* Atualmente.
Já focou tanto tentando esquecer algo e no fim percebeu que isso só te faz manter a coisa mais fresca em sua cabeça? Então como segundo passo você tenta ignorar que aquilo tenha realmente acontecido. Esse não funciona também.
Na minha cabeça não contar pra ninguém seria o ideal, se ninguém sabe o problema ninguém comenta e ele vai se tornando menor até sumir certo? Errado.
Isso o aumenta dentro de você e te sufoca cada dia mais vendo até onde você surporta manter em segredo, e não tem o que você faça então você só aceita, e vai caindo cada vez mais. Não vou compartilhar com ninguém, não agora que isso acabou, só preciso dar um fim na minha cabeça. Uma hora descubro como. Até vou me arrastando.
Hoje pela manhã sai espalhar alguns currículos com Raissa, onde tivesse uma porta aberta estavamos entrando e oferecendo serviço. Mesmo minha mãe insistindo eu não vou voltar pra faculdade, não agora, nem que mais tarde eu tenha que refazer tudo de novo.
— Sabe eu acho que tô apaixonada por ele.
— Qual é Raissa, você só o viu o garoto por dez minutos, não sabe nem o nome.
— Idai ? Ele pode ser o amor da minha vida. - Ela se debruça na mesa, imaginando o menino que vimos no restaurante durante o almoço.
Apenas reviro os olhos e volto prestar atenção na movimentação da rua que se resume em carros e algumas pessoas correndo da chuva.
Só agora lembrando das horas que passei em chamada com Sabina e Joalin ontem percebi que deixei meu celular em casa.
— Eu não aguento mais perguntar o que aconteceu Any.
— Então pare de perguntar. - Retruco.
— E deixar você com essa cara de bunda pra sempre ? Eu to preocupada e não sou a única.
— Eu já disse dez mil vezes que eu to bem, não sei o que vocês esperam de mim.
— A verdade. - Raissa bufa.
Eu tinha um problema, consideravelmente sério mas esse problema acabou a meses atrás, pensei que poderia seguir em frente finginfo que nada tinha acontecido, tentei me convencer de que foi melhor assim então uma semana após o segundo grande ocorrido, eu levantei da cama e chutei qualquer sentimento que estivesse existindo dentro de mim sendo ele bom ou ruim, apliquei uma anestesia e funcionou, não ligava pra mais nada.
Eu só esqueci de um pequeno detalhe uma hora o efeito passa e volta a doer , eu entendi que o me machucava não era apenas o atordoado que passei mas sim ter escondido a bagunça de alguém que precisava saber, eu queria contar, e quase o fiz diversas vezes. Quase.
Como não contei não podia encarar Josh dia após dia, olhar pro seus lindos olhos azuis e não pensar em como o enganei, então decidi vir embora e largar tudo isso lá em Los Angeles, eu só ficaria se pudesse confiar nele de novo e se ele ainda me amasse, porque se ele ainda me amasse a gente poderia superar isso juntos. Ele é a única razão que me faria ficar.
A parte do deixar tudo pra trás não funcionou carrego isso comigo a todo momento e fica cada vez mais pesado. Não se preocupam se o chão em baixo de mim ceder, só me deixem afundar.
— A verdade é que eu to aqui, que eu voltei, essa é a verdade. Que merda. - Me levanto da mesa do restaurante deixando uma nota de dinheiro pra pagar minha parte a qual eu havia pedido e não comi.
Nem se quer ligo pra chuva caindo do lado de fora, caminho em passos rápidos indo em direção a minha casa, o som da minha bota batendo no chão se torna ritimado e cada vez mais rápido.
Estou correndo e com frio, desvio as poças na calçada o que é totalmente inútil já que estou enxarcada, me permito chorar. Nessa situação niguem vai percber.
Perco o fôlego depois de três quarteirões então diminuo o ritmo tornando meus passos uma caminhada lenta. A calçada é toda minha então não me prendo em andar apenas em linha reta, provavelmente quem passa de carro pela rua ao meu lado pensa que estou bêbada.
Tiro o par de botas na frente da porta e entro deixando marcas da minha meia molhada pelo chão de madeira, antes de chegar na escada dou um escorregão, quase caio, agradeço a parede não estar longe pra eu me apoiar.
Penso estar sozinha em casa, mas assim que entro no meu quarto vejo minha sentada na minha cama. Cabeça baixa entre os joelhos e costas tremendo. Tem algo errado.
— Mãe? - Ela não levanta a cabeça, mas se assusta com minha presença. — Mãe você tá bem ?
— Você deixou o telefone em casa. - Priscila levanta lentamente a cabeça, encotra meus olhos por um sengundo e depois vira o rosto, ela não consegue me encarar.
— Eu sei, tentou falar comigo ? - Não tenho coragem de me aproximar, ela está com raiva, eu posso sentir daqui a passos de distância, minha mãe está com raiva de mim. A única vez que ela chegou perto disso foi quando falsifiquei sua assinatura numa advertência escolar, mas isso não chega nem aos pés do que sua feição mostra nesse momento.
— Não. Mas o doutor Marcelo queria. - O quarto começa a girar e minhas pernas me avisam que não vão aguentar. Merda. Merda. Merda. O quanto ela sabe ?
Mãe me diga mais alguma coisa, me diga que ele não entregou tudo, me diga que ele não te contou nada mas você sabe que tem alguma coisa errada e me de um tempo pra inventar uma desculpa. Por favor.
— Não parava de tocar, foram quatro ligações uma atrás da outra, pensei ser algo urgente e atendi Any. - Ela leva a mão no rosto como se segurasse uma ânsia, se levanta e arca as costas encarando o chão. — Ele pensou que você tinha atendido, quando ele começou a falar sobre seus exames não pude desmentir, fingi ser você.
— Mãe... - Ainda não sei o quanto foi declarado a ela, preciso de detalhes preciso saber o tamanho do estrago.
— Você não tinha o direito de esconder isso de mim, você não tinha Any. - Suas mãos tremem e ainda não consegue me olhar. Ela sabe demais.
— Eu só queria acabar de uma vez com essa historia, não tinha mais o que fazer, por que eu ia te contar?
— Por que me contar ? - Preferia que ela não tivesse me olhado, nunca a vi desse jeito, eu estou com medo dela e ela com medo de mim. Isso é ridiculo somos mãe e filha não temos que ter medo uma da outra. — Isso não foi uma gripe que você tomou um remédio e passou.
— Mas do mesmo jeito passou não passou ? - Começo a jogar meu nervosismo pra fora mesmo sabendo que não era uma boa idéia.
— Passou? Passou mesmo? Ou isso tá te destruindo a cada dia, não te criei pra ser egoista desse jeito, quem você se tornou Any ?
— Egoista mãe? Eu passei por essa merda toda sozinha, não quis meter ninguem no meio da minha grande burrada.
— Você não passou por nada Gabrielly. Nada. - Seus gritos chegam até mim da forma mais dolorida possivel. — Isso tá passando por cima de você isso sim. Eu sabia que timha algo errado mas eu confiei em você quando me disse que não era nada demais.
— Mãe. Eu sinto muito. - Ela suspira em meio as lágrimas então volta a encarar o chão.
— Eu não posso Any, não posso continuar essa conversa agora.
— Eu sinto muito. - Caio chorando no chão, já sozinha no quarto. — Eu sinto muito.
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Give me a reason to stay - REESCREVENDO.
FanficEssa história é original do wattpad, se você está lendo em qualquer outra plataforma é plágio e você corre o risco de perder seus dados Fugir: •1. escapar(-se), desviar(-se) precipitadamente de (perigo, pessoa ou algo ameaçador, desagradável ou ten...