"Tão longe, mas ainda tão perto
As luzes se acendem, a música morre
Mas você não me vê parado aqui
Eu só vim para dizer adeus"
Eu costumo ter o dom de problematizar relações. Às vezes usar as inseguranças pra destilar minhas próprias dúvidas. Mas às vezes é um peso carrega-la aqui dentro comigo. Ainda mais porque talvez ela nem esteja aqui de verdade. Nunca esteve. Talvez. Fico pensando como é extremamente incrível o poder massivo de um "eu te amo". O amor edifica, sim. Mas o amor também destrói. Você pode destruir uma vida inteira com um "eu te amo". Imagine o nível catastrófico de uma rede sináptica de consequências entrelaçadas que vem a seguir.
"Eu te amo".
E você empurra a primeira peça de dominó. E o que acontece depois? O que acontece quando uma força que não pode ser parada se dá de frente a um objeto que não sai do lugar? A explicação bonita é que isso não pode acontecer. Que ambos não podem coexistir ao mesmo tempo. Essa definitivamente é a explicação que faz as crianças dormirem à noite tranquilas, sem medo de tudo desmoronar. Mas aí eu volto para as minhas aulas de ciências, lá na quinta série. E me lembro que, tecnicamente, o mundo surgiu de uma explosão. Mas não sem destruir tudo ao seu redor, primeiro.
— O que é isso agora, Ana? Do que você está falando?
— É a verdade. Eu disse que não ia mentir pra tu mais.
— Pelo amor de Deus, Ana Clara. Depois desse tempo todo?
Ela suspirou.
— Tu pode acreditar ou não. Mas é a verdade.
— Eu acho que você simplesmente quer direcionar algo pra alguém. Só pra não se sentir tão vazia.
— Tu acha que eu tô me sentindo vazia? — ela ergueu uma das sobrancelhas.
Respirei fundo.
— Ana, nós não vamos entrar nessa conversa.
— Não, agora tu fala.
— Você não vê o quão tóxico é isso, Ana? Já chega. Você não me ama, você ama a ideia que você criou de mim, que é bem diferente do que eu sou de verdade, e por conta disso você foi embora. — suspirei — Quando você percebeu que eu não era nada do que você imaginava.
— Tu sempre vai ficar voltando na mesma história? — ela revirou os olhos — É tão mais fácil assim pra ti, simplesmente pensar que não é verdade?
— Sim, é mais fácil. Porque eu sei que não é. E não vou me permitir acreditar nisso de novo.
— Por quê?
Suspirei.
— Porque eu odeio isso, Ana. Eu odeio essa situação, e odeio estar no meio disso. Estar perto de você, me sufoca. Estar perto de você, me lembra tudo o que já aconteceu. Estar perto de você, me faz odiar a mim mesma por ter sido tão idiota. E eu odeio isso. Eu odeio o que você me faz sentir por você, e principalmente o que me faz sentir por mim mesma. — trinquei os dentes — Eu odeio você!
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O l v i d a r
Fiksi PenggemarConsequences pt. II Ela veio calmamente dessa vez. Lentamente. Silenciosamente. Tão silenciosa que quase não a encontrei. Mas sua presença ainda era muito pesada para não ser sentida por mim. Eu ri como se soubesse o que estava acontecendo. Aquele...