Ainda estou tentando entender o que está acontecendo, quando um som metálico irrompe de fora da caverna. Ficamos paralisados. Katniss com o arco em mãos. E eu, sem saber o que fazer, apenas tentando não demonstrar meu medo. Depois de alguns minutos, não ouvimos mais barulho algum, então eu decido espiar entre as pedras para ver o que provocou o som. Para minha surpresa, mais uma aliás, pois ainda me sinto um pouco desnorteado devido a nosso beijo interrompido, o que se encontra lá fora, na chuva, e que provavelmente provocou o barulho, é um paraquedas. Na nossa atual situação, isso é uma dádiva.
Não consigo sufocar um grito de felicidade que sobe por minha garganta, antes mesmo de saber o que há lá dentro.
Estendo o braço por entre as fendas e consigo agarra-lo. Dourado, brilhante, amarrado a uma cesta. Entrego-o para Katniss que abre imediatamente revelando algo que nos deixa embasbacados.
Nos mandaram um verdadeiro banquete. Pães, queijo de cabra, maçãs, e um ensopado de cordeiro com arroz. O prato que Katniss disse ser a coisa mais impressionante da capital nas entrevistas.
— Acho que Haymitch finalmente ficou cansado de nos observar morrer de fome – digo, sem conseguir tirar um sorriso enorme do rosto.
— Também acho — Katniss responde, com um sorriso igual ao meu.
Minha vontade inicial, é atacar aquela cesta até não sobrar uma migalha de pão, um restinho que for de cozido. Katniss parece pensar a mesma coisa, pelo jeito como está olhando nossa abundancia. Mas apesar da fome avassaladora, temos que ser sensatos.
— É melhor irmos com calma nesse cozido. Lembra-se da primeira noite no trem? A comida farta quase me deixou doente e eu não estava nem mesmo morrendo de fome, então.
— Você está certo. E eu poderia simplesmente comer o negócio todo! — ela diz, soando arrependida.
Comemos apenas um pouco de cada coisa, da maneira mais civilizada possível, pois fizeram questão de mandar até pratos e talheres. Mesmo assim, terminamos de comer como num piscar de olhos. Ainda não estou satisfeito.
— Eu quero mais – Katniss dispara, como se lesse meus pensamentos.
— Eu também. Te digo uma coisa. Esperamos uma hora, se continuar desse jeito, então nós nos servimos de novo — digo, ignorando os protestos do meu corpo, por mais.
— Está certo. Vai ser uma longa hora.
— Talvez não tanto.
Agora que aquela fome terrível passou, eu daria tudo para voltar ao momento em que fomos interrompidos.
- O que foi que você estava dizendo logo antes da comida chegar? Algo sobre mim... nenhuma competição... melhor coisa que já aconteceu com você... – comento.
— Eu não me lembro dessa última parte — ela diz, e seu rosto ruboriza.
— Ah, está certo. Isso era o que eu estava pensando — digo, sorrindo. Percebo que está extremamente frio. — Chega mais, eu estou congelando.
Entro no saco de dormir, e a abraço. Sua cabeça apoiada em meu ombro. Uma posição na qual eu sinto que estou a protegendo.
— Então, desde que tínhamos cinco anos, você nunca nem notou outras garotas? — ela pergunta, curiosa.
— Não, eu notei quase todas as garotas – admito. - Mas nenhuma delas deixou uma impressão duradoura, só você.
— Tenho certeza de que seus pais ficariam animados, você gostando de uma garota da Costura.
— Dificilmente. Mas eu não poderia me importar menos. De qualquer forma, se voltarmos, você não será uma garota da Costura, você será uma garota da Vila dos Vitoriosos.
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Jogos Vorazes - Peeta Mellark
FanfictionEsta é uma fanfiction do livro"Jogos Vorazes", pela perspectiva do personagem Peeta Mellark. # Cento e trinta mil acessos! Muito obrigada a todos os leitores! Minhas outras obras sobre o universo The hunger Games: Em chamas - Peeta Mellark = https:...