Trabalhar como caixa no Walmart não é a coisa mais empolgante do mundo mas ajuda a pagar minha faculdade e minhas dispesas, então já é algo positivo.
Falando em positivo, muitas coisas positivas aconteceram nesse último mês.
Consegui finalmente meu visto e viajei para Europa. Paris e Roma. Foi uma viagem bem romântica não irei negar. Joe foi um amor, e em falar em amor, nossa como é bom transar.
Ninguém merece transar a noite depois de um dia inteiro de trabalho e, no meu caso estudos, na posição papai e mamãe sem UMA SANTA preliminar.
A viagem demorou mas chegou e esquentou nosso relacionamento.
Mas doze dias passam voando, as férias de "inverno" — em Santa Mônica não existe frio intenso e muito menos neve, o que me deixa bem triste sendo sincera — acabaram e tudo voltou a velha rotina.
Das 8h às 17h trabalho no Walmart e das 19h às 23h faculdade. É bem emocionante a vida de uma estudante que banca seus próprios estudos não é?
Era quase o fim do meu expediente, Sexta-Feira, iria sair para comer tacos em uma das filiais do TacoBell, com meus colegas de faculdade depois da aula.
Era praticamente final de semana, o mercado estava bem movimentado. Em um Walmart tem pessoas para comprar desde comidas até roupas ou decorações.
Mas estranhamente os caixas estavam bem parados, o que significa que mais tarde "coincidentemente" todos os clientes vão achar o que precisam e decidir que é hora de pagar e ir para casa, gerando filas e estresse.
Fiquei olhando para o nada vagando em meus infinitos pensamentos e preocupações.
Billie. Sim, Billie Eilish Pirate. Não eu não esqueci seu nome depois de duas imensas semanas. Ela não sai dos meus pensamentos.
E isso me faz duvidar da minha mente, já fui atendida em diversos lugares por diversas pessoas, e nunca nada parecido aconteceu.
Qualquer segundo, seja um milésimo dele, sinto minhas memórias sendo invadidas pelo seu rosto lindo e sorriso tão lindo quanto além da sua risada contagiante.
Sua voz falando meu sobrenome formalmente, meus pensamentos vagam por essa lembraça de formas puras e nem tanto assim o que me deixa constantemente arrepiada.
E mesmo que a chance de vê-lá novamente seja de uma em um milhão, fico feliz por todos os garotos e talvez garotas que possam desfrutar de sua companhia.
Vejo uma cliente se aproximar pela visão periférica, pisco os olhos rapidamente me ajeitando na cadeira voltando a realidade.
O mundo parou. Mesmo que por um instante. Um mísero instante. Ele parou. Ou melhor, dentro da minha cabeça.
Era ela. Onde foi parar a velha sátira do: "uma em um milhão"?
A mesma se aproximava depois de parar na tradicional pratilheira de doces perto do caixa e escolher uma guloseima.
Estava com uma regata branca bem parecida com a do dia em que a conheci, era parte do uniforme ou exigência do aeroporto aparentemente, uma bermuda na mesma cor grande e larga.
Tênis e meias também em branco o que diferenciava era o casaco de moletom em um cinza bem discreto. Estava com o crachá de identificação no bolso direito, por conta da corda pindurada para fora.
Os cabelos escuros presos em dois mini coques, pelo comprimento de seu cabelo, um em cada lado da sua cabeça deixando sua franja nas laterais do rosto.
Uma argola pequena e brilhante na orelha e alguns anéis parecidos distribuídos pelos seus dedos.
Corrente justa no pescoço com um pingente de um bonequinho bem estranho. Sem maquiagem mas os lábios plenamente hidratados.
Sim, eu reparei nisso tudo nos três minutos que a mesma levou para escolher um doce.
De alguma forma me sentia com saudades, tanto que precisei olhar e admirar todos os detalhes.
— Boa tarde. — Cumprimenta sem olhar o meu rosto colocando a cesta de compras perto o suficiente de mim.
— Boa tarde. — Retribuo sorrindo tentando máscarar meu nervosismo.
Comecei a calmamente escanear as suas compras, tudo de verduras, frutas e legumes eram orgânicos e de resto era vegano. Bem saudável.
Em determinado momento me senti observada mas continuei fazendo o que devia.
Assim que derminei de escanear me livrei do cesto e começei a empacotar as suas compras.
— Sabe, parece loucura, mas te conheço de algum lugar. — Comenta roubando minha atenção.
Pela primeira vez em duas semanas a encaro.
— Olha, acho que estamos pensando parecido. — Sorrio ainda empacotanto as coisas.
— Trabalho em um lugar onde falo com muita gente todos os dias. Deve ser isso. — Dá de ombros como se quisesse deixar para lá.
— Se eu sugerir o lugar onde trabalha, será que acerto? — Brinco a fazendo sorrir enquanto finalmente termino o empacotamento.
— Pode tentar. Vamos lá. — Sorri.
— No aeroporto Central de Santa Mônica. — Digo voltando ao caixa e somando suas compras.
— Exatamente. — Confirma surpresa.
— Sou a garota do visto para a Europa. — Revelo.
E por mais que ela parecesse mais surpresa, como se tivesse finalmente se recordado de mim, percebi que era algo bem, e muito bem fingindo.
— Oh sim! Finalmente consegui lembrar. E aí conseguiu o visto? — Pergunta animada.
— Consegui. Muito obrigada acho que se não fosse por você, ninguém resolveria o meu problema. — Agradeço sorridente.
— Com certeza resolveriam, talvez não a tempo da viagem. Mas nunca é tarde. — Brinca e ri me fazendo a acompanhar.
— Enfim obrigada, mesmo. Suas compras deram o total de trinta e dois dólares. — Falo.
A mesma só concorda com a cabeça e leva a mão ao bolso esquerdo de onde retira o celular e de dentro da capinha do mesmo retira o cartão de crédito.
Passo suas compras no cartão e a entrego a nota fiscal junto.
Seus dedos encostam os meus, estavam quentes, até porque passei o dia no ar condicionado estava congelando.
Meu corpo se arrepiou por inteiro e por mais que tenha dito que não nego sentimentos pois sou adulta o bastante para lidar com eles. Hoje quero acreditar que é pela diferença enorme de temperatura que nos encontramos.
— Aqui estão suas compras. Tenha um bom final de dia. — Me despeço sorridente porém triste.
— Obrigado, tenha um bom dia. — Se despede pegando suas compras e indo embora.
Deus, como queria que ela ficasse. Mas de certa forma ver seu sorriso e ouvir sua risada foi muito reconfortante.
Quem diria que a dona da beleza intimista me deixaria sorridente novamente.
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"A visa for Europe, please" • Billie Eilish
FanfictionMaya estava presa no aeroporto há exatas três horas para conseguir um visto e finalmente estar pronta para sua tão esperada viagem romântica à Europa. Nunca pensou, ou sequer imaginou, que desejaria tanto reviver esse momento - mesmo com as três ho...