Subimos para a parte mais alta da Cornucópia, os chifres, mesmo sabendo que Cato está lá. Mas se comparado aos monstros lá em baixo, ele é um problema bem mais fácil de lidar.
Katniss atira flechas em um deles que está tentando subir, quando sinto alguém me agarrar. O pânico toma conta de mim, pois sei que esse alguém é Cato. Tento a todo custo me livrar dos braços de Cato, que estão bem apertados em meu pescoço, prontos para agirem e me matar com um golpe fatal. Só que de repente me dou conta de que está jorrando sangue de minha perna. Levo minha mão, desajeitadamente até minha panturrilha, e tenho a confirmação, de que dessa vez, não há remédio da capital que possa me curar. Recordações terríveis me vem à mente, e eu sei que não serei capaz de suportar muito mais tempo sangrando. Preciso acabar com Cato, de alguma forma, o mais rápido que eu conseguir, para Katniss poder ir embora desse inferno. Ela, que só agora vê a minha situação, parece tão perdida quanto eu.
Cato começa a gargalhar, quando ela mira uma flecha em sua cabeça.— Atire em mim e ele cai comigo.
Ele está certo. Katniss sabe disso também. Tento dizer para ela fazer isso logo. É a única chance que ela tem de ganhar. Mas não consigo dizer nada, pois Cato está me asfixiando, e só agora consigo entender o seu plano. Me matar assim, sabendo que Katniss não iria atirar nele, e depois matá-la. Os lobos ficam silenciosos, como se estivessem na expectativa, do que irá acontecer. Olho para o céu, sentindo uma dor lancinante em meus pulmões, minha perna, em meu coração. E então acontece. Uma ideia, se forma em minha mente conturbada, e se der certo, pode pôr fim de uma vez nisso. Levo minha mão ensanguentada até a mão de Cato, que está firmemente apertando meu pescoço, e faço um X, tentando dizer a Katniss, para atirar na mão dele. É uma probabilidade minúscula, mas pode dar certo. Katniss, que está focada em mim, entende rapidamente o que eu tento dizer, e atira sem hesitar. Como eu já esperava, ela o acerta, e por causa da dor, ele afrouxa seu aperto, dando a oportunidade de eu me jogar contra ele. Por um momento, penso que irei cair também, mas consigo me manter firme, enquanto ele se desequilibra escorregando em meu sangue no chão, e caindo da cornucópia. Katniss chega até mim, e nós dois conseguimos ver, os lobos, partindo insanamente para cima do corpo jogado de Cato.
Katniss me abraça forte, e eu quase não consigo acreditar que nós vencemos. Nós vencemos. Abraço ela com toda a força que ainda me resta, esperando pelo som do canhão. Dessa vez, não importa se eu tenha causado a morte de Cato, tudo que eu mais quero é ouvir esse som tão familiar, e ser levado desse lugar. Mas o som não acontece. Tudo o que ouvimos, são gritos, uivos, vindo de Cato, ou dos lobos. Me lembro da armadura que Katniss falou que ele provavelmente estava usando, e me conformo, que nossa volta para casa vai ter que esperar mais um pouco. Cato, está lutando com os animais, com uma ferocidade que eu nunca havia visto em alguém. Percebo que minha perna está sangrando ainda, muito, e não há nada que eu possa fazer para estancar o sangramento, pois abandonamos nossas mochilas no lago quando fugimos dessas criaturas. Já estamos quase a duas horas, ouvindo a luta que parece não ter fim, quando parece que ele foi derrotado. Mas ainda não escutamos canhão algum. Apenas os gemidos, cada vez mais fracos de Cato. Por mais que uma pessoa tenha sido horrível, não merece morrer assim. Me pego sentindo pena, compaixão, do terrível e brutal Cato. O sangue em minha perna, não para de jorrar, e eu me sinto, como quando estava escondido na lama. Uma sensação que eu não desejaria sentir, não agora que eu tenho a oportunidade de voltar para casa, com Katniss. Sinto que estou morrendo.
Katniss, parece ter se dado conta da gravidade do meu estado, e retira sua blusa, ficando só com a jaqueta. Está tão frio aqui. Mas não consigo argumentar nada, apenas deixo que ela faça o que pretende. Ela me deita, e em seguida, eu sinto ela apertando minha perna com a camiseta. Dói, mas eu nem consigo gritar, ou chorar. Sinto a força de meus membros indo embora. Eu tento me agarrar ao pouco de vida que resta em mim. O que me mantém acordado é olhar para Katniss, sabendo que eu consegui cumprir minha promessa.
Os gemidos de Cato, o rosnar dos lobos, tudo se confunde em minha mente tornando o cenário de minha morte, algo completamente assustador.
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Jogos Vorazes - Peeta Mellark
FanfictionEsta é uma fanfiction do livro"Jogos Vorazes", pela perspectiva do personagem Peeta Mellark. # Cento e trinta mil acessos! Muito obrigada a todos os leitores! Minhas outras obras sobre o universo The hunger Games: Em chamas - Peeta Mellark = https:...