Ultimamente tenho pensado muito sobre a minha relação de quase três anos com Joe.
Meus amigos sempre me alertaram, desde o primeiro encontro, desde a primeira conversa. Nunca dei créditos afinal estava apaixonada, cegamente apaixonada o que com o passar do tempo pode ter me tornado uma 'cegamente trouxa'.
Mas o fato é que não consigo realmente entender, apesar de muitas tentativas, o porquê das pessoas verem tantas coisas negativas nele e eu não conseguir sequer ver uma.
Sou eu a burra cega ou é as pessoas que tentam impor defeitos para que tudo ganhe um fim?
E se não existir nada negativo? E se tudo estiver perfeito como parece? E se tudo estiver uma merda, e eu ter me enfiado em um relacionamento totalmente desnecessário e agressivo?
Paro de vagar sobre minhas dúvidas imortais quando vejo alguns clientes formando uma fila em meu caixa.
Começo a atendê-los sorridente como se a vida fosse perfeira. E não é, mas é feliz e é isso que importa.
— Tenha um bom dia senhor. — Me despeço do senhorzinho que atendia. — Próximo. — Digo.
— Bom dia moça do Walmart.
Deus porquê? Eu conhecia aquela voz. Como eu conhecia.
— Bom dia, menina do aeroporto. — Devolvo a brincadeira sorrindo, a encarando, uniforme, de novo.
Tinha duas coisas em mãos, salada de frutas e uma garrafa de água desgasificada.
— O almoço de hoje não tapa nem os espaçinhos entre os dentes. — Debocho sorridente e escaneo suas compras.
— Tenho que concordar, mesmo. Mas não dá tempo de ir comer um taco no meu horário de almoço. — Curva os lábios atraentes em desgosto.
— Sabe meu horário de almoço é daqui a cinco exatos minutos. Você pode almoçar comigo, tem um restaurante legal aqui perto. — A convido sem me dar de conta.
— Normalmente sendo eu, iria negar e agradecer. Mas vou aceitar como um pedido de desculpas para você. — Sorri.
— Pedido de desculpas? Pelo o quê? — Pergunto confusa.
— No TacoBell semana passada, te vi e não cumprimentei e além do mais tinha que te trazer isso e fiquei adiando. — Se explica retirando um colar do seu bolso direito.
Tinha perdido meu colar da Chanel que ganhei de Joe no nosso primeiro ano juntos. Só achei que tivesse caído na rua e não dentro do TacoBell.
— Cumprimento não enche barriga e tudo bem pela demora, achei que tivesse perdido 'pra sempre. Estou surpresa, de verdade. — Agradeço pegando o colar de suas mãos pondo do bolso da calça jeans que usava.
— Fiz meu dever de casa. — Brinca me fazendo rir.
— Okay aluna aplicada, agora como parte do seu pedido de desculpas leva suas compras não compradas 'pros seus lugares e me espera que já vou sair. — Entrego sua garrafa de água e a embalagem com salada de frutas.
— Está me pedindo 'pra fazer o seu trabalho? — Franze as sobrancelhas brincalhona.
— Faz parte do seu pedido de desculpas. — Sussuro.
A mesma ri e segue para entre as pratilheiras. Termino de atender os clientes na fila e coloco a plaquinha de caixa fechado.
Saio e vou até a salinha de funcionários onde tinhamos armários para guardarmos nossos pertences.
Retiro meu "avental" e broche guardando no armário, pego minha bolsa a jogando sobre um dos meus ombros. Tento diversas vezes prender o colar em meu pescoço mas não consigo e desisto atirando o mesmo dentro da bolsa.
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"A visa for Europe, please" • Billie Eilish
FanfictionMaya estava presa no aeroporto há exatas três horas para conseguir um visto e finalmente estar pronta para sua tão esperada viagem romântica à Europa. Nunca pensou, ou sequer imaginou, que desejaria tanto reviver esse momento - mesmo com as três ho...