Cap 18

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Hoje é o dia das apresentações individuais. Estou nervoso. Quero impressiona-los, pois enquanto eu viver, vou fazer com que Katniss viva também. E conseguir boas notas nas apresentações individuais, chama patrocinadores. Quanto mais patrocinadores você consegue, mais tempo de vida você tem. É mais ou menos assim que as coisas funcionam.

Treinamos até a hora do almoço, sempre com a sombra de Rue. Haymitch vai ao nosso encontro, e nos dá mais instruções. Depois do almoço, ficamos reunidos numa sala, onde tributo por tributo era chamado. Primeiro os tributos masculinos. Sendo do distrito 12 ficamos por último. Só quando Rue é chamada, ficamos a sós, e paramos de fingir nossa simpatia um pelo outro. Katniss parou de fingir, na verdade, porque da minha parte, sempre será verdadeiro. Chamam o meu nome.

— Lembre-se o que Haymitch disse sobre ter certeza de jogar os pesos.

Aquelas palavras me pegam de surpresa. Não foi ela que disse que não precisamos fingir longe de outras pessoas?

— Obrigado. Eu irei — eu digo. — Você... atire diretamente.

Ela concorda com a cabeça. Conforme vou em direção a porta, sinto seu olhar sobre mim.

Chego até a sala de apresentações, ainda meio atordoado com as palavras repentinas de Katniss. E o que encontro quando chego, me deixa mais atordoado ainda. Os idealizadores parecem todos bêbados. Será possível? Eles nem repararam a minha chegada, estão conversando, rindo, alguns até cantando enquanto enchem e bebem rapidamente suas taças.

Tenho que me apresentar. Vou até a estação, onde há pesos enormes de metal de todos os tamanhos, formatos e quilos. Parece que faz tento tempo que não pego peso, que tenho um certo receio quando olho aquelas coisas. Pego primeiro uma espécie de bola de metal onde está descrito 30kg. Levanto sem dificuldades. Pego então uma outra bola, de 45 kg, e a arremesso. Estou bem orgulhoso de minha apresentação. Mas percebo que os idealizadores nem sequer viram. Eu necessito de uma nota boa. Tenho certeza que Katniss conseguira, mas eu também preciso.  Pego então, um peso de 75 kg. Tenho medo de não aguentar, mas com a raiva que estou, eu aguento. Arremesso os 75 kg sobre uma arvore de mentira, montada numa floresta artificial. A árvore quebra, e faz um belo estardalhaço. Todos me olham. Fico com medo da reação que eles podem ter. Mas eles simplesmente sorriem, e voltam a fazer o que estavam fazendo. Beber, conversar. Dois homens aparecem e retiram a arvore que eu quebrei. Me considero dispensado. Saio da sala torcendo para que Katniss tenha uma apresentação melhor que a minha.

Vou direto para o elevador e aperto o botão do D12. Chego na sala, Haymitch e Effie me enchem de perguntas, mas eu não quero falar nada agora. Quero falar como foram as coisas junto com Katniss. Alguns minutos se passaram, quando Katniss entra rápido feito uma bala pela sala e vai direto para seu quarto. Haymitch a chama, mas ela o ignora. Eu levanto e penso sobre ir atrás dela, mas logo desisto. Justo hoje que ela deu sinal de que nem tudo é fingimento, não quero estragar as coisas, indo atrás dela. As vezes a gente precisa ficar um pouco sozinho.

Vou para o meu quarto, e deito em minha cama. Tento esvaziar a minha mente. Mas desde que fui sorteado, isso é uma coisa impossível de se fazer.

Alguém bate na minha porta. Acordo assustado. Quantas horas dormi?

Olho no relógio e percebo que pouco menos de uma hora se passou, desde a trágica apresentação. Tomo um banho rápido e desço. Cinna e Portia estão a mesa, e fico feliz em vê-los. Effie anda pra lá e pra cá, e Haymitch está bebendo algo que espero não ter um teor alcoólico muito elevado.

Katnis de repente aparece. Seus olhos estão vermelhos, ela deve ter chorado horrores. Mas o que aconteceu de tão grave lá embaixo para deixar ela assim? Ver ela desse jeito me doeu. Me fez lembrar daquele dia, da chuva, dos pães....

Jogos Vorazes - Peeta MellarkOnde histórias criam vida. Descubra agora