"Se eu ficar com você, se eu estiver escolhendo errado eu não
me importo nem um pouco. Se eu estou perdendo agora,
mas estou ganhando até tarde... Isso é tudo que eu quero."
— O que ele queria?
Cecília mal me deixou entrar, antes de se postar na minha frente, na porta do quarto. Eu a carreguei lentamente para dentro de novo, enquanto prestava atenção em sua respiração acelerada.
— O que ele queria...? — fingi estar pensativa, repetindo o que ela acabara de perguntar.
— É, Ana. Não enrole! — falou mais rápido do que o normal, enquanto gesticulava com as mãos.
— Senta, a gente precisa conversar.
"A gente precisa conversar". Se aquilo foi o bastante para revirar meu estômago todinho só de falar, imagino como o corpo de Cecília reagiu a essas quatro palavrinhas inofensivas.
— Fala de uma vez, Ana Clara.
Eu nunca tinha comentando de verdade sobre Túlio, para Cecília. Não desde aquela vez em que ele forçou em vir até aqui, e se viram pela "primeira" vez (primeira, bem entre aspas mesmo). Depois de tudo o que havia acontecido, e todo o mal causado, não era o meu assunto favorito, e nunca seria. E depois da brincadeira que Cecília havia tirado sobre um possível relacionamento, estava nos meus planos não tocar no nome dele tão cedo.
— Você sabe que não sabe enrolar, Ana! — falou mais uma vez, impaciente —Não procure palavras para me enrolar, porque você é péssima nisso. Então fale de uma vez!
— Tá, tá, tá bom. Eu não sei mentir, não sei enrolar, não nasci para ser atriz. Sou direta demais, e todo mundo briga comigo por isso, mas quer saber? Ser direta, economiza tempo. — respirei fundo, depois da metralhadora de palavras — Túlio vai se casar.
Dei um suspiro longo após as últimas palavras e Cecília abaixou a cabeça automaticamente, em um ato que eu não esperava. Olhei fixamente seu rosto, com a esperança de que ela erguesse a face, mas persistiu na ideia de olhar o chão, inundada em pensamentos.
— Eu quem deveria estar afogada em pensamentos. Fala alguma coisa. — cobrei.
— Eu sabia que não ia demorar muito... — falou com seus próprios pensamentos.
— Demorar a quê? — uni as sobrancelhas.
— A esse cara aparecer de novo na sua vida...
Ergui uma das sobrancelhas.
— Não começa a pensar por esse lado, Cecília. Não vem colocar palavras na minha boca, não. — falei precipitadamente, prevendo o que ela queria insinuar.
— Eu não preciso... Estou certa? — perguntou, em tom grosseiro.
— Não. — falei firmemente, enquanto ela finalmente levou os olhos novamente aos meus — Eu já sabia. Não foi na ligação que ele me contou, eu já sabia há alguns dias.
— Quando? Quando você soube?
— Naquele dia em que eu trouxe o jantar. Eu cheguei atrasada, o porteiro ainda estava com minha correspondência.
— Por isso você estava tão estranha. — não pareceu nem um pouco surpresa ao falar aquilo, e o leve sorriso que veio acompanhado da frase, pareceu estupidamente sarcástico — Claro!
Foi a minha vez de soltar uma leve risada sarcástica. Eu não estava gostando nem um pouco do rumo em que ela estava levando a conversa.
— Não vou mentir que esperava, mas também não vou dizer que fiquei surpresa. — admiti.
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O l v i d a r
أدب الهواةConsequences pt. II Ela veio calmamente dessa vez. Lentamente. Silenciosamente. Tão silenciosa que quase não a encontrei. Mas sua presença ainda era muito pesada para não ser sentida por mim. Eu ri como se soubesse o que estava acontecendo. Aquele...