Bite

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Se passaram alguns dias após aquilo tudo. Não foram dias fáceis psicologicamente falando, mas para tudo precisamos de tempo. Chego a pensar que o tempo é o melhor amigo do ser humano, além de trazer respostas, nos faz entender e nos torna pacientes.

Quando as horas foram se passando e tornam-se dias percebi que nossos planos de viajem tinham ido por água abaixo. Mas o que mais me deixou chateada foi saber que Billie havia comprado tudo.

Tudo pronto para exata duas semanas, nem se encurtássemos a viajem poderíamos ir. Não podia pegar avião por correr risco de hemorragia pela pressão do ar, acredite, eu li muitas vezes aquelas papeladas que me entregaram falando sobre todos os riscos que estaria podendo me meter.

[...]

— Maya faça as malas, nós vamos viajar. — Entra Billie animada no quarto interrompendo meu papo cabeça com Pepper.

— Não posso pegar avião, você sabe disso. — Falo desanimada levando uma lambida na boca.

— Quem disse que vamos de avião? Tenho um carro na garagem. — Diz como se fosse óbvio, e era.

— Até Orlando? Você ficou maluca?! — Indago imediatamente, me sentando na cama sendo mordida.

Pepper estava sempre me mordendo, não machucava, era uma forma de demonstrar carinho aparentemente.

— O preço da gasolina amor? Óbvio que não, nós vamos 'pra praia de Santa Mônica. — Conta mas acaba rindo vendo que esmaguei Pepper que me lambia e mordia o tempo inteiro.

— Você vai me morder, hm? Vou te esmagar inteira. — Intimo a cadela a apertando cuidadosamente entre minhas mãos.

Sinto o peso contido de Billie sobre mim me fazendo deitar, Pepper estava entre nosso meio. Estava cada vez mais apaixonada por essa imagem de família que criamos.

— Pepper você morde mais a Maya do que eu, isso é injusto. — Finge uma expressão de zangada fazendo carinho na cadela entre nós ganhando uma lambida da mesma.

— Só não morde porquê não quer. 'Tô disponível 'pras suas mordidas o dia todo. — Digo chamando sua atenção.

Billie me encara séria.

— Morde. — Sussurro prendendo a língua entre os meus dentes.

Sorri de lado, cafajeste, e direciona seu rosto para mais próximo do meu. Deixa uma mordida em minha bochecha, depois em meu maxilar e por fim se concentra em meu pescoço. Passo minhas pernas em volta da sua cintura, a apertando contra mim.

Meus dedos enroscam seus cabelos agora escuros com a raiz esverdeada. Toda noite, antes de dormir, quando apagávamos a luz tinha uma crise de riso, só conseguia enxergar o verde florescente do cabelo de Billie.

Cansada da tortura que eu mesma concedi a puxo para um beijo rápido.

— Vamos arrumar as malas. — Interrompe o contato me fazendo revirar os olhos. — 'Tá muito animadinha 'pro meu gosto, dá uma segurada. — Adverte.

— Segurada com a mão na tua cara. — Digo a empurrando para o lado. — Vem Pepper, vamos fazer malas. — Chamo a cadela que logo me segue.

[...]

Não demoramos para organizarmos tudo. A praia não era distante, mais ou menos, meia hora talvez um pouco mais, tudo dependia do transito. Mas nem me importava o tempo de "viajem", me importava em saber aonde encontraríamos um hotel que aceitaria um cachorro.

— Aonde vamos ficar? Algum hotel aceita animais de estimação? — Pergunto a Billie enquanto apreciava a paisagem de Santa Mônica.

— Tem um, ele é de frente 'pra praia. Reservei nosso quarto lá. — Conta.

"A visa for Europe, please" • Billie Eilish Onde histórias criam vida. Descubra agora