a mesa.

— Maldito careca!

— Há algo que queira me contar?

— Aquele segurança. — suspirei — Ele estava me irritando, então o estapeei no rosto.

— O segurança? — ele arfou.

— Sim.

— Os seguranças eram policiais, Ana Clara.

Dei de ombros.

— Não foi o meu primeiro mesmo.

— É claro que não! — ele revirou os olhos.

Mordi o lábio.

— Ele que começou.

— Ah! E é ele quem está preso agora, certo?

Suspirei, levando os cotovelos à mesa enquanto apoiava a testa com os polegares, entrelaçando minhas mãos.

— Eu sei que eu errei. Só quero sair daqui. — respirei fundo, voltando meus olhos aos seus — Não há nada que possa fazer?

Ele pressionou o canal nasal entre o dedo indicador e o polegar, enquanto fechava os olhos.

— Está claro que o policial pegou uma rixa com você, não vai facilitar em nada.

— Faça o seu trabalho, Felix. Por favor, eu quero ir para casa.

— Ana, você não está ajudando. — murmurou — Acabou de me confessar que agrediu um policial. De novo.

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