VI

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— E então, como está indo a investigação?

Pergunta o Rei dos Dourados de seu lugar ao lado da esposa, Laura. Esta estava fora quando eu e os outros dois governantes chegamos, visitando a família ou algo assim. Não se podia negar que os dois formavam um belo casal, e que Caspar não conseguia fazer quase nada sem ela.

Levanto o olhar de meu livro.

— Bem, eu acho.— desço os olhos rapidamente, pego de surpresa pela pergunta.— Digo... hummmmmm... Lorde Iero deu um belo palpite dizendo que o cadáver é provavelmente originário da Europa por conta de-

— Fala sério, Gerard.— diz o anjo citado, enquanto acabava de mastigar.— Foi você que teve a ideia, só segui o fio da meada.

O encaro, inclinando a cabeça levemente para o lado. Tento descobrir por sua expressão se as piadas estavam prestes a começar, mas o Vermelho parecia simplesmente indignado por eu estar jogando todo o mérito da descoberta em cima dele.

— Não diga isso. Estava ciente da teoria da Pangeia quando a sugeri, então pensamos na Europa praticamente ao mesmo tempo.

— É, mas foi você quem falou primeiro. Não é como se eu fosse o revolucionário.

— Uau.— Caspar interrompe, olhando de mim para Iero.— Frank, você negando os holofotes? Não posso negar... digo, isso é-

— Ah, vá à merda, seu nariz empinado do cacete. Posso até ser um pouco narcisista, como sua mãe adorava colocar, mas não é como se ofendesse os outros por conta disso.

Engasgo com a ironia, fazendo com que todos os olhares se virassem para mim.

— Desculpe.

— Tá brincando? Frank, você é o anjo mais egocêntrico que conheço.— Laura finalmente se pronuncia, rindo de leve.— Devia até adicionar como sobrenome, um a mais não fará mal, você já tem tantos!

O anjo em minha diagonal revira os olhos, colocando mais uma garfada de arroz na boca.

— Lembra quando tentamos adivinhar o tamanho do espelho na tenda dele?— Caspar cutuca a esposa com o cotovelo, os olhos marejados pelo riso.— Qual era mesmo seu palpite?

— Olha, eu não sei, mas com certeza é maior que ele... okay, então não deve ser tão grande assim.

Sou obrigado a tampar levemente a boca depois da fala de Laura. Parecia um sonho o fato de que agora todas as piadas estavam viradas ao Vermelho, e não a mim.

— Um pouco de amor próprio é essencial. Aliás, sabe quem tá precisando saber disso?— ele recomeça, tentando sair do foco das risadas. Com o garfo, aponta para mim.— Gerard. Cara, é sério, você precisa se valorizar mais. 

Fito meu próprio prato, incapaz de encarar o olhar de todos em minha direção. Sinto um silêncio mortal vindo do lado do casal de dourados, porém Lorde Iero parecia não perceber o desconforto que transbordava de mim mesmo.

— Ele é um gênio, acredita no que eu tô dizendo, Caspar.— diz, como se o monarca já não me conhecesse há anos, em seguida se vira novamente.— Você fala o quê? Doze línguas dos humanos? Treze? Sério, você é tipo uma enciclopédia ambulante! Deveria se orgulhar mais disso.

Finjo limpar minha boca com o guardanapo, mas na verdade era apenas uma tentativa desesperada de tampar o rubor em meu próprio rosto.

— Frank, não acho que é necessário-

— Não, é sério! Parece que todo mundo aqui vive ignorando o fato de que a gente convive com um gênio.— o Vermelho interrompe. Me pergunto se estava mesmo alheio de todo o incômodo que estava levantando, mas meus instintos me levavam a acreditar que não, e que aquele era apenas um jeito novo de fazer chacota.— Sério, por que ninguém repara no fato que-

A Love Like War | FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora