Chapter Thirteen.

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"Tão longe, mas ainda tão perto
As luzes se acendem, a música morre
Mas você não me vê parado aqui
Eu só vim para dizer adeus"


Eu costumo ter o dom de problematizar relações. Às vezes usar as inseguranças pra destilar minhas próprias dúvidas. Mas às vezes é um peso carrega-la aqui dentro comigo. Ainda mais porque talvez ela nem esteja aqui de verdade. Nunca esteve. Talvez. Fico pensando como é extremamente incrível o poder massivo de um "eu te amo". O amor edifica, sim. Mas o amor também destrói. Você pode destruir uma vida inteira com um "eu te amo". Imagine o nível catastrófico de uma rede sináptica de consequências entrelaçadas que vem a seguir.

"Eu te amo".

E você empurra a primeira peça de dominó. E o que acontece depois? O que acontece quando uma força que não pode ser parada se dá de frente a um objeto que não sai do lugar? A explicação bonita é que isso não pode acontecer. Que ambos não podem coexistir ao mesmo tempo. Essa definitivamente é a explicação que faz as crianças dormirem à noite tranquilas, sem medo de tudo desmoronar. Mas aí eu volto para as minhas aulas de ciências, lá na quinta série. E me lembro que, tecnicamente, o mundo surgiu de uma explosão. Mas não sem destruir tudo ao seu redor, primeiro.




— O que é isso agora, Ana? Do que você está falando?

— É a verdade. Eu disse que não ia mentir pra tu mais.

— Pelo amor de Deus, Ana Clara. Depois desse tempo todo?

Ela suspirou.

— Tu pode acreditar ou não. Mas é a verdade.

— Eu acho que você simplesmente quer direcionar algo pra alguém. Só pra não se sentir tão vazia.

— Tu acha que eu tô me sentindo vazia? — ela ergueu uma das sobrancelhas.

Respirei fundo.

— Ana, nós não vamos entrar nessa conversa.

— Não, agora tu fala.

— Você não vê o quão tóxico é isso, Ana? Já chega. Você não me ama, você ama a ideia que você criou de mim, que é bem diferente do que eu sou de verdade, e por conta disso você foi embora. — suspirei — Quando você percebeu que eu não era nada do que você imaginava.

— Tu sempre vai ficar voltando na mesma história? — ela revirou os olhos — É tão mais fácil assim pra ti, simplesmente pensar que não é verdade?

— Sim, é mais fácil. Porque eu sei que não é. E não vou me permitir acreditar nisso de novo.

— Por quê?

Suspirei.

— Porque eu odeio isso, Ana. Eu odeio essa situação, e odeio estar no meio disso. Estar perto de você, me sufoca. Estar perto de você, me lembra tudo o que já aconteceu. Estar perto de você, me faz odiar a mim mesma por ter sido tão idiota. E eu odeio isso. Eu odeio o que você me faz sentir por você, e principalmente o que me faz sentir por mim mesma. — trinquei os dentes — Eu odeio você!

O l v i d a rOnde histórias criam vida. Descubra agora