"Eu lembro quando você dirigia até a minha casa no meio da noite, sou eu quem te faz rir quando você está prestes a chorar.
Conheço suas musicas prediletas, você me conta sobre seus sonhos. Acho que sei o seu lugar. Se você visse que sou eu quem te entende... Estive aqui o tempo todo, então porque você não vê? De pé, esperando na porta dos fundos durante todo esse tempo.
Como pôde não saber, meu amor? Você pertence a mim".ANA
Estava cinza, assim como aquele dia havia se tornado. As nuvens pesadas no céu me faziam estremecer, mas eu gostava disso, desse quase medo, do receio que os céus caíssem por terra. O sereno fino escondia uma visão linda, nítida. Porém no momento eu não procurava nitidez. Gostava dos dias assim, em particular porque eu me sentia bem, nesses dias eu me refugiava dentro de mim para buscar respostas as quais eu sabia que nunca teria. Tinha mais tempo para mim, sem precisar ter que dar satisfações de onde estive ou o que fiz. Me escondia na penumbra, camuflando-me na sombra de alguma coisa. Essa sombra me protegia, e eu me tornava invisível aos olhos das pessoas. Exatamente como eu queria no momento.
— Aqui está bom. — falei lentamente na intenção de que o motorista me entendesse.
Ele falou alguma coisa muito rápida para que eu pudesse compreender, mas parecia querer me alertar de alguma coisa. Talvez tentando me dizer o preço da corrida. Ou que o meu dente estava sujo. Ou que estávamos bem em frente a uma cerimônia privada.
Mas eu apenas assenti.
Entreguei algumas notas de vinte mil pesos. Minha matemática já era ruim o suficiente para fazer contas, imagina fazer contas sob pressão, e encarei sua expressão para me certificar de que tinha dado o suficiente. E ele parecia surpreso, já que não falou nada. Ao invés disso, me olhou de forma fugaz algumas vezes, como que para checar se eu estava esperando algo também. Então eu dei apenas um tapinha em seu ombro, antes de descer do táxi.
— Gracias. — a única palavra que eu havia aprendido direito.
Respirei fundo ao observar a entrada lotada de seguranças, e logo em seguida chequei as mensagens do meu celular para ver se não havia nada novo. E mesmo sem nenhuma notificação, eu caminhei em direção aos seguranças. Sabendo que possivelmente seria barrada na porta, mesmo com o convite em mãos.
E eu não errei.
— Esta es una cerimônia privada. — o segurança alertou.
— Fui convidada. — retruquei.
Ele falou mais algo que não entendi, mas havia feito algum movimento para me afastar dali. E então meu anjo apareceu bem atrás deles.
— Ela está comigo. — respirei fundo quando Maria Júlia falou.
Os seguranças se entreolharam, mas o maior que me segurava soltou meu braço sob o alerta de Maju. Ela estendeu a mão, e eu a segurei para que me tirasse dali.
— Por que demorou tanto? — ela sussurrou.
— O voo atrasou.
À medida que andávamos, podia ser impressão minha, mas notei alguns vultos pretos ao nosso redor. E então pude reparar que alguns seguranças nos ladeavam. Me senti levemente intimidada por um momento, e comecei a tentar me fazer pensar que era apenas uma coisa da minha cabeça. Mas Maju também parece ter percebido.
— Ana. — ela sussurrou.
— Hm?
— Isso não está me cheirando bem. — continuou a falar baixo, enquanto estava agarrada a um dos meus braços.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O l v i d a r
FanfictionConsequences pt. II Ela veio calmamente dessa vez. Lentamente. Silenciosamente. Tão silenciosa que quase não a encontrei. Mas sua presença ainda era muito pesada para não ser sentida por mim. Eu ri como se soubesse o que estava acontecendo. Aquele...