"Creio que estamos feitas na mesma substancia. Mesmo que nos separem, somos como um ímã. Sinto que vibramos na mesma frequência".Já ouvi muitas comparações do amor. Algumas estranhas, outras engraçadas, e outras que eram paradoxos. Mas, para mim, é bem simples: o amor é como um cigarro. A primeira vez é estranha, e estamos cheios de dúvidas sobre o que é certo e o que é errado. É uma mistura de sensações e sentimentos confusos, mas mesmo assim tentamos. Então você inala a fumaça e ela fica impregnada nos pulmões e, a cada nova tentativa, você vai querendo mais e mais, como um vício. Até que essa substância tenha se tornado parte de seu organismo, para sempre.
Assim como a fumaça do cigarro, o amor vai sendo acumulado no peito. Depois disso, cabe a cada um decidir se vale ou não à pena morrer por isso.
— Ana Clara Castanho?
Fechei os olhos com força enquanto deixava a fumaça escapar lentamente por entre meus lábios.
— O nome é Caetano. — enfatizei, abrindo os olhos novamente.
— Tienes visita.
Pressionei a sobra do que era um cigarro contra um dos esquemas de 'jogos da velha' desenhados na parede, formando um pequeno 'x' no centro do jogo. Pisquei levemente para a garota sentada na cama em frente à minha enquanto me levantava.
— Quero a revanche quando eu voltar.
Ela sorriu com o desafio enquanto eu segui atrás do policial pelo corredor estreito. Suspirei com os assobios e provocações das outras presas. Tudo era motivo de briga e confusão. Mas, dentro de uma semana, já tinha me acostumado.
— Tu ainda não conseguiu os papéis? — já sabia do que se tratava.
Encarei o advogado sentado à mesa de ferro. Sentei do outro lado enquanto o guarda fechava a porta.
— O juiz não quer autorizar. Disse que a invasão à residência privada foi seu menor problema.
Trinquei os dentes, fechando a mão em punho, socando a mesa.
— Maldito careca!
— Há algo que queira me contar?
— Aquele segurança. — suspirei — Ele estava me irritando, então o estapeei no rosto.
— O segurança? — ele arfou.
— Sim.
— Os seguranças eram policiais, Ana Clara.
Dei de ombros.
— Não foi o meu primeiro mesmo.
— É claro que não! — ele revirou os olhos.
Mordi o lábio.
— Ele que começou.
— Ah! E é ele quem está preso agora, certo?
Suspirei, levando os cotovelos à mesa enquanto apoiava a testa com os polegares, entrelaçando minhas mãos.
— Eu sei que eu errei. Só quero sair daqui. — respirei fundo, voltando meus olhos aos seus — Não há nada que possa fazer?
Ele pressionou o canal nasal entre o dedo indicador e o polegar, enquanto fechava os olhos.
— Está claro que o policial pegou uma rixa com você, não vai facilitar em nada.
— Faça o seu trabalho, Felix. Por favor, eu quero ir para casa.
— Ana, você não está ajudando. — murmurou — Acabou de me confessar que agrediu um policial. De novo.
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O l v i d a r
FanfictionConsequences pt. II Ela veio calmamente dessa vez. Lentamente. Silenciosamente. Tão silenciosa que quase não a encontrei. Mas sua presença ainda era muito pesada para não ser sentida por mim. Eu ri como se soubesse o que estava acontecendo. Aquele...