XII

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— E então?— Krickitt levanta as sobrancelhas, esbanjando toda a sua impaciência característica.— Já estamos todos aqui, podemos finalmente começar?

Seguro um suspiro, enquanto o Azul mantém o rosto completamente neutro.

— Bom, os convoquei aqui hoje para discutir um assunto de suma importância para o bem de nosso reino.— Caspar começa, maneando o queixo para Gerard, em pé ao lado oposto da mesa, que liga o grande projetor com um gesto controlado de sua mão.— Há algumas semanas, um corpo foi encontrado numa baía na parte norte do território Amarelo. Primeiramente, pensamos que não era nada demais, mas então...

Uma foto é exposta, mostrava nitidamente a coloração incomum das penas do morto. Por vários minutos, a sala fica em silêncio absoluto, com quase todos os governantes boquiabertos.

— O que... o que significa isso?— a Rainha Rosa, Lady Swamp, pergunta, as sobrancelhas bem feitas franzidas em incredulidade.— Gerard, o que exatamente estamos vendo?

O Azul molha os lábios, respirando fundo.

— Bom, aparentemente... aparentemente é o que parece. Sei que nunca vimos Laranjas antes, mas--

Aparentemente? Então nem você sabe que porra é essa?— Knute interrompe, os olhos verdes bem arregalados.— A gente tá perdido. A gente vai--

— Não podemos entrar em pânico. Sei que é algo com o qual nunca lidamos antes, mas eu estudei o corpo desde o momento em que o recebemos, e, de fato, não há diferenças físicas além do fato da coloração. Talvez esse Laranja--

— Não o trate como se fosse um de nós, porque não é. Somos, respectivamente: Dourados, Prateados, Vermelhos, Azuis, Brancos, Amarelos, Verdes, Marrons, Pretos, Púrpuras, Cinzas e Rosas.— Lin-Han é quem interrompe dessa vez, aquele mesmo olhar implacável toda vez que falava com o Rei Azul em seu rosto.— Não existe Laranjas, você tem alguma noção da gravidade que isso tem? Da histeria que vai causar ao país se o povo descobrir?

— Acho que vai ser mais fácil se deixarmos a pessoa que sabe mais sobre esse assunto se pronunciar, pra variar um pouco.— levanto as sobrancelhas para a Branca, que revira os olhos, porém mantém silêncio.

Gerard pigarreia, olhando para os papéis em suas mãos, então a imagem no projetor muda para uma série de gráficos e imagens de diferentes penas.

— O homem estava na casa dos trinta anos, e suas asas eram um pouco menores do que as de um macho Vermelho.— com as mãos atrás das costas, o Azul começa a andar ao redor da mesa.— Com relação às penas, não posso dar muitas informações com precisão por conta do extremo estado de putrefação do corpo. As rêmiges tinham 23 centímetros de comprimento, com cada vexilo medindo 4,3 centímetros. Depois de tentar a recomposição parcial de algumas das penas, pude perceber que o raque é flexível...

Nesse momento, o anjo para um pouco a frente de mim. Vejo um movimento de suas mãos, e, quando as fito, reparo um pedaço de papel preso em seus dedos. Inicialmente, penso que foi apenas um impulso imaginativo meu e aquilo era só um papel que estava aleatoriamente segurando, pois ele nem havia gaguejado em sua explicação detalhada sobre a composição das penas e tudo o mais, porém o movimento se repete- dessa vez mais irritado e intensificado- quando não há uma resposta minha.

Assim que pego o papel, tomando cuidado para que ninguém visse, Gerard volta ao seu lugar inicial, os olhos fixos em qualquer lugar que não fosse eu.

Preciso falar com você. Quando a reunião acabar, por favor não saia.

Engulo em seco, fitando a pequena mensagem em minhas mãos embaixo da mesa. Quando levanto o olhar, tento manter meu rosto neutro como sempre foi, e até acredito que nenhum governante suspeitava que algo havia acabado de acontecer. No entanto, aposto que Gerard podia perceber muito bem que meus ombros se tensionaram.

A Love Like War | FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora