Cap 14

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Katniss parece hesitar por um segundo. Olha para o corredor vazio, como se estivesse prestes a fugir. Ou talvez esteja apenas meio bêbada ainda devido ao excesso de vinho que bebeu. Talvez ela queira me contar algo. Talvez esteja apenas com medo. Penso aonde poderíamos ir, e ficar a sós para que ela possa tentar se abrir comigo. De repente me vem na cabeça que o melhor lugar para irmos é o telhado. Acredito que não tenha ninguém lá para nos vigiar, nem câmeras. Não sei ao certo como chegar até lá, mas além de ter ouvido Cinna falar com Portia algumas coisas sobre isso, tenho quase certeza de ter visto uma escada que só pode levar até lá.

- Você já esteve no telhado? - pergunto finalmente.

Katniss balança a cabeça em negação.

- Cinna me mostrou. Você pode praticamente ver toda a cidade. O vento é um pouco barulhento, entretanto. - invento essa desculpa, torcendo para que ela entenda que lá talvez possamos ficar a sós.

Ela ainda me lança um olhar desconfiado, antes de concordar.

- Nós podemos apenas subir?

- Claro, venha - digo, tentando esconder o meu entusiasmo, por finalmente poder conversar a sós com ela. Seria uma boa oportunidade para dizer tudo o que sinto?

Vou então em direção as escadarias, seguido por ela. Subimos as escadas, e entramos em um cômodo onde há uma pequena porta. Rezo para que ela não esteja trancada. Quando a forço um pouco ela abre, e como eu havia imaginado, lá estamos nós, no telhado. Fico impressionado com aquela vista. Tantas luzes. Até mesmo a noite é possível ver as cores da capital. Tudo extremamente exuberante. Mas não posso demonstrar isso, pois disse a Katniss que já estive ali antes. Ela, em compensação parece até perder o folego. Não sei se é pela vista, ou pelo vento, que está bem mais forte do que eu esperava.

Andamos até o parapeito nos limites do telhado. Olhamos para baixo, e ambos ficamos impressionados com a quantidade de pessoas na rua. A uma hora dessas, todos no Distrito 12 já estariam dormindo.

Katniss não diz uma palavra. Parece até que ela se esqueceu que o intuito de virmos até aqui, é para podermos conversar.

- Perguntei a Cinna porque eles nos deixam subir aqui. Eles não estariam preocupados que algum dos tributos possa decidir pular pela beirada? - digo, me lembrando do que Portia e Cinna conversaram antes do jantar.

- O que ele disse? - ela pergunta parecendo se interessar pelo assunto.

- Você não pode - digo, enquanto levanto a minha mão, esticando apenas um pouco o braço, logo escutando um zumbido. Então é verdade o que Cinna falou, penso. - Algum tipo de campo elétrico te joga de volta ao telhado. - concluo, mas para eu mesmo, que para ela.

- Sempre preocupados com a nossa segurança - ela diz, num tom irônico.

Tomara que ela nunca pergunte a Cinna sobre essa história do telhado. Não quero que ela me veja como um mentiroso. Mas as vezes mentir é preciso para nos aproximarmos das pessoas. Eu aprendi isso.

- Você acha que eles estão nos assistindo agora? - Ela pergunta.

- Talvez - admito. Olho ao redor a procura de câmeras, ou de qualquer sinal de vigilância. Não encontro nada. Mas avisto um jardim do outro lado. Quanto mais nos afastarmos melhor, penso. - Venha ver o jardim.

Andamos em direção ao jardim, que contem flores de tipos tão diferentes, que aposto nunca ter visto nada igual. O vento aqui está mais forte, e parece abafar qualquer barulho. É o local perfeito. Olho para ela com expectativa, esperando que ela me conte. Ela parece distante, examinando uma flor. Passa-se vários minutos... Fico olhando para ela, pensando que eu poderia ficar assim para sempre.

Jogos Vorazes - Peeta MellarkOnde histórias criam vida. Descubra agora