Capítulo 06

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Josh desce do carro, abre a porta de trás pega a pequena mala e entrega pra ela, eu permaneço sentada não sei o que falar pra ela e como ela nem percebeu minha presença é o melhor que eu faço.

A loira deve me achar a maior otária por me meter na vida dela sem direito algum.

— Tá gostando da Universidade? - Josh tenta puxar assunto.

— Agora não Josh outra hora a gente conversa. - Sina olha pros lados como se estivesse com medo de alguém ver a cena, tipo qual o problema de alguém ver ela conversando com o primo? Essa garota é estranha.

— Sina o que aconteceu com você? Cadê aquele menina doce que sempre pulava me dar um abraço quando me via ? - Ele abre os braços mas ela nem da bola.

— Josh outra hora okay? É melhor você ir. - Ela se vira e volta pra dentro da casa sem mais nem menos, sem nem se quer agradecer.

Josh volta pro carro e não comenta nada, eu também não, na verdade não era nem pra eu ter escutado a conversa.

Ele me deixa em casa e se recusa entrar quando eu chamo. Abro a porta e dou de cara com as meninas na sala.

— Boa dona Gabrielly ia nos deixar esperando até que horas? - Sabina cruza os braços.

— Droga as compras. - Coloco as mãos na cabeça lembrando o que havíamos combinado de manhã.

— Vamos antes que fique tarde. - Joalin joga em mim o casaco que eu havia acabado de pendurar.

Eu estou tão cansada que a última coisa que eu queria era ir ao mercado, mas como eu havia prometido e os armários estão fazios, coloco o casaco e saio novamente. Enquanto estamos esperando o uber, Noah chega em casa, ele desce do carro e acena pra nós, apesar do sorriso no rosto não conseguia esconder a cara de cansaço.

— ESQUECEU DE TIRAR O JALECO. - Joalin grita.

— Hoje foi seu primeiro dia, não tem moral pra brigar comigo. - Ele revida do outro lado da rua mostrando o dedo pra loira que apenas ri como resposta.

No mercado enchemos o carrinho em pouco tempo, com certeza não precisávamos nem da metade do que pegamos, esperar o que de três jovens morando sozinhas ? Mas o auge foi a cafeteira, que uma só não bastou então levamos duas, isso mesmo agora tínhamos a "senhora funciona a hora que quer" e mais essas duas que ainda não batizamos, poderíamos jogar a primeira fora, mas Joalin estava apegada demais, segundo ela nosso primeiro café na casa foi feito por ela, e apesar do stress causado estava muito bom.

Quando voltamos pra casa já estava noite, largamos as compras no chão da cozinha deixando pra arrumar tudo no dia seguinte e fomos cada uma pro seu quarto, tomei meu banho, me deitei na cama pegando meu celular pela primeira vez ao dia, tinham mensagens da Raissa me perguntando como foi meu dia, e fotos que minha mãe me mandou da primeira peça de teatro da Belinha, eu queria tanto estar lá, pra pode- lá abraçar e dizer como estou orgulhosa, algumas lágrimas escapam, mas eu as enxugo rapidamente.

— Você sabia das consequências Gabrielly. - Repito na minha cabeça até pegar no sono.

                Três meses depois.

—  Eu sei, mas não aguento mais aquele ciúme todo. - Joalin bufa enquanto toma banho.

— Chega e fala isso, ele vai entender. - Digo sentada na porta do banheiro comendo umas batatas que estavam totalmente frias porque demoraram demais pra serem entregues.

Eu sei a cena não é das melhores, Joalin embaixo do chuveiro, com a porta do banheiro aberta e eu sentada no chão comendo enquanto conversamos sobre o relacionamento dela com Bailey que havia começado logo nos primeiros dias aqui.

A verdade é que não tinham nada sério a ponto de se nomearem namorados mas a rolava exclusividade e eram complicados pra caramba.

— Vocês dois me cansam. - Resmungo, ela ri concordando.

Pegamos essa intimidade toda logo na segunda semana de aula, quando a coisa começou a apurar e não tínhamos mais tempo pra nada, então eram esses momentos que usavamos pra nos falar.

A verdade que meu sonho de estudar no exterior estava quase virando um pesadelo, três meses se passaram e eu não faço ideia de quando. Parece que eu dormi e pa noventa dias se passaram. Como isso é possível?

A coisa tava uma loucura só, eu tentava a todo custo não atrasar matéria, não faltar aula, manter o sono regulado e prestar atenção em todos os professores.

Porém estava falhando em tudo. Essa madrugada mesmo fiquei até as Quatro sentada no chão da sala com um pote de sorvete entre as pernas encarando as anotações de um teste que fiz hoje no segundo horário da minha grade.

Fui um desastre.

Mas não posso ser mal agradecida, nesses três meses vivi momentos únicos, fiz amigos incríveis e comi muita porcaria.

— Batatas. Preciso. - Sabina entra no quarto e senta ao meu lado pegando algumas batatas na mão.

— Estão frias. - digo enquanto coloco umas três na boca ela ignora a informação e faz o mesmo que eu.

— Com a fome que eu tô não me importo, e aí sobre o que tão falando? - A morena se deita sob minha perna esticada.

— Sobre o namorado da Joalin ser um ciumento. - a loira desliga o chuveiro pega a toalha e se enrola e murmura algo sobre eles não serem namorados.

— Ele ainda tá com pira sobre o Noah ?.- Sabina pergunta pegando mais um punhado de batatas da minha mão. Nem ligo.

— Sim e eu não entendo o por que, o tempo que eu passo com o Noah é falando sobre artérias e ligações nervosas.

— Sem contar que o Noah é caidinho na Sina. - Digo mostrando as mãos engorduradas pra Sabi que entende o recado se levanta do meu colo pra que eu possa ir lava-las.

— Mas ela tem namorado não tem? - Joalin grita do closet enquanto procura o que vestir.

— Uhum, Josh disse que ela nunca apresentou ele pra família, e que ela se afastou de todo mundo depois que o conheceu. - Falo num tom mais alto pra que elas possam escutar, faz alguns segundos que estou procurando a toalha e não acho, então seco as mãos na roupa mesmo.

— Eles são um casal estranho, o cara vai levá-la e busca-lá todo dia, mas nunca deu nem um oi, ele nem se quer sai do carro. - Sabina se levanta do chão e se joga na cama da loira.

— E ela nunca fala com a gente quando ele tá por perto. - Lembro elas.

— E também nunca fala da sua vida pessoal, o que a gente sabe sobre ela? - Dou os ombros.

Depois que eu pedi desculpas a Sina pelo primeiro dia, ela começou a andar com nosso grupo, mas só dentro do campus, nunca a víamos fora, sempre que chamávamos ela pra sair ela rejeitava e dava uma desculpa, sua casa era um lugar proibido, algumas semanas atrás Hina estava passando um pouco mal e ela era a única livre, mesmo assim se recusou levar a japonesa pra casa, Sina era muito querida mas as vezes nos assustava um pouco,era estranho olhar pra ela parecia que faltava alguma coisa e ela nunca ria muito.

Noah ficou caidinho por Sina desde de um trabalho que tinha que ser feito em dupla e nós duas fizemos juntas, tínhamos que fazer entrevistas com a galera de outros cursos e no sorteio caímos bem com medicina, claro que eu fiz Joalin e Noah quebrarem esse galho pra gente, apesar dele não ter colaborado muito e passar o tempo que tínhamos pra fazer o trabalho dando em cima dela, eu só não briguei com ele porque foi uma das poucas vezes que vi ela sorrir, ainda bem que tínhamos a Jojo que apesar de ter começado a pouco tempo salvou nosso trabalho.

Give me a reason to stay - REESCREVENDO.Onde histórias criam vida. Descubra agora