— Então quer dizer que as últimas vezes que dormimos juntas você estava grávida e eu não sabia? — Billie tira a minha atenção do celular entre as minhas mãos ao sair repentinamente do banheiro do Hotel enrolada em uma toalha.
— Sim? — Respondo mas soa como uma pergunta.
— Já falhei como mãe logo de cara. — Diz com um bico formado nos lábios.
— Billie, eu não vou ficar sem transar por quase vinte e oito semanas. — Digo arregalando os olhos.
— Mas e o bebê? — Indaga.
— Ele não entende essas coisas, 'tá tudo bem. E quanto mais a gente fizer mais fácil vai ser dele sair quando chegar a hora. — Sorrio de lado maliciosa.
— Ha ha ha. — Brinca e desfaz o nó da toalha indo pegar uma troca de roupas.
— Ah não Billie! — Repreendo alto ouvindo sua gargalhada.
Risada essa que foi cortada por choro, choro de bebê. Ah, preciso amamentar agora.
Abro os olhos sonolenta me dando de conta que havia sonhado com um dos momentos de Billie e eu na nossa lua de mel em Las Vegas.
Suspiro levantando e calçando as pantufas, ando em passos rápidos em direção ao quarto de Joshua, um cômodo bem conhecido por mim já que passava uma boa parte do dia lá dentro.
Haviam se pasado quase dez anos desde o nosso casamento, é eu sei, parece assustador falando assim entretanto tantas coisas aconteceram, se realizaram e nos realizaram que nem parece tanto tempo assim.
Trabalhei durante muitos anos no meu consultório de psicologia em parceiria a um psiquiatra. No início administrei bem os pacientes, consultas, burocracias, a minha parte das atividades domésticas e ser mãe.
Billie trabalhava de casa e conseguia manter em ordem nossa casa e as crianças. Sim, crianças.
Tínhamos Carl de quatro anos, April de três e agora Joshua de três semanas.
Nos dois primeiros bebês consegui trabalhar mas quando engravidei de novo decidi parar, estava exausta em quase dez anos desde que tive o primeiro filho tive uma noite inteira de sono duas vezes.
Um dia antes de fazer o teste de gravidez para descobrir a vinda da nossa única menininha, April, consegui dormir sete horas e um dia antes de Joshua, nosso caçula, nascer dormi seis horas.
Então em dez anos só duas noites de sono não foram interrompidas, não importando se era dia de semana ou não, férias ou não e muito menos ligando se era feriado ou não.
Não estou reclamando, sendo sincera, talvez eu esteja. Não desmerecendo os meus filhos, que foram muito, muito desejados mas sim, a situação em que me encontrava.
Estava com os peitos enormes, explodindo de tanto leite. Estavam machucados e doendo pela alta demanda de sucção em um pouco intervalo de tempo.
Havia levado sete pontos, as quatroze horas em trabalho de parto não foram suficientes e levei de lembrança sete pontos no meio das pernas.
Minha barriga estava uma gelatina. E resumindo nada disso chegava perto do o quanto queria deitar e dormir por três dias seguidos.
Mas depois de todo esse tempo vocês devem estar se questionando: Como estamos? Como são os nossos filhos?
Não mudamos muita coisa. Billie e eu estamos praticamente iguais, apesar dela estar com os cabelos longos e cinzas.
Foram anos para conseguir ter essa cor de cabelo de volta. Mas ela conseguiu, os deixou crescer, cuidou muito deles e como prova demos uma infinidade de cremes para todos os tipos de cabelos na gaveta do banheiro, depois os descoloriu em etapas e finalmente os pintou de cinza, era um platinado. Seis anos para os ter como hoje, coloridos e batendo em sua cintura.
Os meus cabelos continuavam iguais, escuros e curtos. Estava igual apenas com alguns kilos a mais e peitos enormes.
Sério me sentia de outro mundo, não parecia comigo, por mais que sejam mudanças mínimas fazem diferença.
Sei que querem saber das crianças.
Nosso primogênito Carl, loiro dos olhos claros, é uma cópia da Billie. É a minha maior felicidade o ver se esconder de Eilish entre as minhas pernas quando brincam de pega-pega.
April, também nasceu exatamente igual a Billie mas com o passar do tempo os olhos foram escurecendo abrindo espaço para um azul esverdeado. Essa garotinha tem a risada mais gostosa que ouvi na vida.
Já Joshua não sabemos, era muito novinho, mas os cabelos eram escuros. Uma das qualidades que posso dizer dele é que mama, e mama muito. O que é muito bom assim ganha peso rápido.
Essas crianças correndo pela casa era o maior sonho da minha vida realizado.
Não me importava de dormir duas horas durante a noite e ter de acordar seis da manhã, por vontade própria, para fazer panquecas com mel de café da manhã.
É uma loucura alimentá-los, os dar banho e os colocar na cama no horário. Porém no final sempre ocorria tudo bem.
Muitas histórias já aconteceram e adoraria as compartilhar com vocês. Sejam bem-vindos aos Epílogos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
"A visa for Europe, please" • Billie Eilish
FanfictionMaya estava presa no aeroporto há exatas três horas para conseguir um visto e finalmente estar pronta para sua tão esperada viagem romântica à Europa. Nunca pensou, ou sequer imaginou, que desejaria tanto reviver esse momento - mesmo com as três ho...